A presença de políticos e de celebridades na praia é um clássico de verão. O conceito ocidental de descanso nas férias serve para que algumas categorias de personalidades exibam o seu lazer e transmitam, em subtexto, a mensagem de que são muito ativos e trabalhadores no resto do ano. As fotos tiradas por 'paparazzi', sejam, ou não, combinadas, ou as imagens publicadas nas próprias redes sociais, funcionam como elemento fundamental deste tipo de comunicação. Imagens sempre furtivas, como que roubando por instantes a tranquilidade dos guerreiros em descanso. No verão deste ano houve, porém, uma novidade relevante neste tipo de dispositivo comunicacional. Com o Parlamento de férias e os partidos a meio-gás, a estadia do Presidente durante parte do mês de agosto fez da praia de Monte Gordo o principal palco político da nação, com declarações televisivas praticamente todos os dias. No fundo, aprofundou-se a lógica das festas de 'rentrée' do verão, só que este ano com uma cadência estranhamente diária e unipessoal. Com o chefe do Estado no Algarve, tudo se passou como se a capital do País tivesse sido temporariamente mudada para fora de Lisboa. Marcelo é o político ideal para este tipo de banhos de multidão, porque, em vez de se furtar ao contacto, mergulha na onda através das 'selfies', dos cumprimentos e de dois dedos de conversa permanentes. Desta forma conseguiu voltar ao centro do palco. Todo o País ficou a saber, dia a dia, que vinha aí novo confronto com o Governo, desta vez por causa da habitação.
No verão deste ano houve, porém, uma novidade relevante neste tipo de dispositivo comunicacional. Com o Parlamento de férias e os partidos a meio-gás, a estadia do Presidente durante parte do mês de agosto fez da praia de Monte Gordo o principal palco político da nação, com declarações televisivas praticamente todos os dias. No fundo, aprofundou-se a lógica das festas de 'rentrée' do verão, só que este ano com uma cadência estranhamente diária e unipessoal.
PROGRAMAÇÃO - SIC E TVI ABAIXO DOS 25%
Domingo passado, os três canais generalistas em conjunto fizeram 34,8% de 'share'. SIC e TVI ficaram abaixo dos 25%, em conjunto. A liderança da SIC foi atingida com apenas 12,9%. O regresso do futebol acentuou ainda mais o efeito de fuga dos espectadores dos canais tradicionais. Veremos se setembro altera um pouco o padrão, com as grandes apostas de SIC e TVI, ou se este nível de audiência veio para ficar.
INFORMAÇÃO - A CRISE DOS TELEJORNAIS
Outra dimensão relevante do recuo dos canais generalistas é o desgaste dos diversos telejornais. A televisão é ainda o principal veículo de informação dos portugueses. Porém, é raro o jornal televisivo que atinge o milhão de espectadores. A diversificação de fontes de informação (com as redes sociais e o regresso dos jornais em papel a algumas gerações) e a falta de capacidade do jornalismo televisivo em reinventar-se, mimetizando opções entre canais naquilo a que costumo chamar o efeito-manada, está na origem desta crise.
SOBE - LUÍS MONTENEGRO
Não é um orador brilhante, mas passa bem em televisão a comunicar com as massas. No Pontal esteve bem, mas o partido deixou que os seus diretos fossem tapados pelo futebol. A corrigir.
SOBE - CLÁUDIO RAMOS
Revelou-se um ótimo animador das manhãs, culto e empático. O controlo do horário pela TVI deve-lhe muito. Se se juntar a Cristina Ferreira, não deve sujeitar-se a um papel secundário.
MANTÉM - CRISTINA FERREIRA
Mais uma vez, uma emissão especial na TVI mostra que é nas manhãs que atinge o seu público na máxima força. Talvez lhe custe, mas o regresso ao horário, exigido pela empresa, vai ser um acontecimento relevante que pode virar o jogo.
