
Simone de Oliveira lançou o alerta: Vítor de Sousa não atende o telemóvel aos amigos e vive em profundo isolamento no meio de uma batalha contra a depressão.
"Ele não atende ninguém. Está com uma depressão de tal modo que não fala com ninguém, não vai à rua, ninguém sabe o que se passa, ninguém sabe o que é que aconteceu", descreve a veterana atriz e cantora, que atualmente vive na Casa do Artista (Lisboa), em declarações à 'Nova Gente', acrescentando que chegou mesmo a pedir a um médico para lhe ir bater à porta.
Entre os amigos, a preocupação com o ator, de 78 anos, é imensa, e o caso não é para menos. Vítor de Sousa tem um longo historial de batalhas contra a depressão que o próprio não esconde. Em entrevista à 'Sábado' nomeou vários desses períodos que o atiraram para um lugar escuro.
"Houve uma fase muito má. Estava sem trabalho, com um desgosto de amor e tive uma depressão. Pensei que se tomasse meia dúzia de comprimidos e um gin tónico, morria. Claro que não morri, mas foi feio. Estava em casa com a minha avó, ela a passar a ferro, e quando a minha mãe chegou eu estava inanimado na cama dela. Não se faz! Lembro-me da minha mãe espreitar pelo vidro da enfermaria, feliz, mas a fazer um gesto de descompostura", partilhou, acrescentando que, durante a vida, voltaria a viver períodos difíceis.
O momento em que o seu nome foi associado ao Caso Casa Pia foi duro. No entanto, quando anos mais tarde foi confrontado com a morte da mãe, o seu mundo desabou.
"Estava sozinho em casa quando ouvi o meu nome ser anunciado na televisão. Não sei como surgiu. Acho que tinham de arranjar nomes. Fiquei aflitíssimo e nunca tinha visto aquele Carlos Silvino. Mas o que foi o caso Casa Pia comparada com a morte da minha mãe? Nada... Estava em Portimão para atuar e recebera um bilhete dela a dizer que, pela primeira vez, não ia à estreia de uma peça minha. Já não falava, por causa de uma esclerose lateral amiotrófica e eu pagava mais de 1.500 euros para ter alguém sempre a acompanhá-la. Foi um enorme esforço financeiro, ela merecia tudo, mas nunca lhe disse que passava dificuldades – ela pensava que eu pagava 500 euros. Soube da morte às 6h e fui a correr para a rua, chorei ao pé da praia. Queriam cancelar o espectáculo, mas rejeitei. A lotação estava esgotada."
É a mulher a quem deve tudo, até porque numa tenra idade o criou sozinho. Tanto que Victor só viria a conhecer o pai já muito tarde, numa altura em que já tinha mais de 40 anos, quando este lhe pediu que fosse sua testemunha num acidente. Conta o ator que marcaram encontro nos Restauradores e desde então estiveram juntos mais um par de vezes até o pai morrer.
"Cumprimentei-o e não senti nada, nem um arrepio. No fim da conversa, dei-lhe um beijo e fui-me embora. Queria pedir-me desculpa por me ter abandonado mas eu não via razões para aquele senhor, que não conhecia de lado nenhum, me pedir desculpas depois de 40 anos. Fui de uma frieza pura. Depois disso, almoçávamos juntos, de vez em quando."
Já depois da morte da mãe, em quem assume pensar todos os dias, Vítor de Sousa acabaria por ser assolado por um problema de saúde que o confrontou novamente com episódios depressivos.
"Foi uma diverticulose [infecção nos intestinos] que me fez emagrecer 10 kg. Achei que tinha um cancro que me estava a destruir e entrei em depressão. Tinha medo de estar sozinho, desenvolvi uma grande mania da perseguição, doeu-me muito. Quando adormecia, chegava a pensar que já não acordaria."
Uma vida de altos e baixos que agora volta a ser motivo de preocupação para os mais próximos de Vítor de Sousa, que lançam um alerta de preocupação.