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Como Francisco Pinto Balsemão decidiu a herança em vida e quais as pessoas especiais fora da família de quem não se esqueceu

Fez seis testamentos, o último dos quais, redigido em 2020, revela as suas vontades finais. Incluídos estão, naturalmente, a mulher, Tita, e os cinco filhos, mas com uma fortuna estimada em 40 milhões, o fundador da SIC fez questão de contemplar mais algumas pessoas próximas. Uma divisão feita sem disputas e que marcou o espírito de união preservado entre o clã, que ficou completo desde que Francisco Maria foi integrado na família.
27 de novembro de 2025 às 20:30
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Quando Francisco Pinto Balsemão morreu, a 21 de outubro, há muito que o fundador da SIC já tinha deixado tudo tratado relativamente à sua partida. A doença progredira nos últimos  meses e, apesar de preferir pensar no que ainda podia fazer do que na morte, os seus 88 anos confrontavam-no com uma série de questões. Decidiu-se, então, o futuro do grupo que criou e deixou nas mãos do filho Francisco Pedro, com o negócio com a família Berlusconi a ficar alinhavado, e quanto ao testamento, há cerca de cinco anos que a versão final já tinha sido redigida, segundo conta a 'Sábado' na edição desta semana, na qual revela todos os pormenores acerca das últimas vontades de Balsemão.

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Contemplados estão, naturalmente, os cinco filhos – Mónica, Henrique, Francisco Maria, Joana e Francisco Pedro – e a mulher, Mercedes, mais conhecida por Tita. Mas a fortuna do homem-forte da SIC, que foi notícia estar estimada em 40 milhões de euros, dava para muito mais e o magnata decidiu contemplar pessoas fora do seu núcleo familiar na última versão do testamento, que data de 2020, nomeadamente o seu motorista, Sousa, que com o tempo se tornaria como que parte do clã, e a quem destinou à data 100 mil euros, ou a uma antiga funcionária a quem destinou 70 mil euros, especificamente para a compra de um imóvel, além de “cinquenta mil euros em dinheiro” e uma “prestação periódica mensal vitalícia em montante correspondente a duas vezes o salário mínimo nacional em vigor à data de pagamento”, segundo revela a 'Sábado'. A outra amiga, Margarida, deixou também 100 mil euros. Em testamento, indicou também que seria a mulher, Tita, a estar encarregue de distribuir as quantias monetárias pelas pessoas próximas contempladas.

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Nesse documento, fica expresso que a casa de família, na Quinta da Marinha, se mantém nas mãos da mulher, sendo este o único bem patrimonial de Balsemão, depois de ter vendido o palacete da Lapa, onde Balsemão passou a sua juventude e que entretanto foi vendido. Já os filhos receberam ações da Balseger, num equivalente a 2% da holding da família, e também a totalidade das quotas da Sociedade Francisco Pinto Balsemão.

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Este seria, de acordo com a Sábado, o sexto testamento do magnata, que redigiu o primeiro pouco depois do casamento com Isabel Lobo, e numa altura em que já tinha herdado o imponente património do pai.

UMA FAMÍLIA DISPERSA MAS UNIDA

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Francisco Pinto Balsemão sempre se orgulhou de ser um homem livre, numa postura que imprimia em todos os aspetos da sua vida. No amor, viveu sempre sem medo de quebrar convenções. O primeiro casamento foi com Isabel Costa Lobo, mais conhecida como Belicha, então considerada uma das mulheres mais belas do País. Juntos, tiveram dois filhos, Henrique e Mónica, mas aquele que tudo tinha para ser um casamento duradouro acabou envolvido numa enorme polémica, com um filho ilegítimo pelo meio.  “O ano de 1970/1971 coincidiu com um período de vida extramatrimonial agitado e desordenado que conduziu inexoravelmente ao fim do meu casamento", lê-se na biografia de Balsemão que, de um caso extraconjugal, viu nascer o terceiro filho, Francisco, que se recusou a assumir, nascido em 1970. 

