
O casamento de Alberto e de Charlene sempre esteve envolto em muitos rumores e muita polémica. As suspeitas de que esta união não passou de um negócio para o regente do Mónaco ganha cada vez mais consistência. O príncipe tinha 53 anos quando casou com a nadadora sul-africana, no dia 2 de julho de 2011. Pendia sobre o filho de Grace Kelly e Rainier a pressão de dar ao Mónaco um herdeiro. Embora já fosse pai de uma rapariga, Jazmin Grace, e de um rapaz, Alexandre – frutos de relações nunca assumidas –, Alberto estava "obrigado" a resolver o problema da sucessão, através de um casamento católico, tal como mandam as regras do país. Eram-lhe exigidos filhos legítimos.
Charlene sabia, portanto, ao que ia. Mas aceitou casar com a ilusão de que conseguiria fazer com que Alberto se apaixonasse verdadeiramente por ela. Acreditava que iria transformar este contrato num autêntico conto de fadas. Percebeu cedo que não iria conseguir. O noivo, embora um cavalheiro, não era um homem apaixonado, dedicado e atencioso. Estava apenas interessado e seguir o que tinha sido previamente estabelecido na presença dos advogados: casar e dar um herdeiro ao Mónaco.
Quando se deu conta de que este casamento nunca seria uma história de amor, a antiga atleta olímpica ainda tentou fugir. Foi apanhada na véspera do casamento no aeroporto de Nice, em França. Ela, que personificou a imagem da noiva em fuga, deixou-se convencer a regressar e a subir ao altar. Ficam para sempre na memória as muitas lágrimas que derramou ao longo da cerimónia religiosa e enquanto trocava votos de felicidade eterna ao lado do homem que sabia não ser o príncipe encantado com que sonhara. Nesse dia, começou o seu verdadeiro calvário. O sorriso desapareceu e Charlene assumiu uma postura triste, apática e distante. Mesmo quando foi mãe – e cumpriu a sua parte do contrato – a princesa não recuperou a felicidade. Ali estavam aqueles dois bebés, Jacques e Gabriella, para a lembrar o seu tormento ao lado de Alberto.
A piorar toda a sua situação, ainda tinha que conviver com o facto do marido já ser pai de dois adolescentes, Jazmin Grace e Alexandre. Filhos que, para Charlene, são a prova viva das paixões passadas de Alberto. Mas recentemente houve uma notícia que a debilitou ainda mais a nível psicológico. Uma brasileira veio em 2020 afirmar que o príncipe é o pai da sua filha, nascida a 4 de julho de 2005. A mulher em causa, que não revela a sua identidade, garante que teve uma relação com Alberto em 2004, da qual meses depois nasceu uma filha e, por isso, solicitou num tribunal de Milão que ele se submeta a uma prova de ADN para esclarecer a paternidade. Se já não estava bem, Charlene ficou ainda pior. Mais deprimida, mais infeliz e mais apática.
Há um relato que revela bem o estado em que se encontrava a princesa. Uma fonte próxima da família Grimaldi contou ao site ‘The Daily Beast’ um almoço que aconteceu no Palais Princier, no Mónaco, e no qual esteve presente. Garante essa fonte que Charlene chorou baixinho ao longo de toda a refeição. "Alberto nem sequer percebeu que a sua mulher estava a chorar", disse a tal fonte. Foi "extremamente desconfortável", relatou. "Não conseguia entender porque Charlene simplesmente não se levantou e abandonou a mesa. Penso que que não o fez para que alguém reparasse na sua tristeza".
A VIDA DE GALÃ
De Alberto sabe-se que sempre foi um ‘bom-vivant’. A sua vida de solteiro está marcada por muitas paixões, muitos amores e muitas festas em que não faltavam mulheres bonitas e esculturais. Dava-se com a elite mundial e nunca teve de fazer contas ao dinheiro. Nasceu num berço de ouro. Já Charlene nada tem a ver com este mundo de luxo, riqueza e glamour. Nasceu no seio de uma família de classe média e tudo o que alcançou foi a pulso, à conta de muito trabalho e sacrifícios pessoais. Dedicou-se à natação e não descansou até tornar-se uma heroína nacional através das medalhas que conquistou com as cores da África do Sul.
O casamento com Alberto não lhe trouxe "mundo", pois a antiga atleta olímpica sentiu-se sempre deslocada nas festas que faziam parte da vida do marido. Nunca se sentiu bem-vinda ao Mónaco, como também percebeu que não era totalmente aceite pelos Grimaldi. Aquele não era o seu mundo. Ninguém fez um esforço para a integrar e ela também não se empenhou em pertencer a uma família e a um país que não lhe falavam ao coração. O Mónaco – apesar de todo o seu glamour e fausto – tornou-se demasiado claustrofóbico para Charlene que estava habituada a uma nação e a um continente de horizontes alargados. Onde gosta de viver em liberdade e sem a rigidez palaciana. Este foi talvez o grande ponto de rutura entre o casal. Os seus dois mundos não coincidiem e nenhum abdicou da bagagem que trazia. Alberto queria continuar a circular nas festas com o seu círculo de amigos. Charlene começou a optar pela solidão, a recolher-se em casa e a recusar a acompanhar o marido. Passaram a viver vidas separadas. A cumprir o acordo pré-nupcial e nada mais.
VIDAS PARALELAS: GRACE E CHARLENE
O seu estado depressivo "cola-se" assustadoramente ao martírio vivido por Grace Kelly, a sua sogra, nos primeiros anos do seu casamento: "Grace teve uma depressão terrível durante os primeiros anos de casamento, não muito diferente do que está a acontecer com Charlene", disse ao ‘New York Post’ o jornalista Joel Stratte-McClure, que durante anos cobriu os assuntos da realeza monegasca.
Quando se faz uma comparação da vida de Charlene no Mónaco com o que aconteceu há décadas com Grace Kelly, chega-se à conclusão de que as duas mulheres têm muito em comum, embora nunca se tivessem cruzado em vida. Ambas tiveram as suas carreiras, foram independentes e tinham a sua vida antes de se tornarem em figuras secundárias ao lado de príncipes reinantes.
Mas ao contrário da sogra, Charlene não consegue conquistar os súbditos monegascos. O facto de não dominar o francês na perfeição é algo que pesa contra si, mesmo tendo frequentado vários dos cursos intensivos no Institut de Français. A influência de Grace Kelly ainda é amplamente sentida no principado, já que o povo reconhece que foi a responsável por imprimir elegância e glamour ao território. Foi ela, a diva de Hollywood, que colocou o Mónaco no mapa mundial.
Mas se Grace Kelly foi infeliz, conseguiu esconder tudo isso do mundo. Já Charlene sempre fez questão de expor os seus problemas pessoais, a sua tristeza. Algo que também não é bem visto pelos monegascos, que preferiam vê-la a desempenhar o papel de princesa feliz. Mesmo que não fosse essa a verdade.