
É claro que uma conversa entre Maria João Avillez e Luís Montenegro seria sempre muito interessante. Habituámo-nos a ver Avillez a dialogar de forma inteligente com políticos poderosos e a fazer perguntas que mais ninguém faria. Feito o elogio, é importante fazer também o reparo: se já não é jornalista, Maria João Avillez não devia entrevistar, devia conversar. A entrevista é um género jornalístico por excelência.
Aliás, é por isso que Montenegro, a certa altura da interação, anota que Avillez faz as perguntas e dá as respostas. A razão porque isso acontece é simples: eles estão numa conversa, e não numa entrevista. É por isso, por exemplo, que, quando António Costa grava um programa com Marcelo, ou Durão Barroso, ou Centeno, no canal NOW, está a gravar "conversas de excelência". Como Costa não é jornalista, jamais poderia fazer "entrevistas de excelência".
Isso não retira interesse ao conteúdo, naturalmente. Só não pode é ser apresentado como uma coisa que não é. E não se trata, como demagogicamente se quis confundir, de um caso de algum jornalista que, apesar de trabalhar numa redação e como tal ter direito à carteira profissional, por alguma razão mais ou menos censurável não a renovou. Neste caso, trata-se de alguém que já não trabalha como jornalista.
Não vem mal nenhum ao mundo, mas o que juntou centenas de milhares de portugueses frente à SIC naquela noite foi uma belíssima conversa, como só Avillez sabe fazer, cheia de conteúdo, e de onde saíram muitas notícias. Mas não foi uma entrevista.
Informação
A regra do auricular
Um auricular serve para o jornalista saber que está no ar ou para receber sugestões de conteúdo de quem está na régie, normalmente um jornalista mais experiente e também mais recuado, com outra disponibilidade para ponderar todas as informações. Sim, porque o jornalismo é um trabalho de equipa, e editar é uma obrigação de quem está a liderar o processo informativo. Sem auricular o jornalismo seria mais fraco.
Programação
Capitulou
Li com interesse uma conversa de Cristina Ferreira com Maria Botelho Moniz. Esta última chorou quando soube que ia sair das manhãs definitivamente, Cristina disse que também lhe tinha custado a decisão da empresa, ou seja, de Moniz. O relevante desta conversa para a indústria é a capitulação de Cristina Ferreira, que já se declara publicamente conformada com decisões que assume não serem suas.
Audiências
A Subir
Abreu Amorim
É responsável por um plano de ação nos media digno de elogio. Mantenha o Governo a coragem política.
A Subir
Roberto Martínez
Mais um jogo, mais uma vitória. A naturalidade com que sabemos que a Seleção vai ganhar é mérito deste selecionador.
Neutro
Miranda Sarmento
Na apresentação do orçamento, limitou o número de perguntas, certamente por insegurança. Assim nunca ficará confortável.