
Kamala Harris tornou-se, no passado sábado, a primeira vice-presidente vigente a comparecer numa marcha ‘Pride’, com o intuito de mostrar apoio às dificuldades e discriminação por que passa a comunidade LGBT+ nos Estados Unidos da América. A antiga senadora do estado da Califónia surgiu na marcha de Washington com uma t-shirt com a inscrição ‘Love is Love’ (‘Amor é Amor’ em português), junto do seu marido, Doug Emhoff.
Em declarações à imprensa, Kamala afirmou que "temos de nos assegurar que a nossa comunidade transgénero e a nossa juventude estão protegidas. Precisamos ainda de construir proteções no que toca a emprego e alojamento. Há muito trabalho a fazer, mas estamos comprometidos." Estas declarações configuram-se como um eco das do presidente norte-americano Joe Biden que elogiou a existência de um mês dedicado ao orgulho LGBT: "Durante o mês ‘Pride’ nós reconhecemos a resiliência e determinação de muitos indivíduos que lutam para viver com liberdade. Ao fazê-lo, estão a abrir corações e mentes e a deixar a base para uma América mais justa e igualitária."
The @SecondGentleman and I stopped by Capital Pride today! pic.twitter.com/vjx1k9DD5z
— Vice President Kamala Harris (@VP) June 12, 2021
Ainda assim, a vice-presidente norte-americana não escapou às críticas por nunca ter marcado presença na fronteira com o México, após as declarações recentes em visita à Guatemala em que recomendou os migrantes guatemaltecos a não tentar a viagem até aos Estados Unidos - "não venham", repetiu - no âmbito da crise de migração, algo que levou a comparações com o discurso apresentado pelo antigo presidente Donald Trump.
Alguns eleitores mais à esquerda relembram ainda que o percurso de Kamala Harris em relação aos direitos LGBT+ previamente a assumir a vice-presidência foi titubeante: se é verdade que foi das primeiras pessoas ligadas à política a apoiar a igualdade de direitos em relação aos casamentos, também é inegável que a sua época enquanto promotora de Justiça do estado da Califórnia levou a que a sua reputação dentro das comunidades minoritárias tenha sofrido um claro revés, nomeadamente após ter lutado para que tratamento médico essencial a uma reclusa transgénero, Michelle Nosworthy, fosse negado, em 2015, algo pelo qual tomaria responsabilidade anos mais tarde, argumentando que no seu cargo teria de ficar do lado dos seus clientes, mesmo que esse fosse contrário às suas crenças.
The @VP and @SecondGentleman are on the move at Capital Pride pic.twitter.com/F27RxDaoHJ
— Peter Velz (@PeterVelz46) June 12, 2021
Contudo, apesar das vários críticas, o nome de Kamala foi desde cedo na última década uma constante nos círculos mais associados ao partido democrata e, efetivamente, tornar-se-ia na primeira mulher a assumir o lugar de vice-presidente, assim como a primeira pessoa de raízes africanas e asiáticas a fazê-lo. Mais recentemente, ainda esta terça-feira, Kamala Harris convidou todas as senadoras mulheres para um jantar na sua casa em Washington DC, demonstrando uma vontade de incentivar a que haja uma maior igualdade de relevância na política norte-americana. No fim, sabe-se que seria uma tarefa difícil agradar a todos, fica ainda por saber se a dupla formada por Biden e Kamala irá conseguir convencer todos aqueles que prometeu defender, mas a imagem deixada até ao momento mostra a vontade em alinhar na onda da mudança em relação ao mandato de Trump.