A escritora Isabela Figueiredo, vencedora do Prémio Urbano Tavares Rodrigues, não poupa críticas ao programa 'O Preço Certo'apresentado por Fernando Mendes na RTP1. O concurso que está no ar há mas de duas décadas é alvo de uma análise demolidora num artigo de opinião publicado no semanário 'Expresso' assinado pela referida escritora.
Nesta crónica, Isabela Figueiredo começa por revelar que a cada final da tarde gosta de se sentar no sofá com o computador mas com a televisão ligada. Só que tira o som: "Vejo, mas nada ouço. Não aguento o chinfrim. Suporto o “Preço Certo” há mais de 20 anos. Sempre foi mau. Salva-se a autenticidade do público. Portugueses reais. Parecem os familiares da terrinha, que visitamos no Natal. Gente boa que mata o seu porco quando chega a altura correta do ano", escreve a escritora.
Prossegue dizendo que se pergunta "diariamente e sem sucesso sobre a função didática do programa". E acrescenta: "'O Preço Certo' já não se justifica. Parou no tempo. O valor cultural é nulo. Para que estamos a financiar a nulidade com os nossos impostos? Refiro-me ao principal canal público, mas poderia avançar pelos restantes. A televisão tem falta de qualidade, regra geral."
Mas estas críticas acabaram por não "cair em saco roto" e a polémica está isntalada nas redes sociais. A psicóloga Joana Amaral Dias não hesitou catalogar a postura de Isabela Figueiredo como “snobismo triste de quem acha que o povo é uma coisa menor”. Pedro Chagas Freitas, por sua vez, lembrou que "não somos todos uma coisa só”. “É possível pensar e rir, chorar e dançar, ler Dostoiévski e ver o ‘Preço Certo'” realçou o escritor.
Também a cantora Né Ladeiras entrou na polémica criticando Isabela Figueiredo e alertando para o facto das suas palavras espelharem o “mal-estar de uma elite que olha o povo com uma mistura de ternura e vergonha”.