
Para que serve uma gala de aniversário a fazer lembrar (vagamente) as grandes festas de Natal e afins da TVI, com as estrelas da casa a subirem ao palco para cantar, dançar, falar e entreter? Nesta fase, para dizer "estamos aqui e estamos de volta ao que éramos".
A gala aconteceu dois dias depois da nomeação oficial de José Eduardo Moniz para o cargo de diretor-geral da TVI, lugar que tinha deixado há mais de uma década mas do qual, na verdade, nunca se afastou totalmente. De momento, era consultor para a ficção – lugar ainda assinado na época da administração de Rosa Cullell – e a verdade é que, mesmo quando a sua vida profissional era outra, não se cruzando com programação, Moniz nunca deixou de manter contacto com as tropas – leia-se: atores, técnicos (não da TVI, mas do audiovisual de uma forma geral), produtoras nacionais e internacionais, nunca deixou de ir a feiras noutros países, de manter conversas com as "grandes feras" da comunicação, de saber "o que estava a dar", o que era novo e para onde caminhava o audiovisual. E é esta resiliência, misturada com paixão e por noção do que é fazer televisão em 2022 que pode trazer, agora, frutos.
Há duas formas de trabalhar: para fora e para dentro. Para fora traduz-se em momentos destes: uma gala, um incentivo, um fazer acreditar que a equipa está unida e que os "bons velhos tempos" vão voltar. Para dentro, a história é outra e Moniz sabe disso. Já não há "velhos tempos", só novos tempos que têm de ser pensados de forma radicalmente diferente. Televisão é um negócio, não é um encontro de amigos. Não serve para ser porreiro, mas sim para ser eficaz, não vive de modelos antigos (também fazem falta, mas reformulados), mas de olhar para o lado e expandir. Sim, vai haver mais exportação, streaming, variedade de produtos. Os custos de uns têm de garantir os outros, as tendências de mercado precisam de ser seguidas, ou seja, "vira tudo". Deixa de se olhar para o bairro, passa a olhar-se para o mundo. E isto ninguém me contou ao ouvido. Isto, aposto eu... Lembra-se quando a SIC estreou 'Golpe de Sorte' e arrumou com a TVI, tão "novo" nos detalhes era o formato? Pois é, não tem nada a ver, pois não? Então prepare-se para a revolução que aí vem. Digo eu, que não percebo nada disto...