
A princesa Leonor está cada vez mais distante da vida discreta que os seus pais sempre fizeram questão de proteger. A filha mais velha do rei Felipe VI e da rainha Letizia vai fazer 18 anos no próximo mês, está a viver longe do palácio há mais de dois anos e não deve regressar tão cedo ao local onde cresceu longe dos olhos de todos. Agora cada um dos seus passos em Saragoça é seguido pelos espanhóis.
Ao contrário do que aconteceu com o seu pai, cujas manias e gostos eram descritos por todos os que o rodeavam, pouco se sabe sobre a futura rainha de Espanha. "Através dos seus professores, colegas da escola e do seu tutor, o militar Alcina, soubemos que aos 5 anos [Felipe] tocava flauta, quando lhe perguntavam qual era a disciplina que mais gostava ele respondia 'sesta', adorava atuar e participou de várias comédias teatrais, soubemos das suas vacinas, das constipações, das faringites, do seu grupo sanguíneo – A positivo –, da lesão que sofreu no dedo mindinho com uma porta e do corte no queixo por causa do skate", comentou num artigo antigo a especialista na casa real espanhol Pilar Eyre.
Os últimos meses foram os mais reveladores sobre a vida de Leonor. A princesa das Astúrias regressou em maio a Espanha, depois de ter passado quase dois anos num dos colégios mais conhecidos por formar líderes mundiais, o UWC Atlantic, no País de Gales. A irmã, Sofia, de 16 anos, seguiu os seus passos e ingressou há alguns dias no mesmo estabelecimento. Já em Madrid, Leonor voltou a ficar escondida no palácio onde supostamente teve várias aulas de preparação física para a vida militar com um personal trainer. Seguiam-se aulas de inglês e de etiqueta, noticiou o site 'El Nacional'.
No início de agosto, a família real espanhola rumou a Palma de Maiorca para as tradicionais férias de verão e no final do mês a futura rainha começou a mudança de vida radical ao ingressar na academia militar.
Pelo meio, vários aspetos da vida da princesa foram mantidos em segredo. Não se sabe como foi o aproveitamento escolar de Leonor no País de Gales, nem quais foram as áreas de maior interesse. A adolescente de 17 anos supostamente teve um namorado no colégio, embora a informação nunca tenha sido confirmada.
Trata-se de um ex-colega brasileiro chamado Gabriel, de 18 anos. De acordo com a revista alemã 'Bunte', o rapaz é filho de uma "bem-sucedida" publicitária brasileira e de um banqueiro que trabalha no 'Deutsche Bank', doutor em Filosofia, formado numa universidade de elite dos Estados Unidos.
Gabriel cresceu em Nova Iorque, não muito longe da famosa Wall Street, tendo estudado num colégio em Brooklyn com filhos de famosos norte-americanos. Os pais do jovem continuam a viver nos EUA mas decidiram inscrever o filho no colégio do País de Gales, onde Gabriel e Leonor conheceram-se. Na escola, jogava futebol e lacrosse, fala português, inglês e um pouco de alemão.
O gosto por línguas é uma das raras características de Leonor que acabou por ser revelada ao público nos seus discursos. A filha de Felipe e Letizia fala inglês e francês fluentemente e tem noções de chinês e árabe, estas últimas línguas a princesa escolheu aprender quando ainda estava no Colégio Nuestra Señora de los Rosales, em Madrid, disse o 'El Pais'.
A VIDA NA ACADEMIA MILITAR
A futura rainha, e futura chefe das Forças Armadas de Espanha, iniciou uma formação de três anos na academia militar da Saragoça este mês. Até 7 de outubro a princesa está numa fase de "acolhimento, orientação e adaptação à vida militar". Naquela data será realizada a cerimónia de juramento do bandeira e depois inicia-se o treino militar.
A vida da princesa passa então por mudanças radicais. Até o rei Felipe VI admitiu em declarações à imprensa que "os primeiros dias serão duros".
Os dias na academia começam às 6h30 da manhã ao som da campainha. Em seguida, a princesa tem cerca de 15 minutos para tomar duche e arranjar-se com o uniforme, e arranjar a cama.
"A primeira semana é stressante, depois habituamo-nos e há tempo para tudo. Uma coisa que se aprende é a vestirmo-nos rapidamente. Não se pode deixar a gravata com o nó feito na noite anterior e também não se pode deixar o uniforme ou a camisa abotoados. Os brigadeiros passam e se vêem isso obrigam-te a desfazer a gravata e refazer o nó 20 vezes ou mais. Fazem o mesmo com o resto do uniforme. É uma forma de os cadetes terem clareza sobre a importância da disciplina", contou uma ex-aluna à 'Vanitatis'.
A princesa Leonor também está a ter as instruções básicas para aprender a desfilar, controlar horários, identificar as diferentes posições - de capitão, comandante, tenente-coronel.
Na academia, Leonor tem como tutora Margarita Pardo de Santayana, conhecida por ter sido a primeira mulher a assumir a chefia de um batalhão da força aeromóvel do exército. Margarita é filha e irmã de militares. Também tem uma forte relação com a religião, é casada e mãe de cinco filhos. Atualmente é a única mulher na sala militar do rei, contou o 'La Razon'.
Não se sabe como é o quarto em que Leonor está instalada, mas outros antigos cadetes revelaram que as acomodações podem ter até 12 pessoas. A princesa também está sujeita às regras de aparência pessoal, em que não pode ter nada que chame atenção. Os cabelos devem estar presos com rabo de cavalo ou trança, os brincos não podem sair dos lóbulos das orelhas, a maquilhagem, se usada, tem de ser discreta, assim como o verniz das unhas.
A princesa e os seus colegas têm dias de folgas, que aproveitam para passear por Saragoça. Na primeira saída da academia, Leonor e outras 25 pessoas foram ao bar El Tuno, no centro da cidade, onde ficaram por cerca de uma hora. "Foi uma honra" e "um orgulho" ter atendido a dama cadete Borbón na sua primeira saída pela cidade de Saragoça, disse o dono do estabelecimento à imprensa local, citada pelo 'El Mundo'. "Ela foi muito agradável e foi mais uma do grupo. Acho que alguns clientes tiraram fotos deles, embora ela estivesse acompanhada por dois agentes". Em outro passeio pela cidade, a princesa foi vista a comprar material escolar.
Nos anos em que estiver na academia, Leonor não vai receber o ordenado de 400 euros mensais previstos no orçamento da Defesa.