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O que se sabe sobre o ChatGPT, o Google Bard, e como as gigantes da Internet travam nova guerra em nome da inteligência artificial

Depois de anos de investimentos e promessas, os utilizadores vêem grandes empresas na corrida para quem vai dominar os novos produtos da inteligência artificial.
Por Amarílis Borges | 16 de fevereiro de 2023 às 22:41
Novos lançamentos de sistemas de IA Foto: DR

Investimentos multimilionários, troca de provocações das grandes empresas de tech, despedimentos em massa e funcionários furiosos. Por esta altura, já deve ter ouvido falar que 2023 é o ano da revolução da inteligência artificial (IA) e que toda a nossa relação com a Internet está prestes a mudar.

Este discurso tem subido de tom desde novembro, quando a OpenAI, empresa que teve como co-fundador Elon Musk, lançou ao público o seu modelo de chat com inteligência artificial, capaz de gerar respostas e textos complexos, e colocou as grandes rivais numa corrida para acompanhar esta nova guerra. Embora empresas como a Apple e até a chinesa Alibaba tenham demonstrado interesse em ter os seus produtos de IA, mas sem dar muitos detalhes, neste momento é a Google quem tenta ferozmente dar a segunda resposta neste mercado.

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Enquanto 100 milhões de utilizadores se inscreviam no ChatGPT para testar as promessas desta ferramenta, a Google colocou-se debaixo de fogo ao apresentar o seu chatbot, o Bard. A ferramenta acabou por se mostrar apressada e cheia de erros. A empresa que está por trás do motor de busca, a Alphabet, perdeu 100 mil milhões de dólares em valor de mercado em poucas horas por causa da decisão, enquanto a OpenAI se lambuzava com a notícia de que a Microsoft ia investir mais 10 mil milhões de dólares na tecnologia deles. E tudo isto em sistemas que ninguém percebe muito bem qual é o tamanho da margem de erros.

Apresentação ChatGPT Foto: Flash

Tal como o Bard, o ChatGPT também tem sido apanhado na fase de testes do novo modelo no navegador Bing com dificuldades em dar dados financeiros e roteiros de viagem, por exemplo. A própria ferramenta explica que entre as respostas ainda existe "ambiguidade", "falta de contexto", "informações desatualizadas", "inconsistência" e "viés".

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Do outro lado, o presidente da Alphabet defendeu que a Google "hesitou" em lançar o Bard "porque não achava que estava realmente pronto", disse John Hennessy ao falar na conferência TechSurge, citado pela CNBC. E não foi o único. Esta semana, funcionários da empresa mostraram-se furiosos com a apresentação daquele sistema de linguagem. Em publicações internas, estão circular críticas e memes ao CEO Sundar Pichai considerando "apressada", "errada" e "não-googley" a decisão do responsável, cita a 'CNBC'.

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VAMOS AO TESTE?

Perante tudo isto nada como testar o protagonista desta história. Por isso, decidimos perguntar ao ChatGPT como explica o frente a frente da Google e da Microsoft na tentativa de dominar esta tecnologia. Como o fizemos? Da forma mais simples: digitando a pergunta na plataforma e esperando a resposta. Que surgiu de imediato: "A guerra da inteligência artificial entre a Microsoft e a Google é uma das disputas tecnológicas mais acirradas dos últimos anos. Ambas as empresas têm investido pesadamente em IA e buscam se destacar como líderes em tecnologia de ponta", começou a explicar o chat, contando a história da empresa de Bill Gates em "projetos ambiciosos" de IA desde 2014 e as "realizações notáveis" da Google na área, como o Google Assistant e o Google Photos.

INSATISFAÇÃO CRESCENTE

Coincidência ou não. Na mesma altura em que estes sistemas começam a ser apresentados, as grandes empresas de tech, sediadas no Vale do Silício e em Seattle, apostam fortemente em cortes de gastos, incluindo despedimentos em massa. Algumas empresas apontam para o corte de 6% do pessoal.

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As demissões nesta área desde o início de 2022 já ultrapassam o corte de 220 mil funcionários nos Estados Unidos, segundo a RFI. Daquele número, pelo menos 12 mil pessoas foram demitidas na Alphabet e outras 10 mil devem sair este ano da Microsoft.

Nas redes sociais, há centenas de vídeos de trabalhadores a chorar depois de terem sido demitidos por email ou numa chamada coletiva por zoom.

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"Acordei hoje com as notícias do despedimentos na Google. Abri o meu portátil e percebi que não tinha mais acesso. O meu coração imediatamente afundou-se. A minha função foi afetada pelos recentes despedimentos. Enquanto tentava ler o comunicado entre lágrimas, diferentes pensamentos passavam pela minha cabeça", lê-se num dos testemunhos das pessoas que foram demitidas por email numa sexta-feira de manhã, em janeiro.

"Esta manhã, descobri que também sofri com os despedimentos da Google ao lado de 12 mil colegas. Mas que montanha-russa depois de ter sido promovida há apenas dois meses!", diz outro testemunho que pode ser seguido na hashtag "googlelaidoff" .

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COMO CHEGÁMOS AQUI...?

A decisão acontece depois dos avultados investimentos no período dos confinamentos na pandemia da covid-19, em que as empresas foram impulsionadas pela procura no comércio online. Mas o aumento da inflação e a redução das receitas estarão a levar aos recentes cortes.

As notícias sobre novos despedimentos acumulavam-se quando o fundador e CEO da OpenAI, Sam Altman, gabava-se sobre a equipa reduzida por trás do ChatGPT. "Eu sei que não me devia gabar sobre a OpenAI, mas a densidade de talento nesta escala (375 pessoas) é de perder a cabeça e acho que não aconteceu na indústria de tecnologia na memória recente".  

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DEVEMOS TEMER O FUTURO?

Um dos grandes receios com o lançamento destes chatbots é sobre a continuidade dos postos de trabalho. E, embora não haja provas de que esta tecnologia esteja a afetar o número de despedimentos, uma das definições oficiais do ChatGPT é a capacidade de "automatizar tarefas e aumentar a eficiência".

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"À medida que as empresas de tecnologia buscam aumentar os seus lucros, procuram maneiras de cortar custos e melhorar a produtividade. Uma das maneiras de fazer isso é por meio da automação, utilizando algoritmos de inteligência artificial para executar tarefas anteriormente realizadas por humanos", explicou a ferramenta.

Mas, otimista que é, o ChatGPT refere também "é importante notar que a IA também pode ser usada para criar novas oportunidades de emprego e impulsionar a inovação".

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