Com um destinatário bem identificado, mas sem nunca referir o nome de Cristina Ferreira, Daniel Oliveira abriu as hostilidades, no domingo de manhã. "Contra a manipulação, construção ou indução de narrativas de desestabilização; contra a soberba de quem desdenhou da qualidade e brio dos profissionais da SIC." Isto a propósito de mais uma vitória mensal, neste caso abril – a 39ª consecutiva. Minutos mais tarde, a diretora de Entretenimento e Ficção da TVI respondeu-lhe, obviamente sem identificar também o rival. "Este é um post sobre a VERDADE dos números. A TVI não ganhou o mês de abril. Ficou a 0,36 do seu concorrente direto. Desde o início de 2019 que a TVI não estava tão próxima… A honestidade, a verdade e a união são os valores que nos norteiam diariamente."
Ora bem: resumindo e concluindo, a SIC continua a ser líder de audiências, e a TVI está mais perto do que nunca. Com um empate técnico em abril – pouco mais de 7 mil espectadores na média diária –, não tenho dúvidas de que a troca de bocas, como "manipulação", "soberba", a "verdade" ou a "honestidade", vai ganhar uma dimensão nunca vista nos próximos tempos, até dezembro. Afinal, Daniel e Cristina sabem que estas batalhas que se travam agora podem traçar os seus destinos em Paço de Arcos e em Queluz de Baixo, e que muitos milhões de euros estão em jogo – o que interessa, de facto, às administrações e aos acionistas dos dois grupos.
Dos "comunicados" dos diretores em questão, destaco ainda mais duas coisas: a indignação de Daniel face ao "maior investimento feito por um canal português num só mês nos últimos anos"; e a humildade de Cristina. Pela primeira vez, de forma categórica, assume o "eu" em vez do "nós". Se Daniel tem memória curta – quanto gastou para se ir reforçar com Ricardo Araújo Pereira, Bruno Nogueira, Ljubomir Stanisic, Lourenço Ortigão e Fátima Lopes? –, Cristina parece ter percebido que o egocentrismo não a leva a lado nenhum. Bem pelo contrário.
José Eduardo Moniz, que festeja 70 anos nesta sexta-feira, dia 6, assiste de camarote a tudo isto, ele que assumiu a direção-geral da TVI há apenas dois meses… e que adora trabalhar (na sombra) para vencer.
