Esquecido pelos diretores de TV e produtores, Luís Mascarenhas não poupa nas críticas ao "amiguismo" e à "malta da moda"
Foi Serafim em 'Pôr do Sol' mas o ator tem estado afastado dos ecrãs. Diz que a culpa é de não pertencer a grupo nenhum e aponta que os "elencos são sempre os mesmos".
Luís Mascarenhas foi um dos protagonistas de 'Pôr do Sol', a série de culto da RTP. Vestiu a pele de Serafim na comédia, uma sátira às telenovelas que conquistou as preferências dos portugueses. No entanto, o ator de 75 anos de idade guarda algumas mágoas.
Afastado da ficção nacional, não poupa críticas aos "grupos" e a "malta da moda" a quem acusa de afastar muitos atores do trabalho. "É só olhar para os elencos e são sempre os mesmos", aponta em entrevista à TV Guia.
Esquecido pelos diretores das estações e pelos produtores, Luís Mascarenhas garante que não é graxista nem faz parte de nenhum lobby e isso não é bom para arranjar trabalho. "Não sou de grupo nenhum. Não sou do Benfica nem do Sporting. Não sou LGBT. Não sou da Maçonaria. Não sou da droga. Não sou de um monte de mer*** que andam por aí", atira, apontando ainda para um outro setor ainda mais poderoso: "O grupo dos amigos do peito. É só olhares para os elencos e são sempre os mesmos. Os amigos não podemos escolher sozinhos. Tem de ser recíproco."
Mas não são apenas os grupos que exercem pressão para manter o 'status quo', impedindo acesso de outros atores à produção nacional de ficção, que são os responsáveis. Luís Mascarenhas aponta uma outra razão. "Estamos todos metidos em prateleiras: este é bom para fazer de médico e advogado. Aquele para polícia ou taxista. Vive-se da imagem. Isto para um ator também é castrante", lamenta na mesma publicação.
A escolha de Steven Spielberg e a "malta da moda" como Rui Unas ou Nuno Markl
Luís Mascarenhas deu voz a várias produções internacionais dobradas em português. Foi ele a voz do Capitão Haddock, no filme 'Tintin: O Segredo do Licorne', escolhido pelo próprio Spielberg. Mas não perdoa que também aqui haja celebridades do momento que tomam o lugar de talentos com provas dadas. "Lá fora, os 'talent voices' metem gente a fazer dobragens e uns têm jeito e os outros não. Cá até já tiveste o Paulo Futre a fazer dobragens. É um nome... Quando dobrei a voz do Capitão Haddock [do filme 'Tintin'] não queriam que fosse eu. Mas o Steven Spielberg, que nem me conhece, disse que eu era uma das vozes que ele queria. E depois havia dois gajos, que são uns craques nas dobragens, o José Jorge Duarte e o Buda [Rui Paulo], que foram trocados pelo Rui Unas e pelo Nuno Markl, a malta da moda. É a malta que nas redes sociais publica tudo, até quando veste umas cuecas azuis. Os tipos da PIDE hoje em dia estavam tramados, estavam todos desempregados", atira à publicação.
Para ler a entrevista na íntegra na edição desta semana da TV Guia, já nas bancas, ou aqui.