
Desde há uma semana que o assunto está na ordem do dia, colocando um escândalo amoroso nas manchetes dos principais jornais económicos e tudo porque uma denúncia anónima revelava que Filipe Silva, CEO da Galp, manteria um caso amoroso com uma diretora da empresa, que dependia hierarquicamente de si. O caso foi analisado pela Comissão de Ética e o profissional obrigado a esclarecer a sua vida sentimental em sede própria, num caso que culminou com o gestor a apresentar a demissão por "motivos familiares".
Na última quinta-feira, dia 9 de janeiro, Miguel Sousa Tavares comentou o assunto no noticiário da noite da TVI e mostrou-se indignado com a política da Galp relativamente ao caso, garantindo que esta tem laivos de Ditadura.
"Eu percebo que as empresas tenham um Comité de Éética, devem tê-lo, até percebo que a denúncia anónima seja uma forma de abrir processos, agora o que eu não posso aceitar em Portugal, e com a Constituição que temos, em que há um artigo em que diz que todos têm o direito à sua vida privada, é que alguém seja encostado à parede porque tem uma relação amorosa com alguém no seu posto de trabalho", afirmou, acrescentando que em Portugal "não devemos imitar os americanos em tudo".
Miguel Sousa Tavares esclarece que compreenderia a situação se se tratasse de um caso de assédio moral ou sexual, o que nada têm a ver com o que se passou com o CEO da Galp, empresa liderada por Paula Amorim.
"Isso não pode ser proibido. Pode ser proibido o assédio moral, o assédio sexual... É completamente inconstitucional, ilegal e amoral, a menos que junto da denúncia viesse uma acusação de que essa relação tinha estabelecido um conflito interesses prejudicial à empresa, o que não aconteceu. Isto tem qualquer coisa de inquisitorial."
Sousa Tavares admite ainda que este tipo de ações são perigosas e que comprometem a liberdade individual de cada pessoa, abrindo portas a um caminho que se pode revelar espinhoso.
"Não podemos deixar que se instale um clima do politicamente correto que acaba na devassa da vida privada das pessoas. Obrigá-las a confessar casos amorosos no local de trabalho? E a seguir vou obrigá-las a confessar o quê? Quanto dinheiro têm no banco? Quais são os vícios secretos? Isto é um princípio inquisitorial", disse, não calando a sua revolta. "Fiquei indignado... Até porque é uma coisa que faz bem à saúde."