
Há um ano e meio, Maria Botelho Moniz vivia provavelmente o melhor e o pior que uma mulher poderá sentir. Feliz, empoderada e realizada com o nascimento do primeiro filho, Vicente, abdicara, à semelhança de muitos profissionais televisivos, de uma licença de maternidade completa para não perder o comboio das oportunidades na TVI. Desde a sua saída de antena que o futuro estava decidido: a apresentadora não teria de se preocupar porque o lugar no 'Dois às 10' estaria à sua espera. Só que, à última hora, deixou de estar. Cristina Ferreira, que a substituíra no formato, foi informada por José Eduardo Moniz que o projeto não era mais temporário, e Maria, numa altura naturalmente mais vulnerável em que a estabilidade é urgente e necessária, acabaria por ser remetida para outro formato. "Aguarda-a um novo desafio, numa aposta de grande importância para o Canal. Maria Botelho Moniz vai agarrar o final de tarde da estação, comandando nesse horário o “reality show “que, desde setembro de 2000, se tornou referência obrigatória no panorama audiovisual português”, anunciava a TVI como se fosse algo de espetacular. Mas para todos, incluindo para a apresentadora, soava a despromoção, ainda por cima carregada de injustiça, uma vez que nada tinha feito para a merecer.
Ainda para mais, terá sido a última a saber que o tapete lhe tinha sido puxado, num afastamento que mexia não só com o seu ego, sentimentos e expectativas profissionais, mas também que levava um corte, uma vez que deixaria de receber dinheiro das autopromoções inerentes ao programa da manhã. Inicialmente em silêncio, Maria teria mais tarde a coragem de falar sobre aquilo que afirmaria ser uma injustiça.
"Foi um golpe duro, porque estava mesmo à espera de voltar. Estava ansiosa por este regresso. Por voltar àquelas pessoas que me viam todos os dias, que acompanharam a gravidez toda. De chegar e ter o Cláudio a receber-me, de ter as pessoas a quererem saber do Vicente. Naquele que era o meu cantinho feliz com o Cláudio", disse Maria Botelho Moniz, em conversa com Cristina Ferreira, admitindo que esses foram tempos carregados de muito sofrimento profissional. "Chorei muito. Chorei todos os dias, durante meses. Acordava, a meio da noite, angustiada. Ia para a sala, chorava, chorava, chorava e pensava: ‘O que é que eu fiz? Fiz alguma coisa errada?’. Depois, cai a ficha. É assim."
Apesar da dor e principalmente da mágoa, nos ecrãs nada havia que se pudesse apontar a Maria. Mais do que fazer bem o seu trabalho, ela continuava a ser a grande favorita de grande parte dos portugueses e isso, em conjunto com o momento feliz que vivia a nível pessoal, terá feito com que conseguisse superar sempre os maus momentos, fazer do que não a desafiava uma festa. O seu profissionalismo era um ponto de honra. Batalhou muito, precisou de dar dois passos atrás para dar um outro em frente, mas finalmente a oportunidade chegou, com José Eduardo Moniz a dar o braço a torcer na derradeira chapada de luva branca da apresentadora, de 41 anos, que vai conduzir o 'Big Brother' de Verão, com estreia marcada para o próximo dia 30.
Cláudio Ramos já a parabenizou e também o noivo, o piloto Pedro Bianchi Prata, não resistiria em falar sobre o orgulho que sentia pelo percurso de resiliência de Maria, que podia ter atirado a toalha ao chão mas, consciente do seu valor, lutou para provar a quem ainda podia duvidar que é um dos talentos televisivos em Portugal.
"Quem conhece a Maria de verdade, sabe o quanto ela lutou por este momento. Trabalhou com garra, com alma, com aquele brilho nos olhos que só quem ama o que faz consegue manter. E nunca, mas nunca, deixou de ser a mãe incrível que é — atenta, presente, apaixonada", começou por escrever o piloto, ressalvando todas as lutas e batalhas que Maria travou.
"Eu vi de perto cada desafio, cada noite mal dormida, cada sorriso mesmo nos dias mais difíceis. E por isso, posso dizer-te com o coração cheio. Tu mereces isto. Mereces tudo. Sou teu fã. Sou teu parceiro. Love you. Agora vai, conquista esse palco. O verão é teu."
Palavras de um amor que deu, nos dias mais difíceis, alento para que Maria Botelho Moniz se atirasse ao trabalho em nome dos fãs que a encorajaram sempre a nunca desistir.