
Ao lado de Diogo Jota, Rute Cardoso bem que pode ter construído uma vida milionária que nunca imaginou, viajou pelo mundo, teve acesso aos mais variados luxos, mas ao longo desse percurso nunca tirou os pés do chão. A seu lado, manteve o mesmo núcleo de sempre, amizades dos tempos de escola, em Gondomar, e família, que são agora o seu escudo protetor no momento mais doloroso da sua vida.
Além da família – nomeadamente da irmã e dos sobrinhos – Rute aparece sempre acompanhada por uma outra mulher, da sua idade, que está presente em muitas das homenagens, e que tem sido a força da viúva de Diogo Jota nos dias mais sombrios. Trata-se de Catarina, que Rute Cardoso conheceu ainda na escola, em Gondomar, e que a acompanharia por toda a vida. São as melhores amigas, como irmãs e têm estado presentes nos momentos mais especiais da vida uma da outra: das alegrias como o nascimento dos filhos, o casamento, viagens aos mais desesperantes como aquele que Rute agora atravessa.
Nesta altura, Catarina tem sido essencial para não deixar Rute cair. É a pessoa em quem esta mais confia e a quem entrega as suas maiores dores na totalidade e sem reservas. Foi nos braços de Catarina que a viúva enfrentou as cerimónias fúnebres do marido, voltou a Liverpool também ao lado da amiga e tem sentido o carinho das homenagens a Diogo Jota, como aconteceu no último domingo no Estádio do Dragão.
Num momento em que Rute ainda mal consegue equacionar o futuro sem Jota, Catarina assume um papel fundamental, pois será o poço de força da viúva e a estabilidade que ajudará a criar os filhos, debaixo de novos alicerces, numa mudança radical de vida.
A INCÓGNITA EM RELAÇÃO AO FUTURO
Cumpriu-se o primeiro mês desde a partida de Diogo Jota e do irmão, André Silva, num trágico acidente de automóvel e para Rute Cardoso e para os pais dos jogadores, o tempo não tem dado espaço ao luto. Entre homenagens, burocracias e uma avalanche de amor, só agora é que o burburinho mediático começa a acalmar, o que significa que o clã terá de se confrontar agora que a crueldade da própria dor, num processo que se prevê longo e doloroso.
Para Rute, muito há que decidir em relação ao futuro. Até ao momento, não é certo se a viúva irá continuar em Inglaterra ou tratar de toda a mudança para Portugal, mas é inegável que é por cá, nomeadamente em Gondomar, que tem toda a sua base de apoio, o que poderá ser determinante numa fase em que tenta equacionar como será um futuro que nunca imaginou viver, sem o homem com quem, apesar de só ter casado dias antes da tragédia, é o seu amor de sempre. No entanto, uma coisa é certa, tudo o que Rute irá decidir será sempre tendo em conta o bem-estar dos filhos e para protegê-los de tudo, ajudando-os a enfrentar uma nova e dura realidade em que o pai não estará presente.