É só nas redes sociais? Funeral de Nuno Guerreiro choca pela ausência de parceiros de palco e colegas do mundo da música
Sobram dedos de uma mão para enumerar os rostos mediáticos da música que marcaram presença nas cerimónias fúnebres de Nuno Guerreiro, em Loulé, onde a mãe enlutada chorou ao lado dos muitos populares que não esqueceram o músico no derradeiro momento.Ao longo da última semana, vídeos, declarações de amizade e homenagens inundaram as redes sociais, onde só se falava de uma coisa: o talento ímpar de Nuno Guerreiro, as histórias de muitos com ele partilhadas e o vazio que a sua partida deixava. Era, sem dúvida, uma das grandes vozes de Portugal, marcou gerações e o seu contributo para o meio artístico nacional é inegável. Talvez por isso faça tão pouco sentido o vazio das imagens das cerimónias fúnebres do artista, que morreu aos 52 anos, onde, além do sofrimento da mãe, família e amigos mais chegados, é notória a ausência daqueles que com ele tantas vezes partilharam palco e que foram deixando as suas homenagens no Instagram.
Se o facto de as cerimónias terem decorrido em Loulé, no Algarve, até podiam desencorajar a presença no velório, que começou só pelas 20h30 da última terça-feira, 22, em relação ao funeral essa justificação parece já não se aplicar, uma vez que decorreu a meio da manhã. Ainda assim, de caras conhecidas do mundo da música só lá estavam três: o agente, Manuel Moura dos Santos, seu grande amigo, que acompanhou de perto todo o processo que levou à morte do músico, vítima de uma infeção generalizada, Olavo Bilac, a eterna voz de Santos&Pecadores e a cantora Liliana Almeida, também conhecida pela sua participação em reality shows.
"Fico um bocadinho desiludida de nestes funerais não ver mais gente, mais artistas, de não ver ali uma homenagem mais séria", lamentou Maya quando o assunto foi abordado no programa da CMTV 'Noite das Estrelas', onde Daniel Nascimento alertou para a forma como, tantas vezes, o termo amizade é utilizado de uma forma leviana.
"As pessoas usam a palavra amizade de uma forma leviana. Se formos olhar à volta, percebemos que não temos tantos amigos, nestes momentos percebemos."
No programa falou-se ainda como, nos dias que correm, a homenagem nas redes sociais estar a substituir a presença nas cerimónias fúnebres, ainda que para os familiares, e neste caso a mãe enlutada, as palavras não se possam comparar ao aconchego de um abraço na hora certa. Teve-o não dos colegas de palco famosos do filho, para quem vivia e de que tanto se orgulhava, mas das centenas de populares que quiseram prestar homenagem a uma voz que continuará a ser ecoada por muitos anos, num legado que faz parte da História da música em Portugal.