Saiba porque esta é a pior crise na família real inglesa desde 1936
Comparações entre o ‘Megxit’ de Harry e Meghan e a abdicação de Eduardo VIII, que trocou tudo pelo amor de uma americana casada, começam a surgir.
Para muita da população do Reino Unido com apreço pela monarquia, o ‘Megxit’, nome dado ao abandono dos duques de Sussex à família real, foi visto como uma afronta, mas as revelações feitas na entrevista dada à televisão norte-americana constituem-se como uma mancha ainda mais séria no prestígio da realeza britânica.
Na passada terça-feira, o jornal inglês Daily Mirror fez manchete com as consequências da entrevista para os próximos tempos do quotidiano do Reino Unido, chegando ao ponto de afirmar que esta é "a pior crise real dos últimos 85 anos."
Mas então o que se passou há 85 anos? Em janeiro de 1936, o Príncipe de Gales, Eduardo VIII sucede a Jorge V após a sua morte, mas o seu reinado não iria durar até ao final do ano. A história começa quando, já à chegada ao trono, Eduardo mantinha um caso próxima com uma socialite norte-americana, Wallis Simpson, que havia casado por duas vezes, subsistindo o último destes matrimónios.
Se já havia dúvidas iniciais entre os políticos da época se o estilo de vida e postura do novo rei se coadunavam com a posição, estas rapidamente se transformaram numa certeza, quando o elo entre os dois provocou uma crise constitucional.
Em outubro do mesmo ano, Wallis ganha permissão para se divorciar do seu marido, Ernest Simpson, numa altura em que a relação com Eduardo já era conhecida: este comportamento não era bem-visto pela sociedade britânica, dado que a Igreja não aprovava o facto de alguém se poder casar novamente enquanto o ex-parceiro fosse vivo.
Como o Rei era na altura também o governador supremo da Igreja, um possível casamento iria contra as normas por esta estabelecida. O antagonismo do Primeiro-Ministro, Stanley Baldwin a esta situação, prometendo desocupar o lugar caso o casamento fosse adiante, levou a que, para evitar uma crise política, Eduardo abdicasse do trono, tornando-se o primeiro na história da monarquia britânica a fazê-lo. Eduardo e Wallis, de aqui em diante, os Duques de Windsor, acabariam por casar em 1937 e iriam viver juntos em França... até a morte os separar.
Ora as ligações com o caso de Harry e Meghan são tão identificáveis quanto ténues. Se Meghan é também uma personalidade norte-americana que já tivera um outro casamento, Harry não está no trono, nem sequer é um sucessor imediato. Todavia, o abalo nas normas vigentes relativas à monarquia britânica e à Família Real é comum a ambos os casos: até o vestido usado pela Duquesa na entrevista já foi comparado a um que Wallis usara numa icónica fotografia. Para rematar, há que apontar uma última curiosidade: Wallis e Eduardo também compareceram, mais tarde nas suas vidas, na sua entrevista bombástica transmitida através da televisão, em que abordaram a monarquia britânica.