
A ex-cantora dos Silence 4, Sofia Lisboa, venceu a leucemia mas a alegria da vitória sobre a doença acabou quando descobriu as burocracias do Estado, que lhe impede de receber os direitos das músicas que gravou antes do diagnóstico da doença com a banda de David Fonseca.
A cantora esteve esta sexta-feira na emissão especial da manhã da Renascença no IPO de Lisboa, onde denunciou a falta de oportunidades dadas às pessoas que conseguem vencer a doença.
Quando os tratamentos são tão longos que os pacientes são obrigados a ter a reforma por invalidez, como no caso da cantora, as pessoas ficam "condenadas a uma reforma totalmente castradora", argumenta. "Nem sequer os direitos dos discos dos Silence 4 posso receber. É totalmente absurdo. É uma coisa que fiz no passado, antes da doença – não é uma prestação de serviço".
"Não é pelo dinheiro. Eu estive no IPO e o dinheiro numa cama de hospital não serve de nada", diz, acreditando que é pioneira: "Devo ser o primeiro caso em Portugal em que um artista fica reformado por invalidez total tão cedo".
Sofia Lisboa recebeu o diagnóstico da leucemia linfoblástica aguda em 2010, quando trabalhava como professora de 'fitness' e estava grávida de 14 semanas. Foi obrigada a interromper a gravidez e sujeita a tratamentos dolorosos.
Quatro anos depois, revelou no livro 'Nunca desistas de viver' que a medicação pós-transplante de medula mudou completamente o seu corpo: ganhou 27 quilos e o corpo cobriu-se de pêlos, ficando "irreconhecível".
Atualmente, com 41 anos, a artista considera-se uma "ativista", a defender uma mudança na legislação para pacientes como ela.