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Isabel Maria Supico Pinto – filha da atriz Maria Lalanda e de Clotário Supico Pinto, que fora ministro de Salazar – tentou chamar Balsemão à razão, pedindo-lhe que este aceitasse registar o filho com o seu nome, mas perante as recusas não teve outra opção que não a de avançar para tribunal, numa longa demanda, que só terminou quando o pequeno Francisco já tinha quatro anos. 

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Só a 28 de janeiro de 1975 houve sentença no Tribunal Cível de Lisboa, reconhecendo o menino como "filho ilegítimo de Francisco José Pereira Pinto Balsemão para todos os efeitos legais". Apesar das certezas, o então diretor do 'Expresso' ainda tentou protelar o caso, recorrendo da decisão, mas sem sucesso. Daria, então, nome ao filho, mas por muitos anos anos não mais do que isso. Durante toda a infância e juventude não privou com o terceiro filho e só no final da década de 80, quando Francisco já andaria a chegar aos 20 anos, aceitou um primeiro encontro, impulsionado pela segunda mulher, Tita, que pretendia a família a viver em harmonia.

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 “O primeiro encontro entre ambos ter-se-á dado pela primeira vez já em finais da década de 80, através da intermediação de alguém amigo de pai e filho”, escreve Joaquim Vieira na biografia 'Francisco Pinto Balsemão, O Patrão dos Media que foi Primeiro-Ministro', reforçando a importância de Tita para que as portas de casa fossem abertas a este filho. “A Tita terá sido importante para resolver o problema de integração do Francisco Maria”, disse Fernando Ulrich para o livro de Joaquim Vieira. 

Depois disso, Francisco passaria a ser para sempre um membro da família Balsemão, integrado na estrutura da SIC e com uma excelente relação com os irmãos, numa comunhão que se manteria até ao fim.

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Tita foi o seu último e mais duradouro amor, com quem o fundador da SIC se casou em segundas núpcias e que honrou os votos de estar ao seu lado na saúde e na doença, acompanhando-o até à sua morte. Apaixonaram-se antes do 25 de Abril, mas o amor afigurava-se tudo menos simples, porque Balsemão já tinha sido casado, ou a bem da verdade ainda o era, uma vez que esse divórcio seria tudo menos pacífico. "Encontrámo-nos numa boate em Cascais, ela também engraçou comigo, depois começámos a conversar e a coisa foi andando. Depois, ela veio viver comigo, eu estava separado, mas não havia divórcio naquela altura, e ela veio viver comigo ainda antes do 25 de Abril, o que foi um ato de coragem, sobretudo no ambiente social em que ambos coexistíamos. Essa parte foi muito importante", disse Balsemão, em conversa com Daniel Oliveira no 'Alta Definição', enaltecendo a coragem da mulher. Desta união nasceriam os filhos mais novos, Joana e Francisco Pedro.

Francisco Pinto Balsemão sempre se orgulhou da família numerosa e, acima de tudo, do espírito de união que, com o passar dos anos, marcou a relação entre todos. Depois da integração tardia de Francisco Maria, os cinco filhos, de três mulheres diferentes, passariam a conviver de forma harmoniosa, como descreveria o mais novo, Francisco Pedro, de 45 anos, na entrevista que deu ao programa 'Alta Definição'.

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"O meu pai teve três mulheres. A minha irmã Joana (ambos fruto do casamento com Tita Balsemão) foi com quem passei toda a minha infância e adolescência, mais do que com os outros três irmãos. A idade deles, a diferença é grande, não tinham tanta pachorra para mim na altura. Claro que com a idade isso foi-se esbatendo e hoje somos muito unidos, uma família muito unida. Eu costumo dizer que nós temos os cinco muito orgulho no nosso pai, mas acho que ele também tem muita sorte. Ele tem cinco filhos de três mulheres diferentes, e nós podíamos não nos dar, andarmos aqui à cabeçada, mas damo-nos todos muito bem", fez saber aquele que acabaria por assumir a continuidade do percurso trilhado pelo pai na Comunicação Social, ainda que tudo tenha acontecido de forma muito natural. É por isso que na hora da partida não há guerras nem disputas por dinheiro ou poder, com os herdeiros a mostrarem-se unidos e dispostos a perpetuar a memória de um homem que sempre cultivou o espírito de família.

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