
Luís Montenegro, de 51 anos, era, no último domingo, a imagem da felicidade ao celebrar, radiante, a vitória da AD nas eleições que o vão tornar agora no próximo primeiro-ministro de Portugal. A seu lado, contou com o apoio da legião que o acompanha no partido, dos restantes rostos da AD, dos quais se inclui Gonçalo da Câmara Pereira e da família.
A mãe e a companheira de sempre, Carla Montenegro, de 50 anos, fizeram questão de estar presentes para demonstrar o apoio incondicional ao político nesta nova fase da sua vida. Discreta, como sempre foi a sua imagem de marca, Carla escolheu uma jaqueta branca e uma imagem mais clássica para a noite eleitoral e esteve sempre sorridente, na retaguarda de Montenegro.
Espera-a também uma vida de mudanças com a indigitação do marido como primeiro-ministro. É também uma nova era para Carla que, casada com Luís Montenegro, há mais de 30 anos, tem sofrido com a carreira política do companheiro, que fez com que vivessem durante anos à distância. Enquanto ela e os filhos moravam em Espinho, a vida de deputado obrigava o político a estabelecer residência em Lisboa, com o clã a estar junto, na maior parte das vezes, apenas ao fim de semana.
Agora, e de acordo com a revista 'Sábado', esse cenário prepara-se para mudar, uma vez que Carla pretende ser uma primeira-dama em Lisboa e, agora que os filhos já são crescidos, estar mais presente nesta fase importante da vida do marido.
Para isso, deverá deixar o trabalho na ADCE – Associação de Desenvolvimento do Concelho de Espinho, onde trabalha desde 1997 e desenvolve o seu serviço junto de crianças desfavorecidas. A COMPANHEIRA DE SEMPRE DE MONTENEGRO
Os amigos nunca lhe conheceram outra namorada e garantem que Carla é quase indissociável do percurso de Luís Montenegro. Estão juntos há mais de 30 anos e o seu percurso conjugal tem sido marcado pela estabilidade.
Conheceram-se no liceu onde ambos estudaram, em Espinho, começaram a namorar e o casamento foi um passo natural. Depois disso, Carla foi tirar o curso de Educadora de Infância, em Espinho, enquanto o namorado iria estudar para a Católica, em Espinho, mas os percursos nunca mais se distanciaram. Paralelamente, a companheira de Montenegro mostrava a sua raça em campo, sendo jogadora de voleibol, tendo, inclusivamente, sido campeã nacional de voleibol feminino pelo Sporting Clube de Espinho, nos juvenis.
Antes de se juntar à Associação onde trabalha, para ajudar pessoas em situações de risco de pobreza, chegou a trabalhar num bar e numa ourivesaria em Espinho, apontou a 'Sábado'.
Os mais chegados descrevem a companheira do político como um forte pilar na sua vida, que aguentou o barco em momentos difíceis, criando praticamente os dois filhos sozinhos, numa altura em que o agora líder da AD estava durante a semana em Lisboa para se dedicar à carreira.
"Foi muito duro. A minha mulher fez um esforço enorme nos primeiros anos de vida dos nossos filhos porque eu passava metade da semana fora de casa, mas era preciso conciliar o emprego dela com todas as tarefas subjacentes ao período em que os meus filhos estavam fora da escola, portanto tinham de fazer os trabalhos", explicou Luís Montenegro.Não foram um nem dois anos, mas sim 17 aqueles em que o agora líder da AD passava a vida na estrada: durante a semana rumo a Lisboa e aos fins de semana em direção ao Norte.
"Uma das razões pelas quais não mudámos toda a vida familiar para Lisboa foi porque o meu filho mais velho foi o primeiro neto dos meus pais e dos meus sogros e a ajuda dos avós acabou por ser determinante para poder complementar a minha ausência. Se nos tivéssemos mudado para Lisboa perderíamos esse apoio de retaguarda. Foram períodos difíceis. Na altura vivíamos num terceiro andar sem elevador e a minha mulher muitas vezes levava os filhos ao colo quatro vãos de escadas até chegar a casa. Do ponto de vista mental e físico era duro. E era duro para mim estar a perceber isso à distância, mesmo que às vezes não expressasse esse incómodo." Carla acabou por ser também o ombro de Luís Montenegro quando passou pelos momentos mais duros da sua vida, ao perder
"Já perdi o meu pai, que morreu muito cedo com 66 anos. Já perdi o meu irmão mais velho, que morreu ainda mais cedo, com 45 e eles (os filhos) conviveram com um e com o outro", disse Luís Montenegro, acrescentando que esse é um assunto delicado na sua vida e que o marcou profundamente. "É um vazio. Falta-nos qualquer coisa… A nossa individualidade não está completa, não está preenchida. Gostava muito que o meu pai estivesse aqui hoje ao meu lado. E gostava que o meu irmão não tivesse tido a fatalidade que teve", acrescentou.
"O meu pai estava na aldeia quando teve um agravamento da situação de saúde, depois veio de Bragança para Gaia para o hospital e acabou por falecer. Eu estava a jantar em casa dos meus sogros quando a minha mãe me ligou a dizer que lhe tinham ligado do hospital... E foi também à mesa que eu soube não da morte do meu irmão, mas do problema que o tinha atingido. Eu estava a começar a almoçar quando a minha mãe me ligou a dizer o que estava a acontecer, mas ainda cheia de esperança de que a situação se podia reverter, mas eu tive um instinto imediato de que isso já não ia acontecer. Pus-me no carro com a minha irmã e a minha mulher", detalhou, explicando que conduziu até ao Douro, onde a família tem uma quinta e onde o irmão se sentiu mal. Devido ao facto de ser um local remoto, o socorro acabou por não ser tão célere e o homem, de 45 anos, faleceria mais tarde.
"Ele estava na quinta que temos no Douro e teve um ataque súbito, cuja intervenção para recuperação demorou um bocadinho, não por um falhanço do sistema de socorro mas porque a quinta é isolada e a acessibilidade não é fácil".