
Uma coisa é a SIC preparar-se para liderar outra vez. Isso é o mais certo. Muito provavelmente a SIC fará 51 meses consecutivos a ganhar, e por aí fora ao longo do ano. A forma como a TVI está organizada demonstra a todo o momento, no ar, que está desenhada para perder. Mas essa liderança da SIC não é novidade, e quando houver uma probabilidade relevante de isso mudar, o leitor será atempadamente avisado, aqui, nesta coluna, porque o nosso compromisso é descodificar e explicar todos os fenómenos relevantes do mercado televisivo. Hoje o que nos traz ao tema é outro detalhe. No momento em que escrevo, ao fim de um terço do mês de abril, o líder leva um No mesmo período, a TVI perdeu mais 17 mil pessoas (caiu de 320 para 303 mil espectadores diários), e a RTP1 outros 18 mil: tinha 249 mil, agora tem 231 mil espectadores, em média diária. No total, em pouco mais de 3 meses, os 3 canais de sinal aberto perderam 57 mil pessoas por dia, isto depois de vários anos seguidos em queda. Ninguém sabe qual o consumo de televisão no futuro. Uma coisa, porém, estamos a aprender diariamente. A liderança televisiva atinge-se com audiências cada vez mais baixas, porque os espectadores têm cada vez mais canais, e desgostam cada vez mais da oferta das televisões generalistas.
No balanço destes primeiros dias de abril, há uma nota a assinalar. Não tardará muito até que, pela primeira vez na história da medição de audiências, a liderança seja atingida por um canal a marcar um share médio abaixo da barreira psicológica dos 15%.
INFORMAÇÃO - RETRATO DO PAÍS
A comissão de inquérito da TAP tem uma dificuldade televisiva: são interrogatórios muito longos, pelo menos um deles teve tradução simultânea (o da CEO da companhia), o que dificulta a perceção e a fluidez do discurso, e as sessões surgiram em pleno período de férias da Páscoa, pelo que só uma ínfima parte da população terá conhecimento do que ali se passou. Porém, o conjunto de relatos constitui um devastador traço sociológico do poder em Portugal. Um dia, o caso TAP dará uma ótima série de ficção, daquelas que são baseadas na realidade.
PROGRAMAÇÃO - DANIELA RUAH
O concurso da SIC é sólido, mas não vai deslumbrar. Ganha ao impensável 'O Triângulo', mas não vai resistir ao 'Big Brother'. Porém, 'Os Traidores' têm uma novidade muito relevante. Colocar uma boa atriz a apresentar um programa tem a enorme vantagem de levar cada gesto ao máximo de intencionalidade e ao pico da capacidade de insinuar comunicação. Todas as cenas saem enriquecidas com Daniela Ruah, como se viu, por exemplo, na emocionante sessão de escolha do traidor por um simples toque no ombro. A apresentadora Ruah é um dos acontecimentos televisivos do ano.
SOBE - MARIA BOTELHO MONIZ
Com ela, o formato das manhãs da TVI tem alcançado resultados muito positivos. O seu sucesso e todo o élan mediático ao seu redor afasta, muito provavelmente, Cristina Ferreira de qualquer hipótese de regressar ao horário.
SOBE - JOSÉ RODRIGUES DOS SANTOS
Qual foi o programa da RTP preferido na faixa etária dos 4 aos 14 anos na semana passada? Se disse 'The Voice Kids', enganou-se. No canal 1, as crianças portuguesas preferem o 'Telejornal'. O estilo simples e explicativo do pivô talvez explique.
A DESCER - DIOGO MORGADO
A exibição da série em que Diogo faz de Jesus começa a ser uma tradição de Páscoa da televisão portuguesa. Pode resultar para a SIC, mas é um enorme handicap na carreira do ator.