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Os novos alfacinhas. As razões que levaram Lisboa a tornar-se no local preferido das estrelas internacionais

A atriz francesa Isabelle Adjani é a última numa longa lista de celebridades que optou por Lisboa para viver, saiba quais os motivos para que as personalidades oriundas do estrangeiro se sintam atraídas pela vida na capital portuguesa.
Afonso Coelho
Afonso Coelho
26 de maio de 2022 às 22:12
Luana Piovani
Luana Piovani
Madonna
Isabelle Adjani
pub
Mallu Magalhães
Alicia Vikander, Michael Fassbender
Monica Bellucci
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Eric Cantona
Luana Piovani
Madonna
Isabelle Adjani
Mallu Magalhães
Alicia Vikander, Michael Fassbender
Monica Bellucci
Eric Cantona

Na semana transata, Isabelle Adjani anunciou que irá abandonar Paris rumo a Lisboa, onde se irá estabelecer. Entre os motivos apresentados para deixar a Cidade Luz para residir na capital portuguesa, a atriz francesa de 66 anos indicou o facto de ser menos vezes reconhecida como decisivo: "Os anos passam, sou mais sensível à doçura de viver, que se tornou rara, ao conforto do anonimato, ao luxo regenerador das curas holísticas e às viagens que comecei a retomar com o fim do confinamento", referiu à ‘Paris Match.'

Efetivamente, são cada vez mais as personalidades internacionais que elegem a capital portuguesa para viver, num reflexo de uma gentrificação em crescendo sentida pelos habitantes locais, que sofrem com a valorização do mercado imobiliário.

Não obstante, não é apenas o mais diminuto custo de vida, principalmente em comparação com outras capitais europeias ou mundiais, que faz com que estas celebridades vejam Lisboa como um destino atrativo. Como veremos, existiram outras razões para estes nomes de peso se virarem para a cidade alfacinha, ainda que há quem se tenha sentido desiludido com ‘o sonho português.’

 

UNS PASSAM, OUTROS FICAM

A este ponto, o número de famosos oriundos do estrangeiro a ter comprado propriedade em Lisboa é demasiado extenso para resumir num texto. Entre os mais reconhecíveis, estão nomes como Monica Bellucci, John Malkovich, Michael Fassbender e Alicia Vikander ou Christian Louboutin, ou até Madonna, que já pôs fim à sua aventura portuguesa por se sentir "sozinha e sem amigos." Refira-se que para muitos, ter uma casa em Lisboa afigura-se apenas como uma alternativa – Monica Bellucci admitiu que, devido às restrições, poucas vezes regressou à sua casa lisboeta durante a era pandémica, em entrevista ao ‘Expresso’ – mas, para outros, adicionou um novo capítulo à sua vida.

Luana Piovani, por exemplo, teve uma longa carreira na televisão brasileira, antes de se mudar para Cascais em 2019, com o seu (agora ex-)marido Pedro Scooby, e os três filhos. A atriz referiu a proximidade da praia, a segurança e o baixo custo de vida como fatores decisivos: "Até pensei na Califórnia, mas quero que a qualidade de vida continue igual. Lá em Portugal vamos morar em Cascais porque o Pedro precisa de um lugar com praia. É o lugar mais solar da Europa, tem pessoas recetivas, voos diretos para Fortaleza, não tem terrorismo e é o país mais barato da Europa", disse no seu canal de YouTube.

Desde então, tem somado projetos em Portugal, desde séries a participações especiais em vários programas. História semelhante tem a cantora Mallu Magalhães: a vocalista do conjunto atualmente em pausa, Banda do Mar, em conjunto com o seu marido Marcelo Camelo e o português, ex-Buraka Som Sistema, Fred Pinto Ferreira, que foi viver para Portugal em 2013. "Lisboa tem uma coisa de que gosto muito, que é uma vida cultural muito ligada ao futuro. Os artistas, os músicos, os DJ, os produtores e os designers são muito produtivos e muito abertos. Existe uma onda muito cosmopolita, há sempre novidades, e essa pulsação criativa é óbvio que me influencia muito", explicou este ano a paulista, que tem um estúdio na Estrela, em entrevista ao ‘Saber Viver.’

