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Luísa Jeremias
Luísa Jeremias No meu Sofá

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Em defesa de Rita Pereira e do direito à diferença

Rita Pereira mostrou-se de tranças "afro" a dançar. Os comentários surgiram nas iluminadas redes: "Tu não és preta!" escreveu-se; e a frase foi reproduzida e reproduzida. "Apropriação cultural", chamaram-lhe. Apropriação de quê?, pergunto eu?
22 de julho de 2022 às 06:00
Rita Pereira
Rita Pereira

As redes sociais, essa entidade sem rosto e sem normas, onde "famosos" usam e são usados, ora "endeusados" ora massacrados, a gosto de quem está "do outro lado" e se acha no direito de tudo dizer, criaram no final da passada semana uma polémica digna de nota. Tudo começou com umas tranças que a atriz Rita Pereira decidiu mostrar nas suas redes sociais. Mas a história não pode ser contada simplesmente assim. É preciso olhar para trás, para o passado.

Rita deverá ter sido das primeiras figuras públicas, conhecida através dos seus trabalhos na televisão, a perceber a força das redes sociais. Foi nelas que ganhou legiões de fãs que a seguiam, admiravam, tentavam ser como ela, usar os produtos que ela mostrava ali. Rita foi, durante anos, empresária de si própria: não precisava de interlocutores para arranjar contratos com marcas e, sobretudo, para manter uma relação próxima com os fãs. Só que... nem tudo é simples nesta ligação, sobretudo desde que as redes, que já foram simplesmente "amigas", hoje funcionam como armas para criticar e/ou castigar quem as usa. E a "paga" a Rita Pereira surgiu agora: curiosamente através dos tão queridos fãs, capazes de amar, de odiar e incapazes de compreender muitas vezes o óbvio.

Recordemos então: Rita Pereira mostrou-se de tranças "afro" a dançar. Com as mesmas tranças esteve no festival Marés Vivas – entre outros a assistir ao espetáculo do amigo de longa data, Dino D’Santiago – e com as mesmas longas tranças negras surgiu no programa 'Uma Canção Para Ti.' Os comentários surgiram nas iluminadas redes: "Tu não és preta!" escreveu-se; e a frase foi reproduzida e reproduzida. "Apropriação cultural", chamaram-lhe. Apropriação de quê?, pergunto eu? Do direito a usar o que se gosta, de defender uma identidade em que se acredita. Rita é "preta" sim, por dentro e por fora se quiser. Preta, amarela, pele vermelha, cara pálida, o que for. Preta sou eu. Preta. Nem "negra", nem "de cor", nem parvoíce nenhuma. Orgulhosamente uma branca-preta, sim. Que bom foi ver aquelas tranças e saber que chegaram a milhares de pessoas e levantaram a discussão. Portugal é tudo isto. O mundo um só e ainda bem.

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