Obrigada a ser "mãe" dos pais, saiba o que salvou Rosa Bela de um ambiente familiar "pesado" quando se sentia "muito perdida"
Filha de pais surdos, atriz Rosa Bela atravessou um período particularmente difícil em que, muito jovem, teve de cuidar dos pais e do irmão.
A atriz Rosa Bela, de 32 anos de idade, saltou para a ribalta muito por culpa do amor controverso com o também ator Carlos Areia, de 80 anos. A ligação entre os dois começou quando Rosa Bela tinha apenas 16 anos. Sobre o início da relação, a atriz recordou a sua atitude na altura, Bela confessou a Manuel Luís Goucha há alguns meses que "sabia que tinha cometido um erro".
Porém, e apesar de todas as críticas e julgamentos, o casal de atores mantém-se junto há 16 anos, com altos e baixos, como é natural em qualquer relação. Recorde-se que recentemente, Rosa Bela confessou que Carlos Areia ponderou a separação quando a atriz saiu do 'Dilema', reality show da TVI apresentado por Goucha que acabou há poucas semanas.
E Rosa Bela entrou em 'Dilema' extamente para tentar vingar na sua profissão de atriz, à procura de novas oportunidades que pudessem surgir com a exposição mediática do programa da estação de Queluz de Baixo. Rosa já por diversas vezes disse sentir-se prejudicada pelo preconceito de estar numa relação com um homem 48 anos mais velho e lamenta não ser chamada mais vezes para trabalhar.
E o teatro foi precisamente o que a salvou numa fase da sua vida em que se sentia "muito perdida". Filha de pais surdos, Rosa Bela acusou o peso dessa responsabilidade muito cedo, quando tinha apenas 12, 13 anos de idade e era obrigada ao papel de "mãe" dos pais e do irmão. O teatro surgiu na sua vida como um escape dessa realidade mais dura, imprópria para uma criança.
Rosa Bela recordou essa fase mais difícil da sua vida no podcast 'Oh Filhos, Calem-se'. "Lembro-me de ter conhecido o teatro – porque eu não sabia o que era teatro. Sabia de nome mas não sabia o que era – e foi um bocadinho um escape da minha vida pessoal e da minha vida familiar", começa por contar. "Conheci o teatro através da escola, numa altura em que andava muito perdida, ali na fase dos 12, 13 anos de idade, sem saber muito bem qual era o meu papel no mundo, na vida, na família, em que estava muito sobrecarregada de coisas familiares – tinha de cuidar do meu pai, da minha mãe, do meu irmão", recorda.
"A certa altura senti que estava a sufocar, então conheci o teatro. 'Vai haver aqui um grupo de teatro da escola, se quiseres experimentar'... e eu ok, olha não perco nada e eram mais umas horas que eu não estava em casa. E a primeira vez que eu experimentei e tive conhecimento foi incrível. Foi assim uma coisa extraordinária, tinham passado duas horas e eu não tinha dado conta. Estava a ser muito feliz e conseguia abstrair-me da minha vida pessoal, da minha vida familiar, do meu dia a dia, também da escola que, no fundo, também era uma coisa que eu nunca gostei muito. Foi um escape", descreve a atriz.
A representação acabou por ser a sua tábua de salvação. "Digo sempre que o teatro salvou-me, resgatou uma pessoa que não sabia o que é que era naquela altura da vida. O teatro entrou na minha vida assim, como refúgio, como forma de eu me conhecer a mim própria, de perceber o que é que eu queria, o que é que eu gostava e, naquela altura, eram umas horas, para além da escola, que eu estaria fora de casa. Que o ambiente na minha casa era difícil, era pesado, mas era eu que o tornava pesado e difícil", assume.
Para além de a ter resgatado e ajudado a encontrar rumo, o teatro também serviu para ajudar Rosa Bela a aproximar-se dos pais. "Como os meus pais são surdos era uma forma também de eu chegar um bocadinho a eles, de tentar compreendê-los, de tentar compreender a mim, tentar compreender a nossa mecânica familiar e um bocadinho o meu papel de "mãe" dos meus pais. Sem eu saber deu-me um caminho. Depois, a partir dali, nunca mais quis parar. Ajuda-nos muito, traz-nos um autoconhecimento e controle das emoções", aponta ainda Rosa Bela.