A estreia nos livros de Luísa Sobral com uma história que esteve nas notícias e virou ficção
De leitora ávida, a artista pegou na caneta e começou a escrever uma história que já tinha passado para canção, mas que sentiu que não terminava aí. Nasceu, então, o seu primeiro romance, agora publicado pela Dom Quixote.Luísa Sobral é conhecida do grande público pelo talento para a música, mas a sua paixão pelos livros sempre foi notória para aqueles que a acompanham nas redes sociais, onde ela vai partilhando um pouco daquilo que lê, o que mais a tem marcado, entre outras reflexões. Foi, por isso, um passo natural o primeiro romance que agora publica, 'Nem todas as Árvores Morrem de Pé', que conta uma história que foi, em primeira instância, canção e depois passou para os livros.
“Os meus amigos de vez em quando leem notícias e coisas que acham que podem ser inspiradoras para canções, então uma amiga enviou a história de um casal com o apelido Feliz, mas que decidira terminar a vida junto, ou seja, terminar-se. Eu achei isso super irónico e poético ao mesmo tempo, então decidi escrever uma canção sobre isso. Só que todos os meus assuntos ficam resolvidos nas canções, mas este não ficou. Foi uma história que parecia que continuava em mim a querer ser mais alguma coisa. Então, decidi começar a escrever um texto que eu achei que ia ser uma peça de teatro, porque eu já ando há um tempo a querer escrever uma peça de teatro, e comecei a escrever, e de repente percebi que não queriam ser só canção, depois não queriam ser peça de teatro, quiseram ser romance", contou à Lusa a artista, que é irmã do também músico Salvador Sobral.
Com uma vida familiar preenchida, com quatro filhos, Luísa aproveitou o silêncio de um retiro de escrita, oferecido pelo marido, para começar o processo e tudo o resto foi fluindo.
O livro acompanha, então, a história de duas mulheres, passando-se em dois tempos diferentes: antes da Segunda Guerra Mundial e depois de as Alemanhas terem sido divididas. "Este é um romance sobre duas mulheres unidas pela desilusão e pelos cinquenta anos mais tristes da história da Alemanha", pode ler-se na sinopse. No meio deste registo, as plantas, uma paixão de uma das personagens e da própria autora, acabam por tornar-se num registo muito presente do primeiro romance de Luísa Sobral, que obteve uma receção calorosa da crítica, por ser muito completo e ter dentro de um próprio género tantas nuances.
Quando enviou o livro para a Leya, Luísa Sobral confessa que temeu a reação da editora, que sabia que iria ser sincera. Consciente de que o seu mediatismo podia ser um ponto de partida e uma rampa de lançamento, a artista admite que não queria 'misturar as águas' e sentir que só lhe estava a ser dada esta oportunidade por ser quem era.
"Sabemos que há muita gente que escreve livros, que às vezes nem os escreve, e como já tem alguma visibilidade noutras áreas, acabam por ser apelativos para o público em geral. Mas eu não queria ser essa pessoa, eu não queria ter um romancezeco com o meu nome."
O livro obteve o aval, foi lançado pela Dom Quixote e deixou o bichinho em Luísa Sobral, que já está a escrever o seu segundo romance.