A verdade sobre a separação. Príncipes William e Harry afastados por espionagem e "desconfiança" entre os irmãos
As acusações do príncipe Harry contra os tabloides britânicos trazem à tona novos dados sobre a relação com o William, revelados da pior forma, em pleno tribunal. Mas ainda há um forte laço que une os dois irmãos.
O representante de Harry sugeriu no Tribunal Superior de Londres que a relação dos dois filhos de Diana e do rei Carlos III começou a "sofrer erosão" devido à recolha ilegal de informações. A "desconfiança" entre os irmãos, argumentou Sherborne, pode ter sido semeada já em 2003, quando o MGN publicou uma história sobre uma alegada desavença entre eles.
Na altura, William e Harry, então com 21 e 19 anos, respectivamente, acusaram o antigo mordomo da princesa Diana, Paul Burrell, de traição por causa das muitas declarações do ex-funcionário do palácio. Uma fonte disse ao 'Sunday People' que os dois príncipes estavam "em conflito direto".
"Mesmo nesta fase muito inicial e formativa, as sementes do desentendimento entre estes dois irmãos começaram a ser semeadas. "Irmãos podem discordar às vezes, mas quando isso é tornado público assim, e os seus sentimentos são revelados desta forma, a confiança começa a sofrer erosão. Pode-se ver como a desconfiança instala-se desde cedo, exatamente devido a este tipo de atividade", argumentou Sherborne, citado pelo 'Telegraph'.
Vinte anos depois, Harry e William nem se falam após as muitas polémicas declarações do duque de Sussex numa entrevista com Oprah Winfrey, num documentário na Netflix e numa biografia, 'Spare', em que arrasa todos os membros da família real. Os dois concordam, contudo, em defender a mãe e não escondem o rancor contra os tabloides britânicos.
William também já apontou o dedo a poderosos dos media pela mesma razão, espionagem. O príncipe de Gales moveu uma ação contra o The Sun e o extinto News of the World, por alegados crimes entre 1994 a 2016. No entanto, William chegou a acordo financeiro secreto com o grupo de Rupert Murdoch "por uma soma muito grande de dinheiro em 2020" para evitar que os pormenores das negociações chegassem a público, denunciou Harry, e também para evitar que um membro da família real sentasse no banco das testemunhas.
Em 130 anos, Harry, que é o quinto na linha de sucessão ao trono, é o primeiro membro da família real a estar naquele lugar em tribunal e, se for bem-sucedido, poderá ainda levar mais dois casos separados à Justiça, contra a Associated Newspapers, dona do 'Daily Mail' e do 'Mail on Sunday', por supostamente colocar "escutas nos carros e nas casas" de celebridades; e contra o News Group Newspapers, de Rupert Murdoch, por supostamente ter "hackeado" o seu telemóvel.
MGN CONFESSA TER CONTRATADO ESPIÃO
No caso desta semana, contra a MGN, detida pela Reach, a empresa já admitiu no passado que houve mesmo casos de espionagem e resolveu cerca de 600 queixas, mas nega que o príncipe Harry tenha sido um dos alvos. Contudo, a MGN também admitiu ter contratado um investigador privado para reunir informações confidenciais do duque de Sussex, em 2004, rejeitando que este episódio esteja relacionado com as acusações do príncipe. Por isso, garantiu a empresa, Harry "tem direito a uma compensação".
EMOÇÕES E UM ENORME CANSAÇO
O filho mais novo do rei Carlos III esteve a ser interrogado por quase oito horas em dois dias, noticiou a imprensa britânica, um interrogatório marcado por momentos de irritação e cansaço do príncipe Harry que pode ser resumido com a sua voz baixa, quase inaudível, quando o seu advogado perguntou qual era a sensação de estar em tribunal a reviver aqueles episódios quando "os meios de comunicação social de todo o mundo estão a ver": "É demasiado", respondeu.
As oito horas de interrogatório incluíram críticas ao governo britânico e uma vingança pessoal contra um antigo inimigo da princesa Diana - e um crítico feroz da sua mulher, Meghan Markle -, o apresentador Piers Morgan - sim, o mesmo que fez a polémica entrevista a Ronaldo onde este revelou mal-estar com o Manchester United - e que foi editor do 'Daily Mail' quando Diana supostamente foi alvo de espionagem.
"A imagem de Piers Morgan e o seu bando de jornalistas a ouvir as mensagens privadas e sensíveis da minha mãe deixa-me fisicamente doente e ainda mais determinado a responsabilizá-los", disse, segundo o 'Guardian'. "Infelizmente, como consequência pela acusação contra o Mirror Group, tanto eu quanto a minha mulher fomos submetidos a uma enxurrada de terríveis ataques pessoais e intimidação de Piers Morgan… provavelmente em retaliação, e na expectativa de que eu recue, antes de ele poder ser responsabilizado pela sua atividade ilegal em relação a mim e à minha mãe durante seu cargo de editor".
Harry acusou a imprensa de o ter rotulado de "príncipe playboy", de "fracasso", "bêbado menor de idade", "consumidor de drogas irresponsável", entre outros. Outros títulos também terão provocado episódios de bullying, que ele terá sofrido na escola.
Aos 18 anos, Harry foi confrontado com as especulações sobre ser filho de um amante da princesa Diana. "Numerosos jornais relataram um rumor de que o meu pai biológico era James Hewitt, um homem com quem a minha mãe teve um relacionamento depois que eu nasci [...] Na época, quando tinha 18 anos e tinha perdido a minha mãe apenas seis anos antes, histórias como esta pareciam muito prejudiciais e muito reais para mim. Eram dolorosas, mesquinhas e cruéis".
Os seus relacionamentos amorosos também terão sido afetados pela suposta espionagem. Quando namorava com Chelsy Davy, Harry garante que encontrou um dispositivo de localização no carro da então companheira, que acredita ter sido colocado por um investigador privado. Um amigo do príncipe, Mark Dyer, também terá encontrado um dispositivo de localização no automóvel.
"Eu era extremamente cauteloso e tomei todas as medidas possíveis para manter o máximo possível da minha vida privada, no entanto, parecia que estava sob vigilância constante, caçado pelos media", comentou.