
Atualmente, o fenómeno das raves e das festas de eletrónica está cada vez mais popular entre os jovens portugueses mas, a realidade é que a explosão desta cultura em Portugal aconteceu há mais de 30 anos. A revolução que o país lusitano sofreu no início dos anos 90 foi tão grande que chegou a ser mesmo apelidado de 'paraíso' pelos Djs estrangeiros que cá atuavam.
É o novo documentário, 'Paraíso', realizado por Daniel Mota e produzido por João Ervedosa e Maria Guedes, que chega agora ao festival IndieLisboa para nos contar tudo sobre a evolução deste estilo de festa e como o inicio da década 90 rescreveu a história não só da música portuguesa como também da eletrónica a nível mundial.
Ao longo de 80 minutos de filme, somos confrontados com depoimentos de DJs, produtores, bailarinos e promotores e com histórias inéditas sobre idade de ouro e dos tempos intensos onde se sentia a música de forma épica em discotecas, castelos e espaços totalmente inusitados.
Celebrava-se como se a noite fosse um verdadeiro ritual, quem ia vestia-se de forma excêntrica e audácia era a palavra principal no Convento de São Francisco de Assis, em Coimbra, e no Castelo de Santa Maria da Feira, locais onde foram realizadas as primeiras raves do país. Mais tarde, as noites chegaram também a armazéns e discotecas espalhados por Portugal inteiro, ganhando destaque o Alcântra-Mar, o Kremlin e o Xabregas 61.
Foi numa compilação dedicada à música de dança portuguesa denominada Total Kaos que o DJ Rob Di Stefano apelidou pela primeira vez a cena portuguesa como "paraíso", dando-lhe assim destaque internacional.
'Paraíso' pretende contar esta história como nunca foi contada antes e explicar este fenómeno que muitos dizem até hoje não ter explicação pois, tal como se ouve no filme, "ninguém percebeu verdadeiramente o que estava a acontecer".