
No meio do caos político que se instalou, há alguns rostos que têm conquistado cada vez mais destaque na Assembleia da República, assumindo-se como vozes ativas e de contestação no momento atual. E na Oposição, há uma presença que há muito se transformou no porto seguro de Pedro Nuno Santos, uma espécie de sombra ou braço-direito, que assume um lugar-chave no Parlamento: Alexandra Leitão.
Apesar da crescente visibilidade, há muito que o nome da líder Parlamentar do PS se tornou conhecido no mundo da política, pelo qual se interessou cedo, tendo-se inscrito ainda na universidade como militante do PS. Alexandra tirava, então, Direito e, interessada pelos estudos, rapidamente conquistaria Marcelo Rebelo de Sousa, seu professor, que cedo adivinhou o furacão que escondia por detrás da aluna "certinha, direitinha", até um pouco marrona, como os colegas a apelidavam à época. "Jornada académica com sucesso. Mais uma professora virada para o futuro: Alexandra Leitão. Vai ouvir-se falar dela, em vários tablados, universitários e institucionais", escreveu Marcelo quando Alexandra conquistou um lugar de docente na Universidade de Direito.
Ainda na faculdade, conheceria o marido, João Miranda, filho do constitucionalista Jorge Miranda, com quem teve duas filhas, atualmente já maiores de idade, que foram educadas no Colégio Alemão, com Alexandra a justificar a escolha pelo facto de ser uma escola "com prestígio internacional".
Seria, aliás, através do marido que conheceria Tiago Brandão Rodrigues, o ministro da Educação, que viria a ter um papel importante na sua ascensão política, onde Alexandra é vista como um 'animal de palco'. Com uma capacidade de argumentação acima da média, não vira a cara a um desafio, mesmo que confundam esse combativismo com "cólera" ou "impulsividade", sendo tantas vezes descrita como "fria ou calculista". “É uma pessoa de causas, simpática, afável e combativa e que não é de se deixar intimidar ou afrouxar”, disse ao 'Expresso' o ex-colega e amigo Nuno Cunha Rodrigues, destacando a sua transparência como uma qualidade, que rapidamente se pode transformar num defeito no cenário político.
A VIDA OCUPADA DE UMA NOTÍVAGA
Hoje, Alexandra não tem mãos a medir com tanto trabalho. Entre o Parlamento, as aulas que continua a dar na Universidade e o seu projeto como candidata à Câmara de Lisboa, a socialista, sportinguista de coração, assume que é das que leva trabalho para casa, e de que maneira.
Depois do momento sagrado que é o jantar em família, a líder Parlamentar do PS já se senta no sofá com o portátil no colo e ainda despacha mais umas quantas horas de trabalho, até porque o sono não é coisa que chegue cedo. “Ponho o computador no colo e tac, tac, tac, trabalho até à 1h sempre a ver televisão, noticiários por exemplo. O meu serão é destinado a despachar no mínimo 150, 200 e tal emails que entram diariamente. Pedidos de audiência, correio do cidadão (a que respondo sempre, quando não são insultos", explicou à 'Sábado', acrescentando que só pelas três da manhã é que vai para a cama, um hábito conhecido de vários colegas e que faz com que lhe enviem mensagens tardias para colocar as ideias de trabalho em dia, ainda que a altas horas.
"Eu deito-me tarde, muito tarde. Vou-me deitar às duas, três... Depende. E depois, se puder, se eu puder só acordar pelas oito e meia, nove, já é ótimo. Se dormir menos do que cinco horas, fico rabugenta. Eu sou uma pessoa notívaga. Portanto, tenho várias pessoas que já me conhecem bem e que facilmente me mandam mensagens à 1h e às 2h da manhã – e eu estou-lhes a responder a essas horas", referiu na mesma reportagem a mulher, de 51 anos, que se dedica de corpo de alma à política, onde se tornou na grande defensora e pessoa da confiança de Pedro Nuno Santos. Depois de no passado ter dito não a um convite do Governo de António Costa, foi ao lado do candidato a primeiro-ministro que conseguiria um casamento político de sucesso.
Apesar de habituada às luzes da ribalta, ao comentário político e às televisões, Alexandra não se deixa seduzir pelos brilhos da fama e desde sempre fez questão de não alterar a sua imagem. Avessa à maquilhagem, não gosta de se sentir outra pessoa e, por isso, prefere assumir o seu eu natural. "Eu sou assim. Eu não quero ser um boneco", afirmou numa das primeiras vezes em que foi à televisão e aconselhada a arranjar o cabelo.