Finalmente! Goucha diz tudo o que pensa sobre Cristina Ferreira
Apresentador desfaz todos os tabus à volta da relação que tem há duas décadas com a colega, numa grande entrevista de vida à 'TV Guia'. E há muitas surpresas!
Numa grande entrevista de vida à 'TV Guia', revista que está a comemorar o seu 45.º aniversário, Manuel Luís Goucha, de 69 anos de idade, abre o coração, finalmente, para dizer o que pensa sobre Cristina Ferreira, uma parceira e amiga na TVI há muito. "Ajudei a desabrochá-la" ou "se não fosse eu a apanhá-la, ela chegaria onde chegou, pois é ambiciosa". Ora, leia um excerto da conversa do apresentador da TVI à revista desta semana.
Foi o Manuel que fez de Cristina uma estrela ou foi ela que o ressuscitou?
As duas coisas. A matéria-prima está lá, desde sempre: a Cristina tem a vontade de fazer TV de forma diferente, em vestir os temas que já foram repetidos vezes sem conta. Trabalhámos em dupla pela primeira vez... Eu não estava morto, mas possivelmente estava mais velho do que sou hoje. Rejuvenesci e desconstruí-me com ela. E eu estimulei a Cristina, ajudei a desabrochá-la.
A ascensão foi brutal.
A fórmula resultou porque era a saloia, e sem sentido pejorativo, a rapariga que vem de um meio mais humilde, da Malveira, cheia de sonhos e de vontade de vencer, e que depois vai comer as papas na cabeça de um homem que tinha a mania que era elegante e chique.
Se não fosse o Manuel a apanhá-la...
[Volta a interromper] Chegaria onde chegou. É ambiciosa. E a ambição não tem nada de negativo, desde que não se atropele ninguém. Na [Universidade] Independente, onde dei aulas, ela disse-me: ‘Um dia, vou trabalhar consigo’. E assim foi, dois anos depois. Passados uns quatro anos, diz-me, num pequeno-almoço, no bar da TVI: ‘Um dia, vou mandar nesta casa’. Hoje é diretora.
Como é que vê o seu percurso?
É um percurso notável, de alguém que nunca perdeu o foco, que sabe o que quer fazer, que tem objetivos bem definidos e que os tem cumprido.
Ela perdeu ou não perdeu parte do seu público, entretanto?
Perdeu, no regresso à TVI, mas está a reconquistá-lo.
E porque perdeu?
Perdeu naturalmente... Qual é o segredo do sucesso avassalador da Cristina? Quando aparece ao meu lado, no Você na TV!, e abraça um largo mercado, que não se via representado em apresentadoras como Catarina Furtado ou Bárbara Guimarães, que são elegância e das classes A e B. São outros produtos perfeitos, notáveis. Ela, divertida, passou a ser a menina do povo, a neta das avós. Fizemos coisas impensáveis [risos]. Pusemos uma plateia a ver um vídeo pornográfico...
Quando Cristina vai para a SIC, a estação passou a ser líder de audiências.
Logo no primeiro dia. E eu estive quatro meses sozinho... Disse ao então diretor de Programas da TVI, Bruno Santos: "Cuidado, isto vai mudar tudo."
E ele?
Estava confiante que não, mas o povo foi com ela. Nunca mais ganhámos.
É verdade. Mas ela regressa à TVI e a popularidade cai a pique.
As pessoas não entenderam.
E quando foi para a SIC, entenderam?
Quando ela vai para a SIC, disse que não se sentia tão valorizada na TVI e as pessoas entenderam a mudança: não estava bem, procurou melhor. Já o regresso, com um contrato por cumprir e numa perspetiva de acionista, dona, as pessoas não entenderam.
A postura de Cristina não mudou? Mudou, é natural. Sempre foi uma poderosa apresentadora e no regresso, entrando como diretora e acionista, talvez não se tenha posicionado da melhor maneira, como fez passar a sua mensagem.
Dê-me um exemplo.
Dou. Quando foi entrevistada no 'Jornal das 8', o Pedro Pinto perguntou-lhe quando é que começava o 'Dia da Cristina' e ela respondeu: "Começa quando a Cristina quiser." Este tipo de posicionamento terá causado estranheza no público que lhe era fiel.
Você disse-lhe isso, na cara?
Então, não lhe disse num programa, em direto? Foi das conversas mais difíceis que tive com alguém. Mas, repare, eu não sei se ela devia ter dito o que disse. Disse, está dito. É o percurso dela, o caminho dela, as atitudes dela. Isto é a minha visão, de fora, de amigo. Tivemos uma conversa franca no meu programa, como você sabe, dois dias depois do primeiro 'Cristina Talks'. Entendi que havia questões a colocar, justamente sobre a sua postura, sobre a sua corte, por exemplo, da qual não faço parte.
A corte de Cristina faz-lhe frente?
Perguntei-lhe isso: "As pessoas que te rodeiam dizem-te quando estás errada? Dizem-te ‘não vás por aqui, vai por ali?’" A conversa foi tão franca e surpreendente, que houve quem achasse que foi combinada. Não estava. Eu sabia que, como amigo, podia colocar essas questões e que ela estaria à altura das respostas. A Cristina não se atrapalha. Aquela conversa de uma hora refletiu o que eu pensava, como amigo. Um amigo chama o outro à razão.
O Manel está sempre a falar de "amigo", mas não têm relação fora da TVI, certo?
Mas é preciso? Sou amigo da Cristina. Trocamos mensagens e falamos por telefone. E acho que ela é minha amiga.
Acha?
Porque não coloco essas questões assim.
Você, que mede bem as palavras, diz "acho" e não diz "tenho a certeza"...
Meço... Não, porque posso gostar muito de uma pessoa e ela não gostar tanto assim de mim. Posso não gostar de uma pessoa e ela gostar de mim.
O Manel gosta mais da Cristina do que a Cristina gosta do Manel?
Como medir isso? Temos muitas declarações de amor que fazemos um ao outro, através dos nossos canais de conversação. Ela manda-me frases bonitas, escreve bem, e mando-lhe também frases bonitas. Adoro a Cristina, porque a minha memória tem passado.
É mais cumplicidade do que amizade?
Não, no meu caso é amizade. E é amizade porque, se a Cristina estiver aflita e precisar, estou lá. De certeza absoluta.
É capaz de lhe contar um segredo?
A Cristina sabe coisas da minha vida que nem o Rui [Oliveira, o marido] saberá. Ela diz que me conhece melhor do que a minha mãe. Não estou incomodado se a Cristina é minha amiga como sou dela, porque gosto de sentir aquilo que sinto por ela, sobretudo admiração. É preciso ir a sua casa? Não.