
Depois da dor da partida de Marco Paulo, aos 79 anos de idade, vítima de cancro nos pulmões e no fígado, a abertura do testamento do cantor de 'Eu Tenho Dois Amores' veio gerar polémica entre os mais próximos do popular artista. De um lado estão os que acompanharam de perto as ultimas décadas da vida de Marco – o compadre, Toni Coelho, e o afilhado, Marco António – e do outro estão os irmãos e os sobrinhos.
O testamento, lido no dia seguinte à missa do sétimo dia – 31 de outubro –, ditou que a fortuna de Marco Paulo fosse dividida entre Toni e o filho, Marco António. A família de sangue do cantor, irmãos e sobrinhos, ficou de fora e não vai receber um tostão do património multimilionário, tal como a FLASH! já havia noticiado.
A quinta em Mem Martins, nos arredores de Sintra, onde era gravado o programa da SIC 'Alô Marco Paulo', a moradia no Algarve, dois apartamentos em Sesimbra, dois apartamentos na Costa de Caparica, a moradia nos Estados Unidos e o apartamento em Paris, para além dos automóveis topo de gama, o barco e várias contas bancárias de valores avultados passam para a posse do compadre, homem de confiança de Marco Paulo há mais de 40 anos, e para o filho, o afilhado a quem o cantor tratava como sendo seu próprio filho.
Apenas o imenso espólio da longa carreira artística de Marco Paulo ficará ao cuidado da Câmara Municipal de Mourão, que se compromete a fazer um museu em seu nome. Esta divisão dos bens acabou por deixar alguns amargos de boca. "A família de sangue não herdou um cêntimo e foram chamados apenas para que não restassem dúvidas de que tudo tinha sido feito dentro da legalidade, e para que tivessem a certeza de que era a vontade do tio", explicou uma fonte à 'Nova Gente'.
Muito se tem falado do testamento de Marco Paulo e alguns chegaram mesmo a questionar a legalidade do documento. No entanto, parece não haver dúvidas que o cantor poderia fazer o que entendesse com a sua fortuna, uma vez que não tem descendentes – filhos, netos –, nem ascendentes – pais ou avós.
A explicação foi dada pelo advogado Vasco Jara e Silva num programa da TVI. "Sim, pode [excluir a família de sangue]. Qualquer indivíduo tem uma quota disponível, reverte a um terço do património, e uma quota indisponível, a dois terços. Aplica-se nos casos em que qualquer indivíduo tenha cônjuge, descendentes ou ascendentes. O Marco Paulo não era casado, não tinha filhos e também já não tinha os pais vivos."
"Um indivíduo como o Marco Paulo, que não tem cônjuges, descendentes nem ascendentes, não é obrigado a cumprir a quota disponível e a quota indisponível, ou seja, todo o seu património é quota disponível. Isso acontece quando existe um testamento. Se não houver testamento nenhum por parte do Marco Paulo, então todo o seu património é deixado aos irmãos, sobrinhos e, à falta destes, primos até ao quatro grau ou o Estado, que é o último herdeiro de todos os indivíduos. Tendo havido testamento e não tendo obrigatoriedade de cumprir a quota disponível e indisponível, então ele pode dispor de todo o seu património e deixar a quem bem entender", sublinhou ainda o causídico.