Já no que concerne o êxodo francófono para Lisboa, para além da já supramencionada Isabelle Adjani, também caras como a da escritora franco-marroquina Leïla Slimani e do casal composto pelo icónico ex-futebolista Eric Cantona e pela atriz Rachida Brakni, podem ser vistas nas ruas da antiga Olissipo. Cantona aliás incluiu a capital portuguesa como ponto de partida de um itinerário futebolístico que gizou em janeiro deste ano e explicou o que o fascina na população lisboeta, a partir de uma perspetiva mais desportiva: "Lisboa pode ser a capital mais pequena da Europa, mas quando se trata de futebol torna-se grande. Os adeptos do Benfica e do Sporting ligam pouco uns aos outros, mas amam a sua cidade, do Tejo às Sete Colinas. Aqui vive o fado, aqui Ronaldo fez história, Lisboa é futebol e futebol é tudo", disse, de acordo com o ‘Mais Futebol.’

Para completar, também em Espanha há quem se sinta atraído pelas paisagens de Lisboa. O mais notório exemplo é o da antiga estrela da pop espanhola, José María Cano, que comprou o Palácio Teles de Menezes, na Graça, em 2017, e lá organiza festas dirigidas à elite espanhola – como exemplo, a cerimónia de casamento entre Vicente Calderón, neto do antigo presidente do Atlético de Madrid, e Mónica Sada, fundadora da Unicskin, ocorreu nesse local no passado sábado.

MAS PORQUÊ LISBOA?

Para além dos motivos individuais apontados por cada uma destas celebridades para ver Lisboa como um destino atrativo, existem, claro, benefícios a nível financeiro ou fiscal para quem pretenda ter em território luso uma residência. O mais óbvio é o custo de vida: na plataforma 'Expatistan', que compara o preço de vários bens ou serviços nas respetivas cidades, a capital portuguesa é apenas a 62ª das 112 cidades europeias observadas com o custo de vida mais elevado, muito abaixo de locais como Londres, Paris, Amesterdão ou Munique. No rol consta igualmente o Porto, com a Invicta colocada na 76ª posição. 

Por outro lado, existem benefícios fiscais atribuídos a residentes não habituais que pretendam trabalhar em Portugal, e quem exerce a sua profissão nas artes pode ser favorecido: nas atividades listadas em Diário da República, segundo a portaria n.º 12/2010 de 7 de janeiro, estão incluídos "artistas plásticos, atores e músicos", entre outras profissões. Os rendimentos líquidos obtidos através destas atividades, por parte de novos residentes no país, que não o tenham sido nos últimos 5 anos, são alvo de uma taxa de IRS especial de 20%. É ainda possível para estrangeiros que pretendam investir em Portugal, a candidatura aos famosos Vistos Gold, ainda que as alterações à lei que entraram em vigor já este ano tenham removido a possibilidade de que investimentos em imobiliário habitacional nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto e no restante litoral sejam abrangidos por este programa.

O cada vez maior fluxo de cidadãos de classe alta para Lisboa, contudo, teve um efeito nocivo no que toca ao valor das rendas na capital. Tal é comprovado por um estudo levado a cabo pelo FMI, que concluiu que Lisboa foi a cidade europeia que mais viu este número crescer entre as 23 capitais europeias da amostra entre 2013 e 2021: trata-se de uma subida de mais de 100% neste valor em apartamentos T2, ou seja as rendas para esta tipologia mais do que duplicaram durante este período. São números que assumem uma proporção ainda mais relevante quando se considera que o salário base médio mensal dos trabalhadores por conta de outrem em Portugal, entre 2013 e 2020, cresceu apenas 14,3%, de acordo com dados da Pordata.

E qual é a ligação disto aos assuntos dos famosos? Toda... e nenhuma. Isto porque, não obstante as crescentes arduidades dos portugueses a batalhar com este fenómeno, as figuras públicas continuam a encarar Lisboa como um destino apetecível, onde encontram a tranquilidade e qualidade de vida que desejam obter, de forma acessível.

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