
Comecemos pelas figuras do ano, positivas e negativas. Seguramente, o grande vencedor de 2023 é Fernando Mendes. 'O Preço Certo' é muitas vezes líder absoluto no consumo diário, e mantém uma constância assinalável na televisão. Não há em Portugal outro caso de longevidade como o dele. Fernando Mendes é o novo senhor televisão.
Com desempenhos positivos em 2023, nota para Catarina Furtado, na RTP, Hernâni Carvalho, âncora das tardes da SIC, Manuel Luís Goucha, com aquele que é provavelmente o melhor programa da sua carreira, e Pedro Teixeira, com desempenho bem conseguido no concurso 'Vai ou Racha'. Se a escolha de figura do ano é óbvia, a de maior derrotada de 2023 também. Cristina Ferreira falhou nas manhãs, perdeu espaço, poder e salário na TVI ao longo do ano, e agora também sai do 'BB', onde tinha encontrado porto de abrigo. A apresentadora, acionista e cada vez mais 'mental-coach', seja lá isso o que for, tem vindo sempre a descer.
Mas, entre os desempenhos negativos, além de Cristina Ferreira, há espaço para o impensável concurso de David Carreira e Kelly Bailey, 'Onde Pára o Dinheiro?', para o júri deste ano do 'The Voice', e para Filomena Cautela, com um ano cheio de atos falhados na RTP.
O ACONTECIMENTO DO ANO - PÚBLICO A FUGIR
O acontecimento televisivo mais relevante do ano é o movimento do público. Com a queda sustentada das generalistas, SIC e TVI entram em 2024 com menos 10% de audiência, em conjunto, que no início do ano anterior. Ou seja, um em cada 10 espectadores, em média, no espaço de apenas um ano. A televisão generalista tem quedas superiores à venda de jornais em Portugal. Isso tem fortes implicações para todo o mercado, a começar nos orçamentos de grelha e no investimento publicitário, que vai procurar novos refúgios.
BALANÇO DE 2023 - O 'MEGAFLOP'
O principal fracasso na programação em 2023 tem um nome fácil de encontrar: 'Papel Principal'. É um caso raro em que falhou tudo: os líderes da empresa envolveram-se na promoção, inventaram novos conceitos sobre a ficção, que se revelaram vazios (o conceito de omnicanal anunciado com pompa e circunstância, lembram-se?), todos perderam uma excelente ocasião para estarem calados. A SIC conseguiu sobreviver-lhe e manter as audiências, mas os efeitos económicos vão ser muito difíceis de resolver.
SOBE - RITA MARRAFA DE CARVALHO
A serena e informativa entrevista à mãe foi um momento fundamental no caso das suspeitas de cunha a favor das gémeas luso-brasileiras.
SOBE - FÁTIMA LOPES
A gala dos sonhos foi um extraordinário espetáculo televisivo, bem produzido, bem realizado e muito bem apresentado por alguém que merecia mais espaço na SIC.
SOBE - TERESA DIMAS
Enfrentou muito bem um dificílimo momento de entrevista ao diretor do canal. Um pivô com menos experiência e autoconfiança teria provocado um dano reputacional ainda maior à estação.