Nas redes sociais, as festas sucedem-se e Isabel dos Santos raramente se mostra sem o sorriso largo e a imagem cuidada. No entanto, não será essa a realidade que a chamada Princesa de Angola vive 24/7 dias por semana desde que, há mais de três anos, se mudou em permanência para o Dubai, e de onde não pode sair sob pena de ser presa, no âmbito do mandato de detenção em seu nome, do qual o atual exílio dourado a protege.
Nas últimas semanas, Isabel dos Santos, de 51 anos, tem-se mostrado frequentemente em festas e discotecas mais badaladas ao lado de amigos mais ou menos influentes de quem se aproximou nesta nova fase da sua vida e que têm sido um apoio para suportar a vida que, para quem estava habituada a uma agenda de negócios, a empresária admite que se torna "aborrecida".
Apesar de se mostrar rodeada de luxos e num universo ultra-exclusivo, comum a muitos dos que vivem nos Emirados Árabes Unidos, há, para a empresária, um misto de sentimentos constante e que se prende com a falta que lhe fazem os filhos, sobretudo o mais novo, que tem apenas seis anos, e cujo crescimento ficou privada de acompanhar.
A decisão foi difícil de tomar, mas o que Isabel dos Santos fez foi a pensar precisamente no futuro filho, que se fosse criado numa redoma como aquela em que atualmente a empresária vive, dificilmente teria acesso às melhores oportunidades de ensino. Claro que o outro lado da moeda foi privá-lo do contacto diário da mãe, o que foi especialmente penoso para Isabel dos Santos, uma vez que o menino poucas memórias terá também do pai, Sindika Dokolo, que morreu em outubro de 2020, na sequência de um acidente a fazer mergulho livre, no Dubai, numa tragédia para as quais faltam respostas e há muitas questões em aberto.
Numa das entrevistas mais recentes que deu, ao 'The Sunday Times', Isabel dos Santos abriu o jogo sobre a dor de viver longe dos filhos, que teve de entregar a pessoas que não são família, como "amas e guarda-costas" para que pudessem continuar a viver em Londres e nos moldes àquilo a que estavam habituados.
"Tenho saudades deles, mas quero que sejam educados no Reino Unido, não quero que a vida deles seja uma confusão. Espero que em breve tudo isto tenha acabado e me possa juntar a eles", revelou.
Nas redes sociais, é frequente Isabel dos Santos partilhar fotografias do filho mais novo para mostrar a falta que sente do contacto diário, por mais que falem frequentemente. A verdade é que, devido à escolaridade, acabam por estar juntos apenas duas a três vezes por ano, em férias ou ocasiões festivas como o Natal.
Com parte das contas congeladas, o Tribunal Superior de Londres aprovou um limite de gastos de 15 mil libras por semana (17,5 mil euros) para ela própria, 5 mil libras (5,8 mil euros) por semana para cada um dos cinco filhos, e 50 mil libras (58,4 mil euros) por ano para cada um dos filhos usar nas despesas de educação. No entanto, a empresária insiste que, de momento, não tem acesso a qualquer montante e que vive da caridade de amigos para lhe sustentarem a luxuosa vida no Dubai. "Todas as minhas contas estão congeladas, o que significa que não tenho acesso a quaisquer fundos", insistiu Isabel.
A DOR PELA FORMA COMO PERDEU O MARIDO
Sozinha no Dubai, são muitos os momentos que Isabel dos Santos tem para se dedicar à introspeção, daí que seja frequente partilhar alguns desabafos sobre o acidente que originou a morte do marido. Muito experiente na prática de mergulho, a trágica morte enquanto praticava a modalidade continua envolta em muitos pontos de interrogação.
O luto tem sido, por isso, adiado, para a empresária que não acredita em coincidências.
"Ele estava em grande forma, era um grande desportista e costumava mergulhar duas ou três vezes por semana. Por isso, de certeza que aconteceu algo que não era suposto acontecer."
Questionada sobre se estava a acusar os serviços secretos angolanos, Isabel dos Santos explicou as suas suspeitas. "Na verdade, tenho muito pouca informação sobre o que aconteceu. Foi um momento muito difícil para mim emocionalmente, e o nosso foco estava nos meus filhos, na recuperação e em ficarmos juntos".
"É um mistério", completou. "No Dubai, ninguém faz perguntas. Penso que isto é algo que nunca saberei e que tenho de me reconciliar com essa ideia."
No entanto, foi depois de perder o marido que tudo se começou a desmoronar mais rapidamente para Isabel dos Santos. Agora, resta à empresária recordar os bons momentos que passaram juntos, como faz frequentemente. Ainda há uma semana, lembrou o dia em que foi pedida em casamento pelo marido. "Há 23 anos atrás, hoje dia 11 de julho 2001, em Paris, me fizeste uma surpresa e perguntaste se queria casar contigo. Apenas te conhecia faz poucos dias , e tudo foi tão rápido entre nós . Mas senti a firmeza e determinação na tua pessoa , a bondade do teu coração, e o amor verdadeiro que tinhas por mim . E sabia naquele momento no meu coração que irias me fazer feliz. E assim foi a nossa linda história. Deste me uma família muito bonita, Graças a ti e a tua fé … pois sabias que somos almas gémeas", escreveu.
Desde a partida trágica do marido, já houve momentos em que Isabel dos Santos se deixou fotografar com rosas vermelhas aumentando a especulação em torno da sua vida amorosa, mas a verdade é que nunca voltou a assumir qualquer relação sentimental, mostrando que , neste momento, tem como que toda uma vida em suspenso, à espera de que, por algum milagre, tudo se possa alterar em breve.
