
Pedro Teixeira já relatou na primeira pessoa a sua viagem de carrinha em missão humanitária até à Polónia para ajudar os ucranianos, cujo país continua a ser invadido pelas forças russas.
O ator de 41 anos começou por afirmar, em declarações à CNN Portugal: "A minha ideia de ajudar nasceu a partir do momento em que somos sujeitos a estas notícias da guerra e todos os dias vemos crianças com mães no frio, só quem não tem o coração no sitio certo e quem não olha para aquelas coisas e não se comove a ver aquelas coisas."
"Estive uns dias sem trabalhar, felizmente tenho possibilidades, conheço várias pessoas que me ajudaram rapidamente a recolher medicamentos, roupas, comida de criança, tudo o que achava pelo menos que era necessário levar. E juntamente com um amigo meu fizemo-nos à estrada e fizemos o que qualquer um faria, na minha opinião. Tenho noção de que sou um privilegiado. Felizmente, tenho a capacidade e tive a capacidade de quase de um dia para o outro, encher uma carrinha grande de medicamentos. Porque estar em casa e ver as coisas a acontecer e não fazermos algo que fazia todo o sentido… Eu estava com um amigo meu em casa e vimos que Kiev é aqui ao lado, não são 20 mil quilómetros, são 30 horas de viagem, não é nada para nós. E foi isso que nos levou de um dia para o outro a reunirmo-nos e a seguir viagem", continuou.
"Toda esta onda de solidariedade que foi gerada cá. Aquelas mães que vemos com crianças ao colo com temperaturas negativas… podia ser a minha namorada, podiam ser os meus filhos. E isso é algo que nos comove e automaticamente nos dá uma energia extra para ajudarmos", acrescentou.
O também apresentador não deixou de apontar o dedo ao Governo, por considerar que este processo deveria estar a ser conduzido de outra forma: "O Governo facilitou imenso a integração dos ucranianos em Portugal, têm todas as condições para se instalarem cá, pelo menos temporariamente. O problema é: quem é que vai buscar essas pessoas? É a sociedade civil? Somos nós que nos organizamos? São grupos como eu e esse meu amigo foi como várias pessoas estão a fazer? Isto causa-me muita revolta porque estamos na televisão constantemente a dizer que recebemos e ajudamos refugiados, mas na prática não estamos a fazer nada, porque as pessoas não vêm cá ter. O que devia ser feito cá é o que foi feito na altura da covid-19, onde foi arranjada uma task force para tratar desse tema. Faz falta uma organização governamental que pegue nestas associações e as organize", argumentou.
Por fim, Pedro Teixeira referiu também ter conseguido trazer um refugiado ucraniano na viagem de volta: "Foi muito simples, a partir desta rede de contactos na Polónia em que o Miguel [Stanley] me incluiu, falei com um português que me indicou um rapaz ucraniano que está lá com mais dois amigos, que infelizmente vai voltar, mas que é extremamente bem organizado e que tinha mais de 200 pessoas com família em Portugal para trazer para cá."