Ainda no hospital, José Manel Anes quebra o silêncio após a filha o ter tentado assassinar
O criminologista falou pela primeira vez desde que foi esfaqueado pela própria filha, Ana Anes.José Manuel Anes, o conhecido criminologista e professor universitário que foi esfaqueado pela filha na passada segunda-feira, quebrou o silêncio desde a tentativa de homicídio.
"Muito obrigado pelas vossas mensagens amigas. Ainda no hospital, mas a recuperar. Um grande abraço a todos", escreveu na sua conta de Facebook.
Recorde-se que José Manuel Anes foi esfaqueado por Ana Anes várias vezes no abdómen, mãos e pernas em casa, tentando ainda cegá-lo com os dedos, na casa de uma amiga do criminologista na zona de Arroios, ao início da tarde de segunda-feira dia 20.
A agressora fugiu após o sucedido e acabou detida pela Polícia Judiciária, já ao final da noite de segunda-feira. Horas depois da agressão ao pai, Ana Anes admitiu o ataque na página do Instagram. "Acho que deixei o meu pai sem olhos, mas devem ouvir dizer que ele morreu pacificamente", escreveu, convencida que o tinha matado.
Os detalhes sórdidos do crime seriam revelados mais tarde: Ana tocou à porta e o pai abriu, pensando tratar-se da entrega de uma encomenda. Foi desde logo atirado ao chão pela filha, que a seguir o agrediu com vários murros pelo corpo todo. Depois, com uma faca, atingiu-o na cabeça, pernas, mãos e abdómen, até que, por fim, lhe pressionou os dois olhos com os dedos, deixando-o sem ver. Felizmente, Ana pensou que vinha alguém e fugiu, mas o idoso acabou por ficar sozinho, gravemente ferido, durante duas horas.
A doença mental como atenuante do crime está em cima da mesa. Tanto é, que a mulher foi transferida da prisão de Tires – onde terá afirmado estar "arrependida" – para o Hospital-Prisão de Caxias onde está a receber acompanhamento psiquiátrico, em prisão preventiva.
O motivo do crime ainda não é claro, mas a sexóloga e escritora estava desempregada e, sem meios de subsistência, queria que o pai pusesse uma casa na Costa de Caparica em seu nome para a poder vender e arrecadar o dinheiro. Apesar de não ceder neste assunto e desta relação profundamente problemática – da qual já se teria queixado a amigos – José Manuel Anes fazia questão de dar uma mesada à filha.