
Este Big Brother está a ser digno de aulas sobre comportamento humano. Não que isto seja uma novidade no formato do reality showmais famoso do planeta. É, aliás, a sua essência. Porém, levando em conta que as personagens são já figuras públicas, cada comportamento dentro do programa e no "em redor" ganha uma dimensão mais intensa e influenciadora da sociedade. E é aqui que mora a questão: até onde deve haver julgamentos a partir de um programa com estas características.
E atenção! Eu própria, nesta crónica, posso incorrer no mesmo problema: julgar, ter opinião sobre uma ou outra situação, sem dispor de todos os dados que me permitam fazê-lo.
Não, não vou falar de Bruno de Carvalho nem de relações alegadamente "tóxicas" nem das imagens que passam nos especiais da TVI e que alegadamente retratam a sua relação com Liliana Almeida. Como diz o provérbio: entre marido e mulher, ninguém meta a colher. E a verdade é que toda a gente mete a colher e opina sobre esta relação. Que não passa de uma relação dentro de um programa de televisão que se quer com audiências e que, quero eu acreditar, não corresponda à realidade extraficção.
Falemos antes de Jaciara. A brasileira foi julgada dentro do programa de todas as formas possíveis – e, pior, por mulheres como ela. Ora porque usava biquínis pequeninos, ora porque distribuía (ou tentava, pelo menos) beijinhos nos lábios aos concorrentes... daí até levar o rótulo de "fácil" foi um ápice. Primeiro, a ex-mulher de um jogador de futebol estranhou. Depois, entranhou e ela própria começou a tentar brincar com a situação. Sem conseguir. Porque não há com o que brincar. É a forma de ela estar, é o "jogo" (como eles gostam de dizer) que escolheu, é o que é. Beija, brinca, ri, mostra o corpo. E então? Qual o problema? Se estivéssemos a falar de uma gordinha em microbiquíni não estariam já as redes sociais a pôr hashtags com as declarações #mybodymyrules ou #nomeucorpomandoeu? Pois é... Ser mulher, em 2022, é mais complicado do que parece. Dar-se ao respeito é algo interior. Não uma fachada para um programa de TV. A realidade da vida real, infelizmente, é cruel e, sim, preocupante.