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SOS COVID! Um novo confinamento, o natal em perigo e o que ainda podemos fazer para salvar este inverno

Corremos o risco de um novo confinamento? Vamos poder voltar a estar todos sentados à mesa na noite de natal? Há o risco de regredirmos ficarmos fechados em casa? Quem é que afinal deve levar a terceira dose da vacina? Então e a vacina não serviu para nada se podemos "voltar ao mesmo"? THE MAG falou com José Manuel Ferreira, Presidente da Direção da Associação Nacional de Tuberculose e Doenças Respiratórias, que nos esclarece e e explica como lidar com o que pode vir por aí.
Carolina Pinto Ferreira
Carolina Pinto Ferreira
28 de outubro de 2021 às 23:38
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Já passou um ano e oito meses desde que Portugal luta contra a Covid-19. Conseguimos, até á data, ter 86% da população vacinada. Tornámo-nos um exemplo para a Europa e para o mundo, mas todos os dias continuamos a registar centenas de novos casos. O inverno está à porta e os portugueses começam a temer o que o futuro lhes reserva. Afinal, quais são os resultados da eficácia da vacina? Corremos o risco de voltarmos a confinar? De estar afastados de quem mais amamos? De recuar na liberdade que, aos poucos e com medo, temos vindo a recuperar? E o natal? Vamos poder voltar às mesas cheias de gente, com abraços e gargalhadas?

Ninguém pode prever exatamente o que aí vem mas há cuidados a manter e, como sempre, tudo depende de cada um de nós. A FLASH! falou com José Manuel Ferreira, Presidente da Direção da Associação Nacional de Tuberculose e Doenças Respiratórias, que nos prepara para todas as frentes.  

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Veja a fila de ambulâncias no Hospital Santa Maria

O RISCO DE UM NOVO CONFINAMENTO E O NATAL

Os últimos dados relativos à pandemia, estimam que o número de mortes pode disparar antes do natal ou que a meio de janeiro o País registe entre 200 a 500 óbitos por dia. Este é um cenário plausível ou, para já, exagerado?

Estas estimativas, tal como as sondagens no campo da política valem apenas como tal: hipóteses, que nos devem fazer pensar e tomar as medidas de prevenção adequadas, mas que não devem ser aceites como futurologia, ou mesmo como realidade provável. Devem-nos fazer pensar, pois correspondem a um grupo de riscos que, esses sim, existem e podem, e devem, evidentemente ser contrariados.

Portugal corre o risco de voltar a confinar? 

Tenho muita confiança que tal não venha a acontecer, mas é uma possibilidade que não se pode descartar com segurança. Tudo depende de nós. Agora que já vivemos as consequências sociais e sanitárias do vírus SARS-Cov2, é nosso dever manter atitudes de precaução e de diagnóstico precoce e isolamento das infeções. Se não o fizermos, se as pessoas com sintomas continuarem a sonegar o isolamento e a declaração às autoridades de saúde, tenho receio que a época de reuniões de família e amigos, no Natal ou durante o Inverno sejam riscos sérios de disseminação ampla do vírus e suas variantes.

"Tenho muita confiança que tal não venha a acontecer [Portugal voltar a confirnar], mas é uma possibilidade que não se pode descartar"

Faz algum sentido que voltemos todos a estar fechados em casa?

Não faz, de facto! Mas depende de fenómenos sociais que deveriam ser prevenidos por uma ampla campanha de literacia de saúde. De uma vez por todas, temos que ter consciência da nossa responsabilidade, como indivíduos,  sobre o bem estar e a prosperidade económica de todos.

AS ESTIRPES MAIS PREOCUPANTES

Quais são as novas estirpes que levantam preocupação e porquê?

São muitas as variantes deste vírus SARS-Cov2, que circulam em todo o mundo. Na verdade, manifestam sobretudo mutações duma proteína da superfície do vírus, a proteína "spyke" (pode traduzir-se como "arpão", pois é o ponto de ligação do vírus às nossas células). Esta proteína é que "ensina" a nossa imunidade a atuar depois, para se defender das aguilhoadas do vírus.

Duas das suas variantes mais preocupantes são:

A B.1.1.7 (Alfa), também conhecida como 20I/501Y.V1, que foi primeiro identificada no Reino Unido em final de 2020, e causou o nosso descalabro no Natal passado, por ser mais transmissível que o vírus nativo, de origem na China.

A B.1.617.2 (Delta), também conhecida como 20A/S:478K, que também surgiu, pela mesma altura, na Índia, ainda mais transmissível que a variante Alfa e que demonstrou causar doença mais grave.

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A solidão em Lisboa. Cidade vazia durante Estado de Emergência

A PREVENÇÃO DEPENDE DE TODOS

O que é que a população deve continuar a fazer para prevenir a propagação do vírus?

Atitudes simples, mas eficazes. Sobretudo o afastamento físico e social, que tanto nos penaliza, mas que se tornou uma atitude fundamental de controlo da propagação dos vírus. A higiene das mãos, que são o ponto do nosso corpo mais suscetível de tocar fontes de presença dos vírus e transmissão à nossa boca e nariz, ou a outros. As mãos são as bandejas onde se transportam os vírus! A máscara, como barreira simples, mas eficaz, em impedir saída de gotículas do nosso sistema respiratório e também escudo de proteção de partículas (embora principalmente apenas das mais grosseiras) vindas do ar.

"Estamos 'nas mãos da Mãe Natureza': as variantes novas podem contornar os nossos esforços para vencer a pandemia"

A EFICÁCIA DA VACINA

Até à data, o que se pode dizer da eficácia da vacina? A toma da terceira dose é essencial para evitar estes números? Devia-se estender a toda a população?

A eficácia da vacina está à vista de todos. Com todo o espalhafato que constituíram as opiniões e notícias, muitas delas infundadas ou mesmo falsas, que têm sido divulgadas durante esta pandemia, a(s) vacina(s) tem sido o principal fator de contenção dos efeitos deste vírus, quer no que respeita a óbitos, quer no consumo de recursos de saúde. Tem riscos, mas o peso destes é infinitamente menor que o dos benefícios.

A toma da terceira dose vai-se impondo como necessária, sobretudo em pessoas vulneráveis. Aqueles que mais receiam tomar esta dose de reforço poderão ser os que mais precisam dela. Não me parece que todos precisem desta dose de reforço da mesma forma, mas este assunto ainda está a ser estudado por vários especialistas de investigação.

Pode-se tomar a vacina da gripe e a terceira dose em conjunto? Deve de existir um intervalo de tempo entre ambas?

Eu tenho recomendado que, se possível, as vacinas sejam tomadas com um intervalo mínimo de quinze dias, mas reconheço que não há demonstração que tal seja essencial para a segurança. Na possibilidade de haver qualquer tipo de reação adversa à vacina, a administração simultânea retira-nos o discernimento de qual foi a sua causa e até pode misturar estas consequências.

AFINAL,  PARA QUEM É A TERCEIRA DOSE?

Por uma questão de esclarecimento: quem deve tomar a terceira dose da vacina?

Para todos os que tomaram uma vacina de classe mRNA (da Moderna ou da Pfizer), é atualmente recomendada pelo Center for Disease Control (CDC – Estados Unidos) uma dose de reforço pelo menos seis meses após completar a série primária (duas doses de vacina) para:

 - Adultos com 65 ou mais anos de idade;

 - Adultos com 50 ou mais anos de idade. em risco de doença grave por COVID-19 devido a comorbilidades;

 - Adultos entre 18 e 50 anos de idade. em risco de doença grave por COVID-19 devido a comorbilidades podem receber uma dose de reforço, após ponderação de riscos e benefícios individuais;

- Adultos entre 18 e 64 anos de idade, com riscos ocupacionais ou institucionais de exposição ao SARS-CoV-2 (exemplos, profissionais de saúde ou os que vivem em instituições) podem receber uma dose de reforço, após ponderação de riscos e benefícios individuais;

Todas as pessoas que antes receberam a vacina Ad26.COV2.S (Janssen/Johnson & Johnson), devem também receber uma dose de reforço dois ou mais meses depois.

 No "Referencial Covid-19: Outono-Inverno 2021-22", recentemente publicado pela DGS, recomenda-se:"A evidência da necessidade de vacinação com doses de reforço é, ainda, limitada, contudo, os dados disponíveis sugerem que possa apresentar um benefício na prevenção da doença grave, hospitalização e morte em populações vulneráveis. Assim, está recomendada uma dose de reforço, nos termos da norma n.º 002/2021 da DGS, adotando-se uma estratégia de proteção das populações vulneráveis. Adicionalmente, com o objetivo de salvaguardar a efetividade das vacinas em pessoas com imunossupressão, é recomendada uma dose adicional, de acordo com a norma n.º 002/2021 da DGS, como parte do esquema primário, para pessoas que podem não ter alcançado o nível de proteção adequada."

Esta diferença entre dose de reforço e dose adicional, embora ambas sejam uma terceira dose de vacina, diz respeito ao intervalo desde a segunda administração, mais curto (cerca de 2 meses) no caso da dose adicional.

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