
Não deve ser fácil exercer a direção numa televisão de clube. A entrevista de Júlio Magalhães ao semanário 'Novo' é bom testemunho da realidade vivida enquanto esteve à frente do Porto Canal, estação propriedade do FC Porto. Juca, como é conhecido no meio, liderava o canal quando foram divulgados os emails do Benfica, divulgação essa executada, não por jornalistas que tenham feito uma seleção editorial dos conteúdos, mas por funcionários do clube portista, ou seja, funcionários do rival direto do Benfica. Como não houve trabalho jornalístico, o caso dos emails vai para julgamento como aquilo que é, na essência: a divulgação de correspondência privada, a qual, nestes termos, é crime grave numa sociedade democrática, e deve ser severamente punido. Acontece que vão para julgamento dois funcionários do FC Porto, mas também Júlio Magalhães, por dirigir o canal. A declaração principal de Juca, na entrevista referida, é esta: o FC Porto é o proprietário da estação, tem legitimidade para fazer o que entende, o diretor limitava-se a dar espaço na grelha quando era solicitado, não sabia, não conhecia nem tinha forma de conhecer previamente os conteúdos. Problema: não há nenhum mecanismo legal que possibilite a intervenção na grelha do proprietário de um canal sem intervenção do seu diretor. Só assim se defende o princípio basilar da liberdade, acima de interesses económicos, religiosos, políticos ou, vê-se agora, clubísticos. Juca deveria ter impedido ou enquadrado as emissões – caso não pudesse, teria de sair, até porque as emissões em julgamento prolongaram-se por várias semanas. Esta via de defesa é, por isso mesmo, insustentável para Juca. Os seus interesses neste processo são divergentes dos interesses do FC Porto, mesmo com graus diferenciados de responsabilidade, como provavelmente é o caso. A sua defesa deve autonomizar-se rapidamente. Por este caminho, está a incriminar-se sem necessidade. Juca tem uma carreira digna, plena de momentos em que mostrou acima de tudo ser um conciliador, em prol dos espectadores. Essa característica, neste caso, tê-lo-á prejudicado. Porém, entre ser uma personalidade conciliatória e haver implicações criminais para Júlio Magalhães vai um enorme passo que precisa de ser provado em tribunal. Fica o meu testemunho abonatório.
Como não houve trabalho jornalístico, o caso dos emails vai para julgamento como aquilo que é, na essência: a divulgação de correspondência privada, a qual, nestes termos, é crime grave numa sociedade democrática, e deve ser severamente punido. Acontece que vão para julgamento dois funcionários do FC Porto, mas também Júlio Magalhães, por dirigir o canal. A declaração principal de Juca, na entrevista referida, é esta: o FC Porto é o proprietário da estação, tem legitimidade para fazer o que entende, o diretor limitava-se a dar espaço na grelha quando era solicitado, não sabia, não conhecia nem tinha forma de conhecer previamente os conteúdos. Problema: não há nenhum mecanismo legal que possibilite a intervenção na grelha do proprietário de um canal sem intervenção do seu diretor.
PROGRAMAÇÃO - SEIS JOGOS NA TVI EM JULHO
A explicação de que falta dinheiro, fruto dos exageros de gastos por parte de Cristina Ferreira, tem algum cabimento como causa para o balanço desastroso da TVI neste verão. Porém, logo a seguir, a estação compra seis jogos de futebol para julho. Afinal, a ideia é poupar, reorganizar e atacar em setembro, ou a quebra acentuada de audiências é mera incapacidade de responder à SIC? Ainda por cima sem grande sentido – com estes seis jogos, a TVI não vai recuperar, até pode cair em julho. Talvez a entrada do novo CEO – Pedro Morais Leitão – ponha ordem neste desnorte.
PROGRAMAÇÃO - 'WORLD BIKE'
A RTP preencheu parte da grelha de domingo com um direto de um passeio de bicicleta. Parece mentira, mas é verdade. A operação técnica era complexa, pelo que falhou o som, não houve genéricos, o grafismo não entrou, entre outras falhas. O caos tecnológico da empresa agrava-se, ou pelo menos é cada vez mais exposto no ar, talvez para forçar a necessidade de mais financiamento. Mas a inenarrável ideia de transmitir um passeio de bicicleta no serviço público de televisão seguramente que não surge por falta de orçamento. É mesmo falta de noção.
SOBE - LUÍS MONTENEGRO
Com experiência televisiva, fruto do programa com Ana Catarina Mendes na extinta TVI24, o novo líder do PSD altera os dados da comunicação política. O melhor comunicador televisivo no ativo da política portuguesa passa a estar à frente da oposição.
MANTÉM - PEDRO NUNO SANTOS
A conferência de imprensa onde explicou o "erro de comunicação" em redor dos novos aeroportos de Lisboa entra para a história da televisão, ao lado da galeria da demissão "irrevogável" de Paulo Portas.
DESCE - NICOLAU SANTOS
Nicolau Santos insiste que a RTP precisa de mais dinheiro. Em vez de propor a reorganização da empresa, de forma a racionalizar custos, limita-se a cortar orçamento das direções. Assim vai ser difícil colocar o serviço público nos eixos.