
Quando tudo parece encaminhar-se para o "virou" – um pouco como nas eleições, quando as previsões e a estratégia dão a vitória ao partido da oposição –, eis que quem está no poder não só se aguenta como consolida a liderança. Estou a falar, evidentemente, da SIC e da TVI. Quando está quase, quase, quase... afinal, não está e volta tudo atrás.
Vejamos o caso do passado fim de semana: mesmo as polémicas nas redes sociais, seguidas da saída de Bruno de Carvalho do 'Big Brother Famoso's, não foram suficientes para dar a vitória do dia à TVI. A noite foi deles. O dia não. E este é o quotidiano da estação. Bate-se taco a taco nas manhãs com a SIC, bate-se nas tardes no duelo entre Goucha e Júlia, as duas estações perdem – por muito – o acesso ao horário nobre, com Fernando Mendes e o seu 'O Preço Certo' a trocar as voltas a todos e a arrastar o público para a RTP, e depois vem a reviravolta com a SIC a agarrar os espectadores com o noticiário, a TVI a deixar escapar e depois a reavê-lo, mais uma vez com a novela 'Festa É Festa'... mas nem esta nem as novelas que se seguem são suficientes para dar a volta aos resultados. 'BBF', uma novela cómica, uma novela com uma linguagem diferente ('Quero É Viver'), resumos e discussões do reality show ao longo do dia não são suficientes para fidelizar público. Por muita criatividade que haja, por figurões que se inventem, por música popular que se passe na grelha... nada chega.
E porquê? Atualmente a questão coloca-se de forma simples: a TVI cria, a SIC resiste. A TVI é a amante, a SIC a legítima. Onde se volta sempre, graças a quê? Tal como nos casamentos, àquilo a que se acredita ser "a seriedade", que no caso da estação de Paço de Arcos tem como símbolo máximo o 'Jornal da Noite', imbatível nesse modelo. E que ocupa lugar fundamental na grelha e chega (até agora) para garantir o "é aqui que ficamos". A estratégia de Daniel Oliveira é alicerçada no "grãozinho a grãozinho" a somar ao longo do dia. Sim, está demasiado enraizado na monotonia, no previsível.
Mas será que, afinal, não é isso que o público procura? Caberá a José Eduardo Moniz, em breve, matar a charada e encontrar solução.