
Não fosse o acento circunflexo na última letra e Pepê teria o mesmo nome do supercampeão Pepe. Teve um gesto que não pode passar sem elogio. Um lance como este é tão raro, que se transformou em notícia global e merece uma reflexão nesta página. Pepê corria em duelo para a baliza, no jogo contra o Estoril, quando o seu adversário é captado em sofrimento pelas câmaras de televisão. Acaba por cair.
Pepê desistiu do lance, e não se aproveitou do azar do oponente, Pedro Amaral. Em vez de marcar, o que seria mais fácil, porque tinha ficado sozinho muito perto da baliza, o jogador portista parou e obrigou o árbitro a interromper o jogo. Num só lance ficou desenhada uma metáfora perfeita do novo FC Porto que Villas Boas quer construir.
Leal e competitivo, mas digno e honesto. Todos os que possam sentir alguma nostalgia do Porto guerreiro, que vivia no limiar das regras para forçar as vitórias, devem ser racionais. Este clube vai continuar a ser ultra-competitivo, e com esta estratégia nova vai consolidar um posicionamento diferenciado. O posicionamento de quem sabe que a ética desportiva está acima de tudo. Palmas para o novo FC Porto.
Informação
Morrer sem sentido
A multiplicação de mortes que podem ser associadas aos atrasos do INEM espalhou o drama por todo o continente. A informação da RTP foi, desta vez, entre as televisões generalistas, a mais ágil, com reportagens prontas, em todo o país, sobre os vários casos que entalaram o governo. Um caso positivo de escrutínio do poder na televisão do Estado.
Programação
Secret Story
Está em alta: ocupa uma parte do horário do frágil jornal de horário nobre com um diário do reality show, e assim garante a liderança do canal. Para o programador, Moniz, é sempre a somar: reduz o tempo do ‘Jornal Nacional’, mantém Cristina Ferreira todos os dias no ar e garante um lançamento mais forte do horário nobre do que aquele que seria garantido pela informação. Foi a melhor e mais bem conseguida decisão deste ultima trimestre nas televisões generalistas portuguesas.
Audiências
A Subir
Alfredo Leite
Está no topo dos jornalistas de guerra portugueses. O pouco tempo que esteve em Moçambique, antes de ser expulso de forma ignóbil, chegou para mostrar aos portugueses a gravidade do que ali se passa atualmente.
A Subir
Ricardo Araújo Pereira
É justo destacar que volta a haver sinal de trabalho nos programas semanais, algo que vinha escasseando. E com o trabalho regressa sempre a melhor inspiração.
A Descer
Cristina Vaz Tomé
Trocou a palavra amnésia por anemia, ao referir-se a uma alegada falta de memória dos jornalistas, e dá um péssimo exemplo sobre a necessária exigência com a língua portuguesa.