Leonor fez na passada sexta-feira, dia 12, a primeira visita oficial a Portugal. Uma viagem que representa a emancipação da filha mais velha de Felipe VI e de Letizia enquanto futura rainha de Espanha. A escolha do nosso país como destino da primeira viagem internacional a solo da princesa das Astúrias não foi à toa. Há um motivo óbvio para que a Casa Real tenha escolhido o nosso País para a primeira visita oficial ao estrangeiro da herdeira do trono: a forte ligação dos Borbón a Portugal.
Além da histórica convivência entre os dois povos ibéricos, a família real espanhola nutre um carinho especial pelo país que os acolheu no exílio, na sequência da deposição da monarquia espanhola e da ditadura de Franco. Não podemos esquecer que o avô de Felipe VI fixou residência no Estoril. Assim, Juan Carlos, o rei emérito, e avô de Leonor, passou parte da sua infância e adolescência com os pais, os Condes de Barcelona, na tão falada Villa Giralda. Viria a tornar-se amigo de várias personalidades portuguesas, como Francisco Pinto Balsemão ou o clã Espírito Santo e, ainda, os Pereira Coutinho.
O LOOK VERMELHO ESCOLHIDO POR LETIZIA
Explicadas as razões de Portugal ter sido o destino escolhido, vamos à viagem de apenas oito horas da princesa e a tudo o que não se viu nas transmissões televisivas. Aquela que um dia será rainha do país vizinho mostrou-se sempre muito segura apesar de ter apenas 18 anos de idade. Manteve sempre o seu sorriso e nunca perdeu o controlo da situação. Vestida de vermelho – cor que se associa a Espanha –, Leonor optou por um fato de calça e casaco da marca Carolina Herrera. A imagem que conseguiu transmitir foi o de uma mulher independente, confiante e muito compenetrada no seu papel de alta entidade do Estado. E já que falamos na roupa usada pela princesa chega-se ao primeiro reparo feito pelos analistas espanhóis ao look de Leonor. A maioria dos comentadores considera que foi Letizia que terá escolhido a roupa para a filha usar em Portugal. Fê-lo tendo em atenção o seu próprio estilo e não ao da filha e optando por um irrepreensível "uniforme de trabalho". Assim, não se correriam riscos desnecessários.
E se foi mesmo a rainha a responsável pelo visual da princesa das Astúrias, só podemos dizer que acertou. Só houve um pequeno pormenor que escapou aquando a escolha da cor. A faixa da Grã-Cruz da Ordem de Cristo com a qual o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa condecorou Leonor também era vermelha. Assim sendo, acabou por não se deixar ver bem. Esquecendo este pequeníssimo detalhe, a herdeira do trono espanhol apresentou-se elegante, mas sem desviar as atenções para o que tinha vestido. E assim é que deve ser!
ELOGIOS À PRINCESA Alta e com um rosto de uma beleza inquestionável, a jovem espanhola marcou muito pontos pela sua amabilidade nada forçada, pelo seu poder de comunicação e pela sua naturalidade com a qual conquistou todos com quem se cruzou desde a sua chegada a Lisboa até à mesa redonda que aconteceu no Oceanário e onde falou de microfone na mão e sem se socorrer de qualquer cábula. A agenda desta visita foi muito preenchida e a filha de Felipe VI andou de um lado para o outro sem nunca dar qualquer sinal de enfado ou cansaço.
Essa sua atitude mereceu rasgados elogios: "Tem um melhor domínio do que tinha Letizia nos seus primeiros atos. Anda muito bem (graças ao exército). Em nenhum momento olha para baixo (ponto extra). Desce bem as escadas (mais difícil do que parece e fá-lo muito bem) e dá um bom passou-bem: aperta bem a mão. Cumprimenta olhando nos olhos (bravo). Que Leonor tenha tanta serenidade e confiança (e disfarce bem os nervos) é algo que é de exaltar", palavras de Ana Polo, escritora e especialista em assuntos da realeza, no seu perfil na rede social X [antigo Twitter].
Ana Polo não deixou também de se debruçar sobre o comportamento da jovem princesa durante o brinde que se seguiu ao almoço oferecido pelo Presidente da República Portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa, no Palácio de Belém, em Lisboa. Essa terá sido certamente o maior desafio para Leonor que estava rodeada de homens [sim, eram muitos mais homens do que mulheres à mesa] muito mais velhos do que ela. Ainda assim, a futura rainha de Espanha trazia a "lição bem aprendida" desde casa e revelou, uma vez mais, estar à altura do que é exigido a alguém do seu estatuto. "Bom discurso, curto e direto" opinou a referida especialista. "Os brindes dos reis são sempre compridos. Fala em português no final (é melhor fazê-lo também no início, mas não é grave." Já Patrycia Centeno, assessora em estratégia estética política e cooperativa realçou um outro detalhe: "Sabe segurar num copo".
O DISCURSO AFETUOSO
Outro aspeto que foi destacado foi o afeto que Leonor imprimiu no seu curto discurso ao falar de Portugal: "Há 10 anos este querido país foi o primeiro destino dos meus pais como reis de Espanha, assim que não posso negar o quanto especial é também para mim estar aqui hoje", começou por dizer Leonor. Prosseguiu: "Eles, que aqui estiveram em tantas ocasiões, falaram-me com grande afeto, com saudade, das suas visitas a Portugal, do carinho que receberam nas ruas e como os fizeram sentir sempre em casa." Terminou: "Portugal e Espanha partilham uma vizinhança que vai muito mais além da simples proximidade geográfica; é uma vizinhança que abarca muitas dimensões e se se traduz numa amizade sincera e um respeito profundo e mútuo entre os nossos países."
La Princesa de Asturias, en el almuerzo ofrecido por el presidente de la República Portuguesa
— Casa de S.M. el Rey (@CasaReal) July 12, 2024
? Gracias por la hospitalidad y el inmenso cariño con los que me estáis recibiendo, aquí, en Lisboa, en Portugal, en mi primer viaje oficial al extranjero. pic.twitter.com/A0bMVMb5TY
E já que falamos de afetos não podemos deixar de falar de uma gaffe protocolar cometida por Marcelo Rebelo de Sousa. É verdade que o Presidente da República conhece bem a Família Real de Espanha. Tem inclusivamente laços de amizade para com ela. Conhece a princesa das Astúrias há longos anos, talvez tantos quantos ela tem de vida, mas, uma vez mais, Marcelo "esqueceu-se" que estava a receber uma alta individualidade do país vizinho. A familiaridade com que se relacionou com Leonor mereceu alguns reparos em Espanha. Parece que o Presidente levou demasiado a sério as palavras que a filha dos reis Felipe e Letizia escreveu no livro de honra: "Sinto-me como em casa."
AS GAFFES DE MARCELOMas o facto de se sentir em casa não pode ser razão para tanto contacto físico embora se perceba que pela juventude da princesa o presidente português assumisse um papel um tanto mais familiar. Sobre esta questão escreveu a revista ‘Mujer Hoy’: "Em todo o caso, há que recordar que Leonor viaja como uma alta autoridade do Estado a que se deve tratar com certa circunspeção. Propiciar tanto contacto físico com uma representante da Coroa não costuma ser norma e por isso surpreendeu."
Esta questão leva-nos a recordar o entusiasmo com que Marcelo Rebelo de Sousa cumprimento do Papa Francisco à sua chegada a Lisboa em agosto passado aquando a vinda do Santo Padre para as Jornadas da Juventude. A receção esfuziante do Presidente da República ao Sumo Pontífice acabou por gerar uma onda de críticas, já que Rebelo de Sousa abanou várias vezes os braços do Papa.
