
Gosto de sonhar com a pele.
Começou assim aquela história, como começam muitas histórias: uma das pessoas, neste caso ela, ganha coragem e aborda a outra mesmo sabendo que pode levar um pontapé na cara e cair com estrondo ao chão.
A vida só acontece quando temos a coragem de a abordar mesmo sabendo que podemos levar um pontapé na cara e cair com estrondo ao chão.
Gosto de tocar com o sonho, sentir com o que não existe. Agarrar no que os sentidos recebem e transformá-lo no que quero que eles me façam sentir.
Ela continuava a falar para aquele estranho e nem sabia de onde vinha aquele raciocínio todo. As palavras simplesmente saíam antes de si: antes de pensar nelas.
Só é amor quando as palavras que interessam saem para os outros antes de as conseguirmos pensar em nós.
Agora só me apetece sentir-te.
Podia ser assédio, mas era amor. Há alturas em que o assédio e o amor se confundem — e o próprio amor é o único sentimento que nos assedia verdadeiramente. Os outros são educados demais para invadirem o último reduto da nossa segurança.
Só é amor quando é mal educado o suficiente para invadir sem permissão o último reduto da nossa segurança.
Na tua pele ou na minha?
Foi ele quem falou pela primeira vez, lançando aquela que era, naquele instante, a questão primordial.
A questão primordial é sempre o prazer.
Só será interessante se não as soubermos distinguir.
Assim foi.
Assim foram.
E, agora que os olho daqui, não é de facto possível perceber em concreto qual é a pele de um e qual é a pele do outro.
Só é amor quando não é de facto possível perceber em concreto qual é a pele de um e qual é a pele do outro.
Refazer: v.: Capacidade de, mudando tudo, nos mantermos inatacáveis dentro do que somos. Só quem nunca deixa de ser o que é consegue mudar aquilo que é.