Jared Leto é uma personalidade particular na paisagem de Hollywood. Apesar de ser um ‘ex libris’ da indústria desde a década de 1990, dono de uma filmografia com elevado prestígio, nunca conseguiu unanimidade entre os espetadores, pelo menos ao nível de vários dos seus pares.
Agora, chegou uma nova oportunidade para convencer de novo os fãs de cinema sobre as suas capacidades. O ator de 50 anos vai produzir, através da Paradox, e protagonizar um filme biográfico sobre Karl Lagerfeld, o diretor artístico da Chanel que faleceu em 2019. Leto chegou a conhecê-lo pessoalmente por várias ocasiões e não poupou elogios no comentário sobre o famoso designer de moda alemão.
"O Karl sempre foi uma inspiração para mim. Foi um verdadeiro polímata, um artista, um inovador, um líder e, mais importante que tudo o resto, um homem gentil. Quando nos reunimos com a equipa dele, partilhámos imediatamente a visão criativa de fazer uma ode respeitosa ao Karl enquanto tentávamos quebrar os limites daquilo que é um filme biográfico", disse Leto acerca do projeto, segundo a ‘Deadline’.
Não havendo ainda datas concretas para o início das gravações, sabe-se somente que o filme vai abordar "as relações chave da vida de Karl Lagerfeld, através de uma lente imprevisível, muito como o próprio", pode ler-se num comunicado, citado pela ‘Women’s Wear Daily’, site ao qual Jared Leto revelou: "Há muitas relações para explorar. O Karl teve uma carreira de mais de 50 anos e portanto teve proximidade pessoal e profissional com um grande número de pessoas. Vamos focar-nos nas relações chave que traduzem as diferentes partes da sua vida", afirmou.
DO ECRÃ PARA O PALCO
Conhecido como um homem multifacetado, Jared Leto é também o vocalista da banda 30 Seconds to Mars, que formou em 1998 com o irmão Shannon. Se hoje em dia o conjunto já perdeu algum fulgor, é inegável o peso que teve no pop rock nomeadamente no final da década de 2000.
Êxitos como ‘Closer to the Edge’, ‘A Beautiful Lie’ ou ‘Kings and Queens’ encheram as radios durante vários anos e o sucesso levou-os a angariar um lote considerável de fãs, tendo atuado em Portugal por oito ocasiões, a primeira no Coliseu dos Recreios, em 2008, e a última na Altice Arena, dez anos mais tarde.
Quando os irmãos Leto criaram a banda, refira-se, a carreira filmográfica de Jared já tinha tido início, ainda que este tenha insistido para que a sua música não fosse promovida com base na sua presença no grande e no pequeno ecrã.
Efetivamente, Leto destacou-se inicialmente em 1995 na série ‘My So-Called Life’, ao lado de Claire Danes, e a partir daí gizou um percurso que colecionou filmes de elevado calibre como ‘Clube de Combate’, em 1999, ‘American Psycho’, em 2000, ‘Requiem for a Dream’, no mesmo ano, ou ‘A Sala de Pânico’, em 2002. Estrear-se-ia como realizador em 2012, em ‘Artifact’, sob o pseudónimo Bartholomew Cubbins.
AS CARAS DE LETO
Com ‘O Clube de Dallas’, em 2013, chegou o tão aguardado Óscar, na categoria de Melhor Ator Secundário. No filme de Jean-Marc Vallée, Leto interpreta Rayon, uma mulher transgénero diagnosticada com VIH e com problemas com drogas. Esta foi, discutivelmente, a mais bem-sucedida das "transformações" do ator, mas houve outras às quais foi difícil ficar indiferente. Em adição, o norte-americano ficou igualmente conhecido pelo seu 'method acting', utilizando processos pouco ortodoxos para se preparar para os papéis.
Por exemplo, se para ‘Requiem for a Dream’ Leto decidiu perder peso para interpretar o jovem Harry Goldfarb, que sofria com o vício da heroína, tendo inclusive passado algum tempo com pessoas com problemas semelhantes em Nova Iorque para compreender as questões que os assolavam, em ‘Capítulo 27’, sete anos mais tarde, ganhou mais de 28 quilos para interpretar Mark Chapman, a assassino de John Lennon.
Já mais recentemente, nos filmes de super-heróis, Leto foi mais que criticado que elogiado: encarnou um pouco convincente Joker em ‘Esquadrão Suicida’ e depois o homem-vampiro Morbius, personagem titular de um filme que ficou para a história como um dos mais ridicularizados pelos espetadores. O inicial fracasso em bilheteira do projeto realizado por Daniel Espinosa foi alvo de piadas nas redes sociais ao ponto que a distribuidora Sony repôs o filme por crer que a má fama que tinha se iria traduzir em curiosidade, algo que não se provou verdadeiro, redundando em novo ‘flop’.
Pelo meio, ainda teve a oportunidade de "ser" Paolo Gucci, designer de moda e ex-vice-presidente da famosa marca, em ‘Casa Gucci’, assim como de participar em ‘Blade Runner 2049’, a aclamada sequela do famoso filme de Ridley Scott, nas gravações do qual decidiu usar lentes de contacto que o tornassem invisual, como a personagem.
TODAS AS POLÉMICAS
Jared Leto é também uma personalidade polémica, ainda que nenhuma das controvérsias no qual se viu envolvido tenha sido suficiente para melindrar o seu estatuto, pelo menos até ver. Por exemplo, em 2005, um artigo do ‘New York Post’ sublinhava como, na altura com 33 anos, Jared Leto tentava a sorte com modelos adolescentes no Maritime Hotel: "Ele tem abordado todas as raparigas e a convidá-las para os seus espetáculos. (…) Ele está constantemente e enviar mensagens a estas raparigas de 16 e 17 anos", afirmou uma fonte.
Alegações semelhantes surgiram num artigo de 2015, no site Contemptor, no qual a jornalista Evangeline van Houten recolheu as acusações de que Leto foi alvo, com raparigas, algumas de 15 anos, a terem confirmado que tiveram relações sexuais com o ator.
Este assunto foi novamente levantado três anos depois num tweet do ator Dylan Sprouse, o Zack de ‘Zack & Cody’, no qual se podia ler: "Oi, Jared Leto, agora que já apareceste na caixa de mensagens privadas de todas as modelos femininas entre os 18 e os 25 anos, qual dirias que é a tua taxa de sucesso?"
Não bastasse isto e uma das respostas a esta publicação foi da autoria do realizador James Gunn, que esteve por trás de filmes como ‘Guardiões da Galáxia’ ou o segundo ‘Esquadrão Suicida’, no qual Leto já não constou no elenco, que interrogou Sprouse: "Ele só começa aos 18 na Internet?", num tweet que deu polémica ao ponto de acabar por ser apagado.
Menção ainda para os acampamentos de verão que criou para o ‘Echelton’, como se auto-denominaram os fãs dos 30 Seconds to Mars, e que funcionam como uma espécie de culto. Nas imagens, captadas durante um destes eventos numa ilha perto da Croácia, apelidada de 'Mars Iland', é possível ver o público todo vestido de branco à volta do músico. O custo para participar deste retiro? De acordo com o preçário revelado pela ‘KQED’, "apenas" 999 dólares por duas noites de campismo, sem tenda ou mantimentos incluídos.