Luís Osório, escritor e jornalista, dedicou um dos seus habituais 'Postal do Dia', crónica que faz para a Antena 1, a Fernando Mendes. O ator que se transformou em apresentador para conduzir um dos maiores e longos sucessos televisivos, o concurso da RTP1 'O Preço Certo'.
"Sei que há quem acredite que não é serviço público o que faz, que os nossos impostos não deviam servir para lhe pagar o ordenado", começa por escrever Luís Osório para prosseguir: "Fernando Mendes completou 42 anos de carreira e merece todos os aplausos e homenagens. Na RTP continua a ser campeão de audiências. Continua popular e quando o povo o abraça, abraça genuinamente."
Assume, de seguida, o escritor: "Não o conheço pessoalmente. Nunca com ele troquei uma única palavra. Mas de todas as figuras populares é a que me parece mais genuína, mais próxima das pessoas, mais descomplexada no modo como se expõe, como fala com o seu público, como os abraça e vive com e para eles", analisa Osório.
"Sempre que passo no 'O Preço Certo' deixo-me ficar um pouco. Faço-o por respeito ao que é e representa para tanta gente e há tantos anos. Gente humilde que ali é tratada sem artificialismos, paternalismos ou outros 'ismos' que são regra no jogo da comunicação. Isso acontece porque Fernando Mendes não mostra perante as câmaras o que não é, não tenta representar – ou pelo menos não o aparenta", continua a escrever o jornalista.
Luís Osório considera que Fernando Mendes se "coloca naturalmente ao mesmo nível das pessoas, tem curiosidade sobre elas, não as goza, brinca com o que são da mesma maneira que brinca consigo próprio, um entre iguais, um primo de todos, um primo de visita". E não tem dúvidas em afirmar: "Fernando Mendes é uma grande figura popular, talvez a maior."
"Curiosamente, ao contrário de tantos que não tiveram metade da sua importância, só agora foi condecorado [em março passado] – louve-se Marcelo por ter percebido que ele abraça todos os dias há 42 anos os portugueses que menos abraços tiveram ao longo da vida, os mais humildes entre os humildes, os das aldeias mais recônditas, os que o celebram, o abraçam e lhe perguntam ou respondem como se Fernando Mendes fosse da família", opina o jornalista.
Este 'Postal do Dia' termina assim: "Porque ele é da família. Sem caganças. Sem querer ser o que não é. Sem se colocar em bicos dos pés. Sem complexos por ser gordo, mesmo quando fica magro, ou por não o reconhecerem e tratarem com o respeito que oferecem a outros com metade das suas audiências. Fernando Mendes é um bocadinho de Portugal. E não me parece que deixe ninguém para trás. E isso é muito bonito."