
Agora que a CNN Portugal já arrancou, era bom que Mário Ferreira e a sua equipa na Media Capital se preocupassem com a TVI, que não consegue destronar a SIC da liderança das audiências – vai fazendo umas cócegas na ficção nacional e mais nada. E podiam começar logo pelo programa da manhã. ‘Dois às 10’ estreou em 4 de janeiro de 2021, e, quase um ano depois, o balanço é simples: está longe de fazer a diferença na televisão portuguesa e, por isso, ser uma preferência dos espectadores, como os números provam – nos últimos dias, não ganhou um.
Aposta clara de Cristina Ferreira, Cláudio Ramos e Maria Botelho Moniz formam uma dupla cúmplice e empenhada, mas isso é poucochinho. ‘Casa Feliz’, na SIC, com Diana Chaves e João Baião, também não sendo uma pedrada no charco, é muito melhor. Na consistência do projeto, nos conteúdos, nos convidados e nos comentadores.
É verdade que, como Júlia Pinheiro tanto gostava de dizer quando perdia para a concorrência todos os dias, "isto não é uma corrida de 100 metros, mas uma maratona". É verdade que ‘Dois às 10’ ainda não tem um ano de vida, que só está a gatinhar, mas também é verdade que o seu rival só nasceu em 21 de julho de 2020, ou seja, tem apenas 16 meses de existência. Com um "pormaior": se o programa de Diana Chaves e de João Baião foi preparado em cima do joelho e lançado às feras, devido à saída inesperada de Cristina Ferreira, o mesmo já não se poderá dizer do de Cláudio Ramos e de Maria Botelho Moniz, pensado ao detalhe, e com tempo, pela diretora de Entretenimento e Ficção da TVI.
Deixo aqui uma pergunta para reflexão a Mário Ferreira, pois parece-me que Cristina Ferreira não consegue sair da ilha… para ver a ilha, como escreveu José Saramago: faz algum sentido Cláudio Ramos andar a apresentar o ‘Big Brother’? Qual é o seu foco e disponibilidade, física e mental, por exemplo, no ‘Dois às 10’ à segunda-feira, dia seguinte à gala do ‘reality show’? E nos outros da semana, se tem de acompanhar os seus desenvolvimentos na casa? Sim, João Baião também faz o ‘Domingão’, na SIC, mas, aqui entre nós, ele pode. Tem 58 anos, uma experiência incrível e uma cilindrada topo de gama.