
Redes sociais, inteligência artificial, vida fora da Terra e até quem tem a maior fortuna. Os combates em Silicon Valley animam as relações dos gigantes da tecnologia há anos. Quem não se lembra da dinâmica de 'queridos inimigos' de Bill Gates e Steve Jobs durante mais de 20 anos? Também vimos Elon Musk e Jeff Bezos competir pelo maior foguetão, mas agora o fundador da SpaceX e Tesla pode chegar às vias de facto com Mark Zuckerberg.
Se a luta acontecer - parece haver uma tentativa de desistência agora -, será a primeira vez que dois multimilionários, líderes do sector de tecnologia, vão levar as divergências a uma luta de Artes Marciais Mistas (MMA, na sigla em inglês), pelo menos foi o que sugeriram quando o desafio foi lançado por Elon Musk em junho. (Bill Gates e Jeff Bezos jogaram ténis em Seattle em 2001 num evento solidário).
Bill Gates, Jeff Bezos playing tennis (2001): pic.twitter.com/ChJyJtkcAm
— Jon Erlichman (@JonErlichman) April 29, 2021
O CEO da Tesla referiu que estava "pronto para uma luta", ao que Mark Zuckerberg respondeu: "Envie-me o local". Não demorou para que começassem as apostas, mas até agora tudo não passou de troca de palavras. Recentemente, o dono do Facebook, Instagram e Whastapp acusou Musk de não estar a ser "sério" sobre a luta. "Elon não confirma uma data, diz que precisa de uma cirurgia, e agora pediu para fazer um treino no meu quintal", afirmou.
Apesar de não acreditar mais no duelo, Mark mostrou-se disponível. "Se alguma vez for sério sobre uma data real e um evento oficial, ele sabe como chegar até mim". Elon respondeu com uma acusação: "Cobardolas".
Se subirem ao ringue, Elon, de 52 anos, 1,85 m de altura, e com peso entre 84 e 91 kg, leva uma vantagem em relação a Zuckerberg. O CEO da Meta, de 39 anos, tem 1,70 m de altura e pesa cerca de 70 kg. Diferenças de tamanhos significativas no mundo de MMA.
O fundador do Facebook tem uma forte vantagem, é adepto de artes marciais e praticante de jiu-jitsu. Elon fez karaté, judo e jiu jitsu na juventude, mas admitiu que não tem treinado, razão que o levou a passar algumas horas com o lutador Lex Fridman em junho. "Fiz um treino improvisado com Elon Musk por algumas horas. Estou extremamente impressionado com a força, poder e habilidade dele, nos pés e no chão. Foi épico", escreveu Lex Fridman no Instagram.
O combate pode ainda ter "um local épico", como descreveu Elon Musk, ao estilo romano, o que levou meia dúzia de cidades italianas a competir pelo cenário. De acordo com a 'Euronews', as propostas mais óbvias são de Pompeia e Verona, ambas com anfiteatros romanos antigos. O dinheiro arrecadado pelas visualizações do encontro deverá ser doado a hospitais.
COMO COMEÇOU A RIVALIDADE DE ELON MUSK E MARK ZUCKERBERG
Elon e Mark entraram em conflito, publicamente, pela primeira vez há sete anos, quando a explosão de um foguetão da SpaceX destruiu um satélite do Facebook durante os testes de lançamento. O satélite de cerca de 200 milhões de dólares, segundo o 'Business Insider', fazia parte do programa Internet.org, com objetivo de ajudar países em desenvolvimento na África subsariana.
"Estou profundamente desapontado por saber que uma falha no lançamento da SpaceX destruiu o nosso satélite, que ia fornecer conectividade a tantos empreendedores e todas as pessoas no continente. Felizmente, desenvolvemos outras tecnologias, como o Aquila [drone movido a energia solar], que também vão ligar as pessoas. Continuamos comprometidos com a nossa missão de ligar toda a gente e continuaremos a trabalhar até que todos tenham as oportunidades que este satélite ia oferecer", escreveu Mark no Facebook.
This video is nuts: Moment of #SpaceX explosion at Cape Canaveral. pic.twitter.com/Vu6aLF3YYs
— Dan Linden (@DanLinden) September 1, 2016
INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL
No ano seguinte, os dois entraram em rota de colisão quando o debate sobre a inteligência artificial começou a aprofundar-se. Para o diretor da Tesla, "a IA é um risco fundamental para a existência da civilização humana", comentou num encontro de governadores dos Estados Unidos, dando como exemplo a possibilidade de robôs matarem seres humanos nas ruas. Dias depois, Mark comentou num direto no Facebook que estava "realmente otimista" na utilização da IA. "E não entendo as pessoas que tentam pintar esses cenários apocalípticos [...] É realmente negativo e, de certa forma, acho que é muito irresponsável".
A troca de argumentos não ficou por aí. Elon recorreu ao Twitter para insultar o fundador do Facebook, dizendo que Mark tinha uma "compreensão limitada" do assunto.
Curiosamente, por aquela altura Elon Musk tinha entrado há pouco tempo no leque de fundadores da OpenAI, empresa que desenvolveu o ChatGPT. Em 2018, o empresário renunciou ao cargo que tinha no conselho por "um potencial conflito futuro", dado que a Tesla também está a investir em IA para carros.
Já o dono do Facebook, Whatsapp e Instagram também quer criar produtos de IA, mas a primeira grande aposta, a Metaverso, ficou em segundo plano depois de muitos milhões investidos. No início deste ano, Mark revelou que a Meta agora vai criar um "grupo de produtos de alto nível" focado em IA generativa. "No curto prazo, vamos concentrar-nos na construção de ferramentas criativas e expressivas", explicou, para incluir experiências com texto, como o ChatGPT, e imagens nas plataformas de conversas da sua empresa.
O ESCÂNDALO DA PRIVACIDADE
Em 2018, o ano do escândalo da empresa Cambridge Analytica, que recolheu e explorou os dados de 87 milhões de usuários do Facebook, marcou outro momento na rivalidade de Elon Musk e Mark Zuckerberg, embora o líder do Facebook estivesse demasiado ocupado a tentar limpar a imagem da rede social para dar atenção aos comentários do rival.
Elon apagou as páginas das suas empresas naquela rede social e ainda fez campanha no Twitter "#DeleteFacebook", "é ridículo", argumentou na altura. E em janeiro de 2021, após a invasão ao Capitólio dos EUA, o diretor da Tesla tentou culpar o Facebook pelos tumultos violentos, usando um meme que sugeria um suposto "efeito dominó".
O X DA QUESTÃO
Elon Musk agitou o mundo das redes sociais quando anunciou o desejo de comprar o Twitter, e, quando isso se tornou uma realidade em outubro de 2022, deu início a uma revolução na empresa, começando pelo despedimento em massa dos funcionários, passou em seguida a liberar contas que estavam banidas, a cobrar por alguns serviços e no mês passado alterou o nome e eliminou o passarinho azul de 17 anos. Foi o fim do "tweet" como verbo.
Entering Twitter HQ – let that sink in! pic.twitter.com/D68z4K2wq7
— Elon Musk (@elonmusk) October 26, 2022
A agora X tem enfrentado dificuldades em explicar esta nova identidade aos seus usuários. Analistas da 'Bloomberg' acreditam que a marca pode ter perdido entre quatro e 20 mil milhões de dólares com o 'rebranding'.
Mark Zuckerberg aproveitou toda a polémica para lançar o Threads, que chegou a mais de uma centena de países em julho. Em poucos dias, a nova plataforma parecia que tinha surgido para ficar, mas um mês depois o cenário é outro. De acordo com uma análise feita pela Similarweb, citada pela 'Sábado', em apenas 30 dias a rede passou dos 49,3 milhões de utilizadores ativos de forma diária para uma média de 10,3 milhões. O tempo de utilização também caiu drasticamente, dos 21 minutos diariamente, para três minutos. Apesar das desconfianças, os 100 milhões de utilizadores da X passam em média cerca de 25 minutos na rede social.