Mais achas para a fogueira. Gonçalo Amaral volta a provocar os pais de Maddie após os vencer na Justiça Europeia
Os pais de Maddie garantem que, para já, não vão recorrer da decisão do tribunal europeu que iliba de responsabilidades o Estado português e o ex-inspetor da PJ Gonçalo Amaral, mas continuam a afirmar que foi o que escreveu no livro 'Maddie, a Verdade da Mentir' que prejudicou as buscas pela filha. O ex-inspetor mantém a mesma teoria e desafia os pais de Maddie a explicarem aos irmãos os seus comportamentos em férias.
No momento em que o ex-inspetor da Polícia Judiciária Gonçalo Amaral, de 62 anos, vence mais uma batalha, em mais uma instância judicial na guerra que a família Mccann moveu contra ele e contra o Estado português – desta vez no Tribunal Europeu dos Direitos do Homem –, o ex-investigador do mais mediático desaparecimento de uma criança de todos os tempos, vem atirar mais achas para uma fogueira cujo fogo nunca se extinguiu: "Vai sendo tempo de os irmãos de Maddie (Madeleine McCann) perguntarem aos pais qual a razão para os terem abandonado durante várias noites", chuta Gonçalo Amaral, em declarações ao semanário Expresso, numa clara provocação.
O inimigo público número um e fonte de todos os ódios de estimação do casal Kate e Gerald McCann em Portugal é um beirão que trabalhou desde os 14 anos como paquete nos serviços sociais da Força aérea, que começou por estudar engenharia, mas se rendeu às ciências criminais e, aos 22 anos, entrou na PJ, especializando-se em todo o tipo de criminalidade violenta e organizada: furtos, roubos, homicídios, tráfico de estupefacientes.
Amaral teve uma carreira profissional impoluta, altamente reconhecida por agentes, inspetores e superiores hierárquicos, bem como por magistrados judiciais e do Ministério Público, por funcionários judiciais e causídicos. Foi impoluta, mas só até ao dia em que decidiu passar a livro toda a história do caso do desaparecimento da pequena Maddie, a 3 de maio de 2007 de um apartamento no empreendimento turístico Ocean Clube, na Praia da Luz, em Lagos, no Algarve.
O LIVRO QUE PÕE TUDO A NU
A raiva dos médicos Kate e Gerry McCann, que originou várias queixas-crime e processos na Justiça, surge por causa de um livro, da autoria de Gonçalo Amaral, chamado 'Maddie, a Verdade da Mentira’, publicada em 2008 pela editora Guerra & Paz, cuja venda foi proibida com recurso a processos judiciais interpostos pelo casal.
Nessa obra proscrita, o ex-inspetor Gonçalo Amaral escreve na perspetiva da investigação que o próprio liderou, com uma grande preocupação factual e objetiva. Nela faz revelações originais e esclarece muitos dos mais controversos aspetos do caso, desconhecidos do grande público. Um caso que até hoje não tem explicação e por isso se torna apelatico para a curiosidade humana.
'Maddie, a Verdade da Mentira' explica tudo detalhadamente com fotografias e infogramas que ilustram os passos da investigação e da conclusão obtida pela equipa da PJ de Portimão – por mais terrível que a mesma possa ter sido - a morte da criança de 3 anos. E no caso de Gonçalo Amaral e de colegas seus mediáticos com o inspetor Francisco Moita Flores a culpa do desfecho encaminhar-se-á no sentido da negligência dos pais da menina, uma morte acidental e ocultada, contando com a suposta cumplicidade dos amigos do casal, com estes de férias no Algarve. AMARAL ACUSADO DE PREJUDICAR AS BUSCAS
No site "Find Madeleine" o casal divulgou o seguinte: "Estamos naturalmente desapontados com a decisão do Tribunal Europeu dos Direitos do Homem (…). No entanto, muito mudou desde que iniciámos o processo judicial há 13 anos contra o Sr. Amaral, o seu editor e difusor. Tomámos medidas por uma e apenas uma razão: as reivindicações infundadas do Sr. Amaral estavam a ter um impacto prejudicial na busca da Madeleine. Se o público acreditasse que estávamos envolvidos no seu desaparecimento, então as pessoas não estariam atentas a possíveis pistas e poderiam não comunicar informações relevantes às agências de aplicação da lei competentes. O foco está agora justamente na busca da Madeleine e do(s) seu(s) raptor(es). Estamos gratos pelo trabalho em curso por parte das polícias britânica, alemã e portuguesa. Esperamos que com a ajuda do público, trabalho árduo e diligência, possamos eventualmente encontrar os responsáveis pelo desaparecimento da Madeleine e levá-los à justiça."
O Tribunal Europeu dos Direitos do Homem considerou agora que o Estado português não violou as convenções europeias no direito ao respeito pela vida privada e familiar (o fundamento da queixa dos pais de Maddie) com o teor do livro do ex-inspetor da PJ Gonçalo Amaral 'Maddie: A Verdade da Mentira'. O processo respeitava a declarações feitas pelo antigo inspetor no livro, e também a um documentário e a uma entrevista publicada num jornal sobre o alegado envolvimento dos pais no desaparecimento da criança, a grande teoria de Gonçalo Amaral, plasmada neste livro e que os pais contrariam, alegando constituir uma violação do seu direito à reputação e à presunção de inocência. UMA VIDA DESTRUÍDA PELA "VERDADE"
UMA VIDA DESTRUÍDA PELA "VERDADE"
Esta censura literária obrigou o ex-inspetor a uma longa travessia no deserto, tendo perdido saúde, dinheiro e toda a excelente notoriedade que conquistou ao longo de mais de 30 anos de carreira como investigador. Em 2014, quase seis anos depois de ter lançado o livro mais polémico dos últimos anos em Portugal, Gonçalo Amaral, contactado pelos jornalistas, esquivou-se sempre a responder, tendo dito apenas: "Nesta fase, não quero sequer ouvir falar do caso." PENHORADO, PASSOU A VIVER DE AJUDAS O antigo responsável policial enfrentava então sérias dificuldades económicas depois do casal lhe ter penhorado todos os bens, alegadamente devido ao caso, mas também padecia de diabetes em último grau, que o debilitaram física e psicologicamente. Gonçalo Amaral p
PENHORADO, PASSOU A VIVER DE AJUDAS
No livro entretanto proibido, Gonçalo Amaral defendia que "a menor Madeleine McCann morreu no apartamento da Ocean Club, da Vila da Luz, na noite de 3 de maio de 2007; ocorreu uma simulação de rapto; Kate Healy e Gerald McCann são suspeitos de envolvimento na ocultação do cadáver da filha; a morte poderá ter sobrevindo em resultado de um trágico acidente; existem indícios de negligência na guarda e segurança dos filhos. Temos consciência de ter dado o nosso melhor para a resolução do caso. As nossas convicções assentam na experiência profissional, em factos e indícios recolhidos e da sua interpretação à luz do direito", avança na obra.