
E, de repente, tudo mudou. O que se avizinhava uma vida a quatro anos deixou de ser o cenário e agora temos pela frente umas eleições antecipadas, com os candidatos a terem menos de dois meses para se reapresentarem aos portugueses. A memória ainda devia estar fresca da última campanha eleitoral, mas pelo sim pelo não há que recapitular a matéria e Pedro Nuno Santos como que já o começou a fazer, numa espécie de versão 2.0 em que se mostra mais humanizado.
E talvez o reparo público feito por Lili Caneças tenha feito com que o líder do PS pensasse que, se calhar, a socialite até podia ter um pouco de razão e que não era má ideia mostrar aquele lado que normalmente o candidato a Primeiro-Ministro só usa depois de despir o fato e passar a porta de casa.
"Eu não voto em partidos, voto em pessoas… este homem parece que está sempre a ralhar com toda a gente", comentou a socialite na publicação da RTP1, em que era anunciada uma entrevista com o líder socialista. O que Lili provavelmente não esperava é que Pedro Nuno Santos reagisse ao polémico comentário, e precisamente de uma forma oposta àquilo que esta o criticava, de forma humorada. "Se a Lili me conhecesse, ia constatar que sou bem disposto, simpático e bom rapaz”, disse.
Se foi coincidência ou não, certo é que depois disso, Pedro Nuno Santos passou a mostrar um outro lado, mais privado, entendendo que, no fundo, este também o aproxima das pessoas e o torna mais humano aos olhos dos outros.
Por ocasião do Dia do Pai, por exemplo, o político abriu uma exceção para falar do amor que sente pelo único filho, Sebastião, tendo partilhado uma fotografia rara de afeto com a criança no Instagram. "Pai…nada importa mais na nossa vida que ser pai. É a maior responsabilidade que tenho, a mais desafiante, mas também a mais gratificante. Um dia feliz a todos os pais que trabalham e lutam todos os dias para dar uma vida melhor aos seus filhos. Um beijo especial ao meu, por estar sempre ao meu lado e pelo exemplo que é", escreveu.
As palavras sentidas e as imagens que espelhavam a total cumplicidade entre pai e filho acabariam por gerar múltiplas de reações de ternura nas redes sociais, onde, no mesmo dia, o político surpreenderia ainda por outro motivo, ao partilhar uma declaração de amor da companheira, Catarina Gamboa.
Sempre reservado no que diz respeito à união com a mulher - que também teve uma carreira política, que suspendeu para não gerar situações de incompatibilidade - Pedro Nuno Santos não resistiu em divulgar uma mensagem especial que Catarina lhe dedicou no Dia do Pai. "Todos os pais são normais e extraordinários ao mesmo tempo. Este é o nosso. Feliz Dia do Pai", escreveu, numa mensagem que demonstra o orgulho que sente no companheiro.
NOVA VIDA POR AMOR
Apesar de tentar resguardar ao máximo a sua esfera mais íntima, é inevitável que o cargo que Pedro Nuno Santos ocupa tenha repercussões fortes no seu círculo de pessoas mais próximas. Por exemplo, quando, no ano passado, o político formalizou a sua candidatura às Legislativas, o assunto teve também de ser debatido em família pelo impacto direto que teria na vida da mulher. Até então, chefe do gabinete do Ministro do Ambiente e da Ação Climática, Ana Catarina Gamboa acabaria por abandonar o cargo público para não gerar situações de conflitos de interesses, sendo que desde então que a sua página de Linkedin não sofreu qualquer atualização, o que sugere que a companheira de Nuno Santos ainda não retomou as rédeas da sua vida profissional.
"Foi na política que a conheci. Nós tentamos separar [a vida familiar do trabalho], nós queremos o sucesso um do outro", afirmou aquando da sua candidatura para explicar que a companheira se prepara para fazer um "sacrifício".
Na verdade, Ana Catarina Gamboa já tinha consciência, há muito, das implicações que o cargo do marido poderiam ter na sua vida profissional. Em 2019, por exemplo, o então Ministro das Infraestruturas viu a idoneidade da companheira questionada, quando esta foi nomeada nova chefe de gabinete da secretaria de Estado dos Assuntos Parlamentares – o anterior cargo do atual ministro, lugar que tinha sido ocupado por Duarte Cordeiro.
Perante as questões que surgiram, o político acabaria por fazer um longo esclarecimento nas redes sociais, em que lamentava que o profissionalismo de Ana Catarina Gamboa, de 42 anos, tivesse sido posto em causa, apenas pelo facto de ser sua mulher. "A Catarina, que é a minha mulher e a mãe do meu filho Sebastião é, também, a Catarina Gamboa: excelente profissional, pessoa de enorme competência e confiança", escreveu Pedro Nuno Santos.
"O povo tem o direito de questionar e de querer garantir que os cargos de poder político não são usados para que alguns se sirvam a si e às suas famílias. E é obrigação dos políticos não apenas garantir que essa situação não tem lugar, mas também responder, com verdade, às dúvidas e perplexidades que possam surgir", afirmou, acrescentando ter o dever de esclarecer o assunto, tanto para o povo português como pelo bom nome da família. "Para com o povo português mas também por respeito ao Duarte e, sobretudo, à Catarina, que não merece ser menorizada no seu percurso profissional – que nada deve a mim – apenas por ser minha mulher."
Apesar das polémicas, Pedro Nuno Santos e a mulher, que se conheceram nos meandros políticos, habituaram-se a manter a vida privada numa espécie de redoma para evitar que a exposição pública beliscasse aquilo que construíram a título pessoal.
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