
É um clássico: casamento que não se reinventa, que perde a capacidade de surpreender (no melhor sentido) corre sérios riscos de entrar num desgaste natural. Se na vida real há que pôr a cabeça a funcionar em vez de acomodar ao sabor do “está tudo bem” ou “estou bem casado”, na ficção/entretenimento televisivo não é assim tão diferente.
Eis, por isso, o ponto de situação da SIC, com o seu ‘Casados à Primeira Vista - Segundas Núpcias’: o “casamento” já não é o que era. Traduzindo, quer isto dizer que o programa perdeu o élan da anterior temporada, na qual as personagens foram escolhidas a dedo, eram novidade e tinham o condão de criar enredos entre elas que proporcionavam uma novela ao espectador. Justiça seja feita que a SIC tentou inovar nestas ‘Segundas Núpcias’, apimentando-as.
Só que fê-lo da pior forma, com o modelo “escolha múltipla”, que recupera a versão “montra” de pretendentes já conhecida em ‘Quem Quer Namorar com o Agricultor’ - o que coloca, à cabeça, um tom de sexismo e preconceito, dispensável e deplorável em 2025 - não só tem um casting muito pior como, pelas características já enunciadas, causa um “mal-estar” no espectador - pelo menos, a mim, causa, já que estou a ver um programa de televisão e não um site de encontros. Tudo somado, o resultado está à vista. ‘Casados’ já não é o que era.