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Amor e dor. A razão pela qual Francisco nunca regressou à Argentina nos 12 anos em que foi Papa

Percorreu o mundo a falar da sua fé e esteve inclusivamente em quatro países que fazem fronteira com a sua terra natal, no entanto acabou por nunca regressar à Argentina, o país onde nasceu e que tanto amou. Os mais próximos acreditam que esta decisão tem uma mensagem subliminar, mas também que Francisco tinha planeado ir à sua terra natal no fim de vida, que acabou por surpreendê-lo mais cedo do que o previsto.
Por Rute Lourenço | 23 de abril de 2025 às 19:51
Papa Francisco Foto: Flash

Jorge Mario Bergoglio tinha 76 anos quando deixou a Argentina rumo ao Vaticano para participar no Conclave. De Buenos Aires, onde nasceu e passou grande parte da sua vida, não se despediu com lágrimas. Não era um favorito ao cargo que ocuparia 12 anos como Papa Francisco e acreditava voltar em breve para continuar a sua vida de devoção, tendo sido surpreendido com a decisão que mudaria para sempre a sua vida. Sem que soubesse, aquela seria a sua despedida da Argentina, um país ao qual nunca regressaria, numa decisão que muitos questionaram e que valeu bastante tristeza dos seus conterrâneos, muitos deles que não conseguiram entender a razão pela qual Francisco percorreu o mundo, inclusivamente quatro países que fazem fronteira com a Argentina, mas não voltaria a pisar a sua terra natal.

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"Quando ele deixou Buenos Aires para o Conclave, ele parecia um tanto triste; estava a preparar um quarto para a sua reforma no Lar dos Padres, no bairro de Flores", disse Guillermo Marcó, padre da Arquidiocese de Buenos Aires, ao jornal argentino Clarín.

Papa Francisco Foto: Flash

Na altura, Francisco achou que não teria um Papado longo "quatro anos no máximo", disse à BBC o seu amigo Gustavo Vera, com quem trocaria dezenas de cartas ao longo dos anos seguintes. É ele que alerta que não se pode confundir a ausência de Francisco na Argentina como uma renúncia à pátria, pelo contrário: o Papa foi sempre acompanhando à distância a situação dos seus familiares, conterrâneos, e principalmente com a situação socio-económica e política, que sempre o angustiou.

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Nas longas missivas que trocava com o amigo, a Argentina estava sempre no centro das conversas: falavam de futebol – uma das grandes paixões de Francisco, adepto do San Lorenzo, de tango e dos problemas que perseguiam o seu país.

"Francisco manteve sua ligação com a Argentina. Nestes 12 anos, na sua agenda havia sempre um grande número de argentinos, que compareciam a audiências, que assistiam ao Angelus [oração feita pelo papa junto aos peregrinos na Praça de São Pedro aos domingos], que tinham audiências pessoais. O seu coração sempre esteve na Argentina, de alguma forma", disse o amigo.

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Papa Francisco e Messi Foto: Flash

Mas se para os amigos sempre foi fácil de entender por que razão Francisco não voltava, muitos argentinos ficariam magoados, não conseguiam entender porque é que ele esteve mesmo ali ao lado, em países como o Brasil ou Bolívia, mas não inclui na agenda a sua própria casa.

Quando era questionado publicamente sobre o assunto, dava sempre respostas evasivas, sendo que a última foi em setembro do ano passado, quando regressava de uma viagem à Ásia. "Eu gostava de ir. É a minha casa, mas ainda não está decidido. Há várias coisas para resolver primeiro", afirmava então.

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De acordo com o seu amigo Gustavo Vera, a razão de não voltar prendeu-se muito mais por razões políticas do que pessoais, uma vez que Francisco não queria ser usado como arma política, e o próprio Francisco acabaria por abordar esse assunto.

"Eu sempre disse que iria à Argentina quando sentisse que era um instrumento para contribuir para a unidade nacional, para tentar unir os argentinos novamente", afirmou.

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Maria Elena Foto: Flash

De acordo com esse amigo próximo, apesar de Francisco nunca o ter afirmado diretamente, era sua convicção de que ele estava a reservar a sua viagem à Argentina para o final do seu Papado. "Ele não me contou, mas eu acho que estava a reservar a reta final de seu magistério para a Argentina, como se o país fosse a estação terminal de sua longa jornada", disse, acrescentando que pese as saudades da irmã e de uma terra que sempre tanto amou, a missão que assumiu não lhe dava espaço para tristezas.

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"Ele estava muito feliz por ser papa, porque sentia que podia ajudar. Ele ajudou a impedir muitas guerras, a prevenir conflitos em muitas partes do mundo. Estava a cumprir a missão da sua vida."

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