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Volodymyr Zelensky, o herói que apenas quer ser aceite como é: "um tipo normal"

Em apenas dois meses, as circunstâncias transformaram-no num dos homens mais respeitados do mundo. É ele o rosto da resistência ucraniana, o herói de um povo assolado pela guerra. O presidente da Ucrânia discursou no Parlamento português com palavras duras que emocionaram. Lembrou o 25 de abril e como a luta pela liberdade e pela democracia ainda não terminou. No final, usou a palavra "saudade" para dizer que somos mais próximos do que poderíamos imaginar.
Por Hélder Ramalho, | Afonso Coelho | 21 de abril de 2022 às 23:03

Volodymyr Zelensky tornou-se no herói e no símbolo da resistência ucraniana na luta pela autodeterminação e pela liberdade. Ganhou o estatuto quando a 24 de fevereiro decidiu permanecer em Kiev, recusando abandonar o país – como lhe foi oferecido pelos Estados Unidos da América – quando os primeiros militares russos invadiram a Ucrânia.

"[Quero ser recordado] como um ser humano que amou plenamente a vida, que amava a sua família e a sua pátria. Definitivamente não como um herói"

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Mas Zelensky recusa o epíteto. Em entrevista à CNN Internacional, o presidente da Ucrânia disse que quer ser recordado "como um ser humano que amou plenamente a vida, que amava a sua família e a sua pátria. Definitivamente não como um herói". "Quero que as pessoas me aceitem como sou, um tipo normal", afirmou.

Mas Zelensky não é "um tipo normal". Como diria o filósofo espanhol José Ortega y Gasset, Zelensky "é o homem e as suas circunstâncias". Há 57 dias que o presidente ucraniano enverga uniforme militar, um sinal claro que está pronto para travar todas as batalhas em nome da liberdade e da democracia. Há 57 dias que Volodymyr Zelensky apela ao mundo por ajuda para travar as forças invasoras. Entre as intervenções diárias, onde denuncia as atrocidades que têm sido cometidas em território ucraniano, com a morte de milhares de civis, cidades arrasadas, crimes de guerra e acusações de genocídio, Zelensky tem sido convidado a falar nas casas da Democracia do mundo inteiro.

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A REFERÊNCIA DE ZELENSKY À REVOLUÇÃO DOS CRAVOS E A REAÇÃO DO PCP

Volodymyr Zelensky discursou esta quinta-feira, 21, para o Parlamento português. Curiosamente, o dia que celebra três anos em que foi eleito presidente da Ucrânia, com 73% dos votos. A sessão por videoconferência, com tradução simultânea, teve uma duração de quinze minutos, e foi aplaudida em pé por todos os presentes no hemiciclo – a única bancada parlamentar a não comparecer foi a do PCP, como já havia sido anunciado pelo próprio partido. No final, o partido comunista considerou a referência de Zelensky ao 25 de Abril "um insulto" à Revolução dos Cravos. Mas já lá vamos.

O discurso de Volodymyr Zelensky no Assembleia da República teve uma linguagem dura, com emoção na mensagem. O líder ucraniano começou por agradecer a oportunidade, antes de listar várias das atrocidades que alega estarem a ser cometidas pelo exército russo no curso da invasão, referindo-se inicialmente ao facto de terem sido encontradas sepulturas de cidadãos ucranianos perto de Kiev: "Nem tentaram sepultá-los como deve ser, mataram para se divertir", afirmou. Referiu ainda torturas e violações.

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Zelensky soube encontrar as analogias assertivas com Portugal. Com o objetivo de passar a real dimensão da destruição, referiu-se a Mariupol como uma cidade "tão grande como Lisboa" e comparou a população deportada com a população do Porto. A poucos dias das celebrações dos 48 anos do 25 de Abril, marcou o discurso a referência de Zelensky à Revolução dos Cravos: "O vosso povo celebra o aniversário da revolução que vos libertou da ditadura e sabe perfeitamente o que os outros povos estão a sentir, especialmente na nossa região, onde havia liberdade. Estamos a lutar pela nossa independência e pela sobrevivência", salientou.

volodymyr Zelensk, Olena Zelensk Flash
Volodymyr Zelensky Foto: Canal 1+1
Volodymyr Zelensky Foto: Kvartal 95
Volodymyr Zelensky Foto: Getty Images
Volodymyr Zelensky Foto: Getty Images
Volodymyr Zelensky Foto: Getty Images (Presidência da Ucrânia/HANDOUT)
Volodymyr Zelensky Foto: KVN
Volodymyr Zelensky Foto: Getty Images
Volodymyr Zelensky Foto: Getty Images

PRESIDENTE UCRANIANO USA A PALAVRA "SAUDADE"

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Pelo meio, Zelensky pediu para que continuasse a chegar ajuda em forma de armamento à Ucrânia, assim como o auxílio de Portugal no processo de adesão do país à União Europeia. No fim, previamente ao agradecimento final, o presidente ucraniano sacou de um último trunfo para se aproximar do afeto dos portugueses, a palavra ‘saudade’, no original lusitano: "As nossas visões são iguais: que toda a pessoa tenha o seu tempo para a felicidade e para a saudade. Glória à Ucrânia."

A sessão terminaria com o discurso de Augusto Santos Silva. O presidente da Assembleia da República mostrou-se grato a Zelensky e assegurou que o líder ucraniano pode "contar com a defesa intransigente das leis que regulam as relações internacionais e o direito à independência e soberania", sublinhando que a luta da Ucrânia pela liberdade é uma luta a que "o Portugal democrático nunca faltou, não falta e não faltará", e, por isso, recebeu também ele o aplauso dos presentes na Casa da Democracia, antes de terem soado os hinos da Ucrânia e de Portugal.

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E Portugal pode ter um papel fundamental na solução do conflito e num possível acordo entre Rússia e Ucrânia para alcançar a paz. António Guterres, secretário-geral das Nações Unidas, pediu para ser recebido pelo presidente russo, Vladimir Putin, e pelo chefe de Estado ucraniano, Volodymyr Zalensky, nas respetivas capitais, para discutir "passos urgentes" para travar a guerra porque não pode haver alternativa à liberdade, nem à democracia, nem à paz.

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