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Carlos Rodrigues
Carlos Rodrigues A Grelha da Semana

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A cantiga é uma arma

A cantiga é uma arma, diz-se com razão em Portugal, num princípio fundador da música de intervenção. A politização do Eurofestival foi sempre um fator que relativizou a sua importância. Mas o mundo mudou, e as causas irrelevantes do sociedade de consumo foram trocadas pela necessidade real, bruta e imperiosa de defender a paz e a resistência ucraniana contra o invasor russo.
19 de maio de 2022 às 12:27
Banda Kalush Orchestra
Banda Kalush Orchestra Foto: Instagram

Logo depois de ganhar o Eurofestival, o vocalista dos Kalush Orchestra despediu-se da namorada à porta do hotel e voltou para a Ucrânia, onde ajuda no esforço de guerra a distribuir bens essenciais aos refugiados. "É impossível divertir-me quando estou tão preocupado com os meus", disse aquele que passa a ser o combatente ucraniano mais famoso da atualidade, guerreiro por meios audiovisuais e musicais.

Já na véspera, no fim do espetáculo, Oleg Psiuk tinha dito ao enviado especial da RTP que "queria levar boas notícias aos ucranianos, que delas andam tão necessitados": "Por favor, ajudem o meu país. Mariupol. Ajudem Azovstal, já." O apelo à votação foi feito em direto para toda a Europa. E foram os europeus, em votação telefónica, que acabaram por lhe dar uma vitória avassaladora sobre toda a concorrência. Tratou-se de uma espécie de mega sondagem, em todo o continente europeu, sobre a guerra na Ucrânia, e o resultado não podia ser mais esclarecedor. A cantiga é uma arma, diz-se com razão em Portugal, num princípio fundador da música de intervenção. A politização do Eurofestival foi sempre um fator que relativizou a sua importância. Mas o mundo mudou, e as causas irrelevantes do sociedade de consumo foram trocadas pela necessidade real, bruta e imperiosa de defender a paz e a resistência ucraniana contra o invasor russo. A partir de agora, os Kalusha são os grandes embaixadores desta causa. 

PROGRAMAÇÃO - 'PANTANAL'

Pantanal
Pantanal

A nova novela da Globo que a SIC programou para depois da meia-noite é um festim de sentidos. Os primeiros episódios tinham uma qualidade plástica enorme, com paisagens deslumbrantes e ambientes extraordinários. Porém, a história passa-se num Brasil rural, com um português hoje em dia difícil de entender pelo público do lado de cá do Atlântico. Quando essa dificuldade for ultrapassada pelo hábito de visionamento diário, 'Pantanal' será um grande sucesso também em Portugal, e a SIC vai dominar o horário. 

PROGRAMAÇÃO - 'CAIXA MÁGICA'

Fátima Lopes, Caixa Mágica
Fátima Lopes, Caixa Mágica

Já tínhamos chamado a atenção para a impossibilidade de o formato da SIC ter sucesso se apostar apenas em fazer de Fátima Lopes uma apresentadora delicodoce. Análise mais conhecedora indica que as histórias cheias de bons sentimentos e de gente feliz se tornaram numa obsessão da apresentadora, e isso fragiliza o formato. Congela-o longe da emoção. Mesmo o ambiente, azul frio, prejudica a performance. Fátima está necessitada de cores quentes e emoção, histórias ásperas, em suma, de assumir que está no day time. Ao sábado, mas day time.

SOBE - MARO

Maro
Maro Foto: Getty Images

Para Portugal, houve Eurovisão para lá da Ucrânia. A participação de Maro teve imensa qualidade e representou dignamente o País. O 9.º lugar final é, mesmo assim, das melhores classificações de sempre. 

 

SOBE - MANUEL LUÍS GOUCHA

Manuel Luís Goucha
Manuel Luís Goucha

O apresentador está em forma e mantém uma liderança sólida nas tardes. A base? Convidados bem escolhidos, e conversas que são, depois, bem executadas. A renovação do contrato é justo reconhecimento.

 

SOBE - PEDRO ADÃO E SILVA

Pedro Adão e Silva
Pedro Adão e Silva Foto: Cofina Media

As primeiras intervenções do ministro com a tutela da RTP têm sido pautadas pela ponderação e pelo bom senso. A necessidade de repensar o contrato de concessão do serviço público era óbvia. Aguardemos pelas próximas iniciativas.